Esta pequena cidade no norte de Mato Grosso seria mais uma cidade produtora de soja não fosse a história de luta que teve início em cinco de abril de 2006. Quem imaginaria que os sete assentamentos com módulos de 90 hectares, formados por pessoas oriundas do Sul do Brasil, iniciariam o maior movimento rural da história recente da agricultura brasileira, o “Grito do Ipiranga”.
Muitas pessoas achavam que o nome era devido ao Grito do Ipiranga feito pela independência do Brasil. Mas longe disso. O movimento levou esse nome em homenagem à cidade de Ipiranga do Norte, onde os pequenos produtores sufocados pela crise das safras de 2004/2005 e 2005/2006 levantaram um movimento que se alastrou no Brasil, trancando as rodovias, impedindo o escoamento da soja em protesto ao endividamento dos produtores e a falta de assistência e apoio do governo.
Hoje esta cidade, expoente do agronegócio, planta 220 mil hectares de soja dos quais 34 mil são plantados por assentados em propriedades com tamanho médio de 400 hectares. Porém, também existem muitos produtores plantando de 120 a 200 hectares. Mas, independente dos números, o que chama a atenção e nos impressiona é a felicidade dos produtores com a atual realidade da agricultura.
Muitos produtores chegaram ali em 1981, quando teve inicio o processo de assentamento nos lotes. Foi uma vida de luta, mas o sacrifício como de costume trouxe frutos excelentes e hoje esses produtores são felizes, pois a maioria possui o título de sua terra o que, sem dúvida, mudou a vida destas pessoas.
Alguns deles, já estão idosos, dizem que não plantam mais, vivem de aposentadoria e do arrendamento do seu lote de terra. Mas temos exemplos como o senhor Antônio Possato que, com seus 72 anos e um lote de 90 hectares, planta 74 de soja e arrenda parte para outro assentado o que lhe dá uma renda complementar na aposentadoria de R$ 3.500 por mês. Ele se diz muito feliz e se sente uma pessoa rica, pois esta podendo envelhecer com dignidade, isto tudo graças à soja, diz.
O grande diferencial do assentamento de Ipiranga do Norte frente aos outros 570 de Mato Grosso, é que lá eles partiram para uma atividade em conjunto o que permitiu o chamado ganho de escala, onde as pessoas se uniram e cresceram juntas, diferente da maioria dos assentamentos do INCRA que jogam as pessoas no campo e eles passam a uma situação de miséria, sem atividades econômicas que garantam condições dignas de sua permanência na terra.
Em Ipiranga do Norte pude constatar que uma pessoa com 200 hectares de soja e, sem medo de arregaçar as mangas e trabalhar de pra valer, vive muito bem e feliz. A maioria nem possui empregados, a área é tocada pela família e pronto, e a maior ambição daquelas pessoas é a felicidade, é algo contagiante.
Os produtores, apesar de serem assentados e serem pequenos, dão um exemplo de tecnologia. Muitos são os produtores que tem rendimentos de 60 sacas de soja por hectare, acima da média de Mato Grosso. Como eles dizem: a agricultura é familiar, mas totalmente profissional.
Um dos fatores de sucesso em Ipiranga do Norte se comparado à maioria absoluta de fracassos nos assentamentos do Brasil, é que ali foram assentadas pessoas com vocação para a agricultura. Prova que não basta fazer reforma agrária, mas é preciso conhecer a vocação da terra e dos assentados.
Os que para ali foram eram filhos de produtores no Sul, ou já trabalhavam nas roças gaúchas. Outro fator de sucesso foi a união deles na busca por resultados, tanto que foram eles que começaram o maior movimento reivindicatório do Brasil.
Ipiranga do Norte é um case de sucesso que nossos governantes deveriam estudar para evitar manter uma indústria de produção em escala de centenas de favelas, nos milhares de assentamentos deste país. Um caso de sucesso para ser replicado e usado para corrigir os erros cometidos pelo MDA.
*GLAUBER SILVEIRA é produtor rural, engenheiro agrônomo, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), idealizador do Projeto Soja Brasil E-mail: Glauber@aprosoja.com.br Twitter: @GlauberAprosoja
Muitas pessoas achavam que o nome era devido ao Grito do Ipiranga feito pela independência do Brasil. Mas longe disso. O movimento levou esse nome em homenagem à cidade de Ipiranga do Norte, onde os pequenos produtores sufocados pela crise das safras de 2004/2005 e 2005/2006 levantaram um movimento que se alastrou no Brasil, trancando as rodovias, impedindo o escoamento da soja em protesto ao endividamento dos produtores e a falta de assistência e apoio do governo.
Hoje esta cidade, expoente do agronegócio, planta 220 mil hectares de soja dos quais 34 mil são plantados por assentados em propriedades com tamanho médio de 400 hectares. Porém, também existem muitos produtores plantando de 120 a 200 hectares. Mas, independente dos números, o que chama a atenção e nos impressiona é a felicidade dos produtores com a atual realidade da agricultura.
Muitos produtores chegaram ali em 1981, quando teve inicio o processo de assentamento nos lotes. Foi uma vida de luta, mas o sacrifício como de costume trouxe frutos excelentes e hoje esses produtores são felizes, pois a maioria possui o título de sua terra o que, sem dúvida, mudou a vida destas pessoas.
Alguns deles, já estão idosos, dizem que não plantam mais, vivem de aposentadoria e do arrendamento do seu lote de terra. Mas temos exemplos como o senhor Antônio Possato que, com seus 72 anos e um lote de 90 hectares, planta 74 de soja e arrenda parte para outro assentado o que lhe dá uma renda complementar na aposentadoria de R$ 3.500 por mês. Ele se diz muito feliz e se sente uma pessoa rica, pois esta podendo envelhecer com dignidade, isto tudo graças à soja, diz.
O grande diferencial do assentamento de Ipiranga do Norte frente aos outros 570 de Mato Grosso, é que lá eles partiram para uma atividade em conjunto o que permitiu o chamado ganho de escala, onde as pessoas se uniram e cresceram juntas, diferente da maioria dos assentamentos do INCRA que jogam as pessoas no campo e eles passam a uma situação de miséria, sem atividades econômicas que garantam condições dignas de sua permanência na terra.
Em Ipiranga do Norte pude constatar que uma pessoa com 200 hectares de soja e, sem medo de arregaçar as mangas e trabalhar de pra valer, vive muito bem e feliz. A maioria nem possui empregados, a área é tocada pela família e pronto, e a maior ambição daquelas pessoas é a felicidade, é algo contagiante.
Os produtores, apesar de serem assentados e serem pequenos, dão um exemplo de tecnologia. Muitos são os produtores que tem rendimentos de 60 sacas de soja por hectare, acima da média de Mato Grosso. Como eles dizem: a agricultura é familiar, mas totalmente profissional.
Um dos fatores de sucesso em Ipiranga do Norte se comparado à maioria absoluta de fracassos nos assentamentos do Brasil, é que ali foram assentadas pessoas com vocação para a agricultura. Prova que não basta fazer reforma agrária, mas é preciso conhecer a vocação da terra e dos assentados.
Os que para ali foram eram filhos de produtores no Sul, ou já trabalhavam nas roças gaúchas. Outro fator de sucesso foi a união deles na busca por resultados, tanto que foram eles que começaram o maior movimento reivindicatório do Brasil.
Ipiranga do Norte é um case de sucesso que nossos governantes deveriam estudar para evitar manter uma indústria de produção em escala de centenas de favelas, nos milhares de assentamentos deste país. Um caso de sucesso para ser replicado e usado para corrigir os erros cometidos pelo MDA.
*GLAUBER SILVEIRA é produtor rural, engenheiro agrônomo, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), idealizador do Projeto Soja Brasil E-mail: Glauber@aprosoja.com.br Twitter: @GlauberAprosoja