Muito se fala ultimamente sobre oportunidades para a soja brasileira em decorrência da imposição por parte da China de tarifas sobre a importação de grãos dos Estados Unidos, medida adotada em resposta às taxas anunciadas pelo presidente Donald Trump aos produtos chineses, principalmente aço e alumínio. É preciso, no entanto, ter cautela ao fazer qualquer prognóstico e buscar soluções efetivas para melhorar a rentabilidade do nosso produtor.
Não creio que teremos grandes vantagens com este conflito. Segundo dados do Tesouro dos Estados Unidos, as dívidas norte-americanas com credores internacionais são imensas e o maior credor é a China, que detém cerca de 40% delas. Estamos falando de uma negociação entre grandes potências que envolvem muitos interesses. Nesta briga, a soja é o menor problema.
De acordo com informações do mercado, os chineses têm soja comprada em operações futuras com os EUA que não serão atingidas pelas taxas. A taxação vai ocorrer para novas compras e acordos entre ambos não estão descartados.
Na última safra, o Brasil produziu 114,1 milhões de toneladas, exportou 68,14 milhões de toneladas, sendo 53,79 para a China. Os Estados Unidos colheram 116,92 milhões de toneladas, exportaram 59,15, sendo 36,55 destinados à China. Os chineses vão importar este ano 100 milhões de toneladas de soja e precisarão ser abastecidos pelos EUA. Neste momento, as margens para o aumento das exportações do Brasil para a China não são muito grandes.
Os produtores de soja brasileiros precisam encontrar um caminho para negociar diretamente com os chineses por meio de uma bolsa brasileira, sul-americana ou por meio de contratos. Para aproveitar melhor as oportunidades, precisamos ter um planejamento estratégico e começar a colocá-lo em prática.
Os produtores de soja brasileiros precisam encontrar um caminho para negociar diretamente com os chineses por meio de uma bolsa brasileira, sul-americana ou por meio de contratos. Para aproveitar melhor as oportunidades, precisamos ter um planejamento estratégico e começar a colocá-lo em prática.
É um absurdo este mercado ser regulado pela Bolsa de Chicago. Nosso país é responsável pelo abastecimento de 56% das necessidades de importação da China. Na semana passada, enquanto Chicago fechou com 22 pontos de queda, a Bolsa de Dailan, na China, teve alta de 50 pontos, demonstrando forte demanda por soja e ampliando o prêmio pago aos exportadores.
Esta nova guerra comercial não é um fenômeno passageiro e seus reflexos vão impactar toda a economia global durante décadas. Esta crise interessa aos especuladores, mas não aos produtores de soja.
Marcos da Rosa é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil)
Fonte: Jornal Zero Hora / Caderno Campo e Lavoura
Fonte: Jornal Zero Hora / Caderno Campo e Lavoura