Desde a década de oitenta, a agricultura brasileira passou por uma revolução tecnológica avançando em escala exponencial. Quem não se lembra dos primeiros CBTs? Era infinitamente mais difícil preparar a terra e produzir no país. Lembro-me de quando uma colheitadeira custava ao redor de 85 mil reais e hoje custam 800 mil reais. A potência, número de ruas, a precisão e, principalmente, o conforto para os funcionários, a chamada ergonomia, melhorou de forma exorbitante.
Mas sabemos que tudo isso tem um preço. A indústria de máquinas precisou investir muito em tecnologia para que tudo isso fosse possível. E assim foi com os agroquímicos, agrotóxicos e fertilizantes minerais, inoculantes, tudo evoluiu muito durante esses trinta anos. Mas talvez a maior revolução tecnológica tenha sido a que ocorreu com as tecnologias contidas nas sementes.
Após um longo período de buscas de melhoramento de cultivares de soja, milho e algodão as realidades edafoclimáticas de diferentes Regiões do Brasil, foi feito um trabalho para inserir, através da biotecnologia, o evento de resistência ao glifosato (RR1), o que mudou a forma de cultivo nos campos brasileiros. Em uma fase seguinte, foram inseridos genes de resistência a insetos e no futuro se espera ter também materiais resistentes ao estresse hídrico, tudo para melhorar a utilização de insumos, manter produtividade das lavouras e dar sustentabilidade as culturas grandes agrícolas.
E é inegável o benefício que a biotecnologia trouxe e que ainda trará para os produtores rurais de todo o mundo, sobretudo, para a humanidade. Eu me lembro como as lavouras de soja do Mato Grosso do Sul eram sujas de ervas daninhas e como o advento da soja resistente a herbicida proporcionou uma recuperação de produtividade perdida para o mato. E assim foi em todo o Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos.
Além de resgatar uma parte da produtividade, a transgenia também permitiu uma redução considerável de uso de água, diesel, emissão de gases dos tratores. Isso significou redução de custos e de impactos ao meio ambiente. As estimativas são de que desde a introdução da soja transgênica no Brasil, se tenha deixado de usar 12 bilhões de litro de água, 104 milhões de litros de diesel, enquanto cerca de 5 mil t de ingredientes ativos de outros herbicidas mais tóxicos tenha deixado de ser usual.
E é preciso destacar que para que tudo isso fosse possível, alguém precisou investir e ser remunerado pelo seu investimento. E assim foi, e a consequência foram mais investimentos e novas tecnologias apareceram, outras empresas entraram no mercado de biotecnologia, novos eventos, mais concorrência. Inclusive, uma nova tecnologia de soja com resistência a herbicida e a insetos, exclusiva para o Brasil.
Agora imagine se todo o investimento feito começasse a deixar de ser remunerado. Imagine se a segurança aos investidores for aos poucos desaparecendo. As consequências seriam desastrosas. Aos poucos haveria uma involução. Como se a roda ora redonda aos poucos fosse ficando oval. E nossa competitividade iria sendo drenada para outros que respeitam a propriedade intelectual.
E veja, não quero aqui concordar com mal feitos, cobranças de forma ilegais e abusivas de royalties e nem também acho que a maneira de captura de royalties hoje feita seja a ideal. Pelo contrário, ainda precisamos construir uma forma nova e mais justa. Também precisamos criar estratégias para incentivar a pesquisa nacional de germoplasma, permitir uma remuneração que garanta a sobrevivência destes estudos no Brasil, e que hoje claramente se definha.
Temos observado com apreensão a concentração de empresas do setor de sementes em todo o mundo. E no Brasil isso tem se intensificado nos últimos anos com grandes aquisições. Empresas tradicionais sendo incorporadas a outras maiores, o que deixa o mercado com menos atores e menor competição, reduzindo a proximidade da pesquisa com o produtor e aproximando da necessidade das empresas.
Mas também não podemos aceitar que acordos sejam desfeitos, nem que violações ao direito de propriedade prejudiquem a imagem do setor e de todos os produtores rurais deste país que zelam pela legalidade e pela conduta moral. Por isso, vamos trabalhar pela manutenção da pesquisa nacional, combatendo a ilegalidade e a pirataria, mas cobrando materiais que atendam a necessidade dos produtores. Seja de soja ou milho, a APROSOJA seguirá defendendo os interesses dos produtores, seguindo como legítima representante de seus interesses.
Almir Dalpasquale – Presidente da Aprosoja-Brasil
Mas sabemos que tudo isso tem um preço. A indústria de máquinas precisou investir muito em tecnologia para que tudo isso fosse possível. E assim foi com os agroquímicos, agrotóxicos e fertilizantes minerais, inoculantes, tudo evoluiu muito durante esses trinta anos. Mas talvez a maior revolução tecnológica tenha sido a que ocorreu com as tecnologias contidas nas sementes.
Após um longo período de buscas de melhoramento de cultivares de soja, milho e algodão as realidades edafoclimáticas de diferentes Regiões do Brasil, foi feito um trabalho para inserir, através da biotecnologia, o evento de resistência ao glifosato (RR1), o que mudou a forma de cultivo nos campos brasileiros. Em uma fase seguinte, foram inseridos genes de resistência a insetos e no futuro se espera ter também materiais resistentes ao estresse hídrico, tudo para melhorar a utilização de insumos, manter produtividade das lavouras e dar sustentabilidade as culturas grandes agrícolas.
E é inegável o benefício que a biotecnologia trouxe e que ainda trará para os produtores rurais de todo o mundo, sobretudo, para a humanidade. Eu me lembro como as lavouras de soja do Mato Grosso do Sul eram sujas de ervas daninhas e como o advento da soja resistente a herbicida proporcionou uma recuperação de produtividade perdida para o mato. E assim foi em todo o Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos.
Além de resgatar uma parte da produtividade, a transgenia também permitiu uma redução considerável de uso de água, diesel, emissão de gases dos tratores. Isso significou redução de custos e de impactos ao meio ambiente. As estimativas são de que desde a introdução da soja transgênica no Brasil, se tenha deixado de usar 12 bilhões de litro de água, 104 milhões de litros de diesel, enquanto cerca de 5 mil t de ingredientes ativos de outros herbicidas mais tóxicos tenha deixado de ser usual.
E é preciso destacar que para que tudo isso fosse possível, alguém precisou investir e ser remunerado pelo seu investimento. E assim foi, e a consequência foram mais investimentos e novas tecnologias apareceram, outras empresas entraram no mercado de biotecnologia, novos eventos, mais concorrência. Inclusive, uma nova tecnologia de soja com resistência a herbicida e a insetos, exclusiva para o Brasil.
Agora imagine se todo o investimento feito começasse a deixar de ser remunerado. Imagine se a segurança aos investidores for aos poucos desaparecendo. As consequências seriam desastrosas. Aos poucos haveria uma involução. Como se a roda ora redonda aos poucos fosse ficando oval. E nossa competitividade iria sendo drenada para outros que respeitam a propriedade intelectual.
E veja, não quero aqui concordar com mal feitos, cobranças de forma ilegais e abusivas de royalties e nem também acho que a maneira de captura de royalties hoje feita seja a ideal. Pelo contrário, ainda precisamos construir uma forma nova e mais justa. Também precisamos criar estratégias para incentivar a pesquisa nacional de germoplasma, permitir uma remuneração que garanta a sobrevivência destes estudos no Brasil, e que hoje claramente se definha.
Temos observado com apreensão a concentração de empresas do setor de sementes em todo o mundo. E no Brasil isso tem se intensificado nos últimos anos com grandes aquisições. Empresas tradicionais sendo incorporadas a outras maiores, o que deixa o mercado com menos atores e menor competição, reduzindo a proximidade da pesquisa com o produtor e aproximando da necessidade das empresas.
Mas também não podemos aceitar que acordos sejam desfeitos, nem que violações ao direito de propriedade prejudiquem a imagem do setor e de todos os produtores rurais deste país que zelam pela legalidade e pela conduta moral. Por isso, vamos trabalhar pela manutenção da pesquisa nacional, combatendo a ilegalidade e a pirataria, mas cobrando materiais que atendam a necessidade dos produtores. Seja de soja ou milho, a APROSOJA seguirá defendendo os interesses dos produtores, seguindo como legítima representante de seus interesses.
Almir Dalpasquale – Presidente da Aprosoja-Brasil