O Brasil é um país que oferece excelentes condições naturais para o desenvolvimento da agricultura. Com uma vasta quantidade de solos férteis e água disponível, aliados a um clima favorável em quase todo o seu território, o crescimento e a intensificação da produção agrícola no Brasil nos gerou grandes oportunidades, e sua manutenção nos remete a importantes desafios. Mais do que garantir seu crescimento, é importante a definição de estratégias para a sustentabilidade de nossa produção, contribuindo com sua qualidade, custos controlados e o respeito ao meio ambiente.
O principal ponto de preocupação dos produtores de grãos nesta safra é em relação à rentabilidade da atividade, frente aos baixos preços atuais e os crescentes custos de produção. Além dos problemas estruturais enfrentados por nossos produtores “fora da porteira”, com infraestrutura e legislação deficitárias no país e que oneram nossa produção, as dificuldades dentro das propriedades na condução das lavouras têm se agravado nos últimos anos. O aparecimento de novas moléstias e a perda de eficiência no combate de nossos tradicionais problemas fitossanitários, têm ampliado as perdas nos cultivos e os investimentos em defensivos agrícolas.
Um dos grandes exemplos de doença que ainda tem gerado fortes perdas de produção e elevados custos é ferrugem asiática da soja, apesar de já ser conhecida dos produtores em todo país. Com um alto grau de severidade e potencial elevado de danos, a ferrugem foi devastadora em suas primeiras infestações no país, o que exigiu uma rápida resposta da pesquisa científica, com a disponibilização de agroquímicos eficientes no combate à doença e práticas de manejo que mitigassem os seus riscos.
Após passarmos por um período de convivência “branda” com este problema, hoje com a baixa velocidade de liberação de novas moléculas de controle e a queda na eficiência dos principais produtos no mercado, a ferrugem volta a ser uma das principais preocupações dos produtores rurais. Em Goiás, a última safra de soja teve um dos piores desempenhos em produtividade nos últimos anos, tendo como grande vilã junto aos períodos de estiagem, o aparecimento precoce de ferrugem em sua principal região produtora, o que levou o estado a rever suas normativas fitossanitárias.
De forma racional e propositiva, a Aprosoja Goiás juntamente com a Comissão de Grãos da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, mobilizou o setor produtivo propondo alterações na Instrução Normativa estadual que define o vazio sanitário da soja, definida pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária, a Agrodefesa. Nos encontros realizados para tratar deste tema participaram também os representantes das empresas de sementes, empresas de pesquisa e melhoramento genético e demais elos do poder público, sendo que após intensos debates foi apresentado o documento final de propostas.
Estas propostas visam a ampliação do manejo durante todo o ano, focando nas medidas que reduzam o número de inóculos da doença dentro das regiões produtoras do estado. A definição de um calendário pré-definido para o plantio de soja em Goiás, de 01 de outubro à 31 de dezembro de cada ano, foi a primeira proposta aprovada, visando finalizar a prática de plantio de soja em sucessão no período de safrinha, medida que se ampliou na última safra e pode trazer resultados muito negativos às lavouras futuras. Desta forma, evita-se a ampliação da “ponte verde” de soja durante maior parte do ano e o uso intensivo de defensivos químicos, que se amplia muito nestas lavouras na safrinha e aceleram a perda de eficiência dos fungicidas.
Também no sentido de diminuição da presença de plantas de soja hospedeiras da doença fora do período ideal de cultivo, foram debatidos os artigos que definem o manejo de plantas “tigueras”, mantendo a obrigatoriedade de eliminação 30 dias após a germinação e solicitando o aumento do rigor nas penalidades aplicadas aos não cumpridores da medida. Atentando também para o aparecimento de plantas voluntárias em beiras de estradas e áreas públicas, onde o controle se torna inviável, foi definida também a aplicação de multas aos responsáveis pelo transporte de grãos que apresentem derramamento de carga, medida que deve reduzir a ocorrência destas plantas.
Para o avanço do melhoramento genético, as empresas ligadas a esta atividade recebem autorização específica para o cultivo dentro dos períodos de vazio sanitário. Este constante avanço de cultivares no campo tem contribuído de forma significativa na maior velocidade de criação de novas variedades com as características buscadas pelos produtores, como precocidade e produtividade, mas esta prática tem prejudicado os fundamentos do vazio, de restringir a presença de plantas hospedeiras no período. Foram observados prejuízos severos nas áreas adjacentes a estes cultivos na última safra, o que contribuiu para a disseminação de inóculos iniciais e a ocorrência precoce da doença dentro da principal região produtiva do estado. Por este motivo, visando ampliar a função do vazio sem prejudicar a pesquisa, foi também proposta a definição de áreas específicas para o desenvolvimento destas pesquisas, em projetos de irrigação por inundação existentes no Norte de Goiás.
É importante salientar que estas e todas as demais propostas apresentadas foram frutos de um amplo debate, que mais do que alinhar as intenções de todo o setor imbuído no combate aos problemas que enfrenta, coloca “às claras” as responsabilidades de cada elo. Estas ações sinalizam a maturidade do setor produtivo ao agir com seriedade, atuando junto aos órgãos fiscalizadores no sentido de educar e proteger a nossa produção, utilizando o caráter punitivo com rigor, mas em última instância no intuito de defender os que realizam as boas práticas.
Estas ações conjuntas, além de fundamentais na definição de políticas assertivas e viáveis, reafirmam a necessidade de pensarmos na organização de nosso setor, através das entidades representativas. Unindo todos os agentes de forma coerente, abrem-se as portas para o desenvolvimento de um debate técnico e com efeitos práticos, ampliando a possibilidade de construirmos uma produção cada vez mais eficiente e sustentável.
Bartolomeu Braz Pereira – Presidente da Aprosoja GO
O principal ponto de preocupação dos produtores de grãos nesta safra é em relação à rentabilidade da atividade, frente aos baixos preços atuais e os crescentes custos de produção. Além dos problemas estruturais enfrentados por nossos produtores “fora da porteira”, com infraestrutura e legislação deficitárias no país e que oneram nossa produção, as dificuldades dentro das propriedades na condução das lavouras têm se agravado nos últimos anos. O aparecimento de novas moléstias e a perda de eficiência no combate de nossos tradicionais problemas fitossanitários, têm ampliado as perdas nos cultivos e os investimentos em defensivos agrícolas.
Um dos grandes exemplos de doença que ainda tem gerado fortes perdas de produção e elevados custos é ferrugem asiática da soja, apesar de já ser conhecida dos produtores em todo país. Com um alto grau de severidade e potencial elevado de danos, a ferrugem foi devastadora em suas primeiras infestações no país, o que exigiu uma rápida resposta da pesquisa científica, com a disponibilização de agroquímicos eficientes no combate à doença e práticas de manejo que mitigassem os seus riscos.
Após passarmos por um período de convivência “branda” com este problema, hoje com a baixa velocidade de liberação de novas moléculas de controle e a queda na eficiência dos principais produtos no mercado, a ferrugem volta a ser uma das principais preocupações dos produtores rurais. Em Goiás, a última safra de soja teve um dos piores desempenhos em produtividade nos últimos anos, tendo como grande vilã junto aos períodos de estiagem, o aparecimento precoce de ferrugem em sua principal região produtora, o que levou o estado a rever suas normativas fitossanitárias.
De forma racional e propositiva, a Aprosoja Goiás juntamente com a Comissão de Grãos da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, mobilizou o setor produtivo propondo alterações na Instrução Normativa estadual que define o vazio sanitário da soja, definida pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária, a Agrodefesa. Nos encontros realizados para tratar deste tema participaram também os representantes das empresas de sementes, empresas de pesquisa e melhoramento genético e demais elos do poder público, sendo que após intensos debates foi apresentado o documento final de propostas.
Estas propostas visam a ampliação do manejo durante todo o ano, focando nas medidas que reduzam o número de inóculos da doença dentro das regiões produtoras do estado. A definição de um calendário pré-definido para o plantio de soja em Goiás, de 01 de outubro à 31 de dezembro de cada ano, foi a primeira proposta aprovada, visando finalizar a prática de plantio de soja em sucessão no período de safrinha, medida que se ampliou na última safra e pode trazer resultados muito negativos às lavouras futuras. Desta forma, evita-se a ampliação da “ponte verde” de soja durante maior parte do ano e o uso intensivo de defensivos químicos, que se amplia muito nestas lavouras na safrinha e aceleram a perda de eficiência dos fungicidas.
Também no sentido de diminuição da presença de plantas de soja hospedeiras da doença fora do período ideal de cultivo, foram debatidos os artigos que definem o manejo de plantas “tigueras”, mantendo a obrigatoriedade de eliminação 30 dias após a germinação e solicitando o aumento do rigor nas penalidades aplicadas aos não cumpridores da medida. Atentando também para o aparecimento de plantas voluntárias em beiras de estradas e áreas públicas, onde o controle se torna inviável, foi definida também a aplicação de multas aos responsáveis pelo transporte de grãos que apresentem derramamento de carga, medida que deve reduzir a ocorrência destas plantas.
Para o avanço do melhoramento genético, as empresas ligadas a esta atividade recebem autorização específica para o cultivo dentro dos períodos de vazio sanitário. Este constante avanço de cultivares no campo tem contribuído de forma significativa na maior velocidade de criação de novas variedades com as características buscadas pelos produtores, como precocidade e produtividade, mas esta prática tem prejudicado os fundamentos do vazio, de restringir a presença de plantas hospedeiras no período. Foram observados prejuízos severos nas áreas adjacentes a estes cultivos na última safra, o que contribuiu para a disseminação de inóculos iniciais e a ocorrência precoce da doença dentro da principal região produtiva do estado. Por este motivo, visando ampliar a função do vazio sem prejudicar a pesquisa, foi também proposta a definição de áreas específicas para o desenvolvimento destas pesquisas, em projetos de irrigação por inundação existentes no Norte de Goiás.
É importante salientar que estas e todas as demais propostas apresentadas foram frutos de um amplo debate, que mais do que alinhar as intenções de todo o setor imbuído no combate aos problemas que enfrenta, coloca “às claras” as responsabilidades de cada elo. Estas ações sinalizam a maturidade do setor produtivo ao agir com seriedade, atuando junto aos órgãos fiscalizadores no sentido de educar e proteger a nossa produção, utilizando o caráter punitivo com rigor, mas em última instância no intuito de defender os que realizam as boas práticas.
Estas ações conjuntas, além de fundamentais na definição de políticas assertivas e viáveis, reafirmam a necessidade de pensarmos na organização de nosso setor, através das entidades representativas. Unindo todos os agentes de forma coerente, abrem-se as portas para o desenvolvimento de um debate técnico e com efeitos práticos, ampliando a possibilidade de construirmos uma produção cada vez mais eficiente e sustentável.
Bartolomeu Braz Pereira – Presidente da Aprosoja GO