Expedição Soja Brasil: BR 163
*GLAUBER SILVEIRA
Em Nova Mutum a situação das lavouras não estava muito diferente das demais que visitamos. Alguns produtores terminando de plantar a soja e outros mal começando, e esta realidade se repetiu em Lucas do Rio Verde e Tapurah. Também tivemos relatos de produtores, que farão o replantio da soja, já preocupados com os riscos do encurtamento da janela de plantio e seus impactos na segunda safra de milho.
Por esse motivo mesmo ouvi muito dos produtores que haverá redução na área de milho, mas não acredito nisso, afinal o produtor já está com os insumos para o plantio na fazenda ou, no mínimo, já os comprou. Por isso, o mais lógico é que haja empolgação e eles plantem mesmo que mais tarde, pois as experiências dos últimos anos nos mostra isso.
E percorrendo essas regiões produtoras, às margens da BR 163, o que mais me chama a atenção é a diversificação dos produtores. Poucos são aqueles que se dedicam exclusivamente ao plantio da soja. Hoje os produtores partem para a pecuária, seja a avicultura, bovinocultura ou suinocultura, o que é muito bom, pois cria uma diversidade de receita e evita que todos os ovos estejam na mesma cesta, ou seja, é uma boa estratégia para diminuir o risco do produtor.
Apesar do bom exemplo de empreendedorismo por parte dos produtores, da parte do governo não vemos o mesmo afinco para garantir a continuidade do crescimento econômico e garantia de renda no campo. Em todo lugar que chegávamos a pergunta sempre era uma só: quando terminam as obras da BR 163? Confesso que fiquei até constrangido em não saber o que responder, afinal já era para estar concluída, segundo as promessas governamentais em 2012.
Na verdade, qualquer um que percorra esta rodovia, ao longo de uma região tão pujante, fica incomodado e não consegue entender como uma região tão rica em produção é tão mal assistida de logística e infraestrutura.
Segundo estimativas recentes, as más condições de nossas estradas ou a falta delas consomem 23% de toda a receita bruta de setores estratégicos das cadeias produtivas brasileiras. As cadeias do agronegócio – que depende tanto de insumos importados e que garantem saldos positivos na balança comercial com suas exportações -, certamente devem ter prejuízos superiores. E nem estamos falando na perda de arrecadação – que o próprio governo deixa de ter pela sua ineficiência de gestão e garantia de cumprimento de prazos estabelecido em projetos e contratos de infraestrutura.
Concluímos a primeira semana da expedição do Projeto Soja Brasil felizes com o resultado. Alcançamos nosso objetivo de mostramos às condições das lavouras mato-grossenses que percorremos, os questionamentos dos produtores, seus anseios, sua realidade. Mas, acima de tudo, interagimos e contamos muitas histórias destes importantes personagens que fazem do Brasil uma grande nação.
*GLAUBER SILVEIRA é engenheiro agrônomo, produtor rural, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), idealizador do Projeto Soja Brasil. E-mail: glauber@aprosoja.com.br Twitter: @GlauberAprosoja