A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma colheita de 86,6 milhões de toneladas de soja na safra 2013/2014, o que representa um crescimento de 6,2% em relação à safra passada, resultado de uma ampliação de 8,3% na área plantada no país, mas uma queda de 1,9% na produtividade do agricultor.
As exportações do grão devem superar 45 milhões de toneladas em 2014. Em 2013, foram 42,8 milhões de toneladas. Apesar do aumento da produção, os preços obtidos em 2014 são inferiores aos do ano anterior. A tonelada da soja recuou de US$ 533,00 para US$ 502,00, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).
O resultado é uma redução na receita das exportações. A associação estima que o complexo soja, formado por grãos, farelos e óleos, deve contabilizar US$ 28,8 bilhões, 7% abaixo dos US$ 30,96 bilhões obtidos em 2013. As projeções para a próxima safra são de preços internacionais menores para o grão.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima crescimento da produção de soja na safra 2014/2015 e consequentemente nos estoques globais, que devem passar de 66,98 milhões para 82,23 milhões de toneladas. A previsão é que a produção dos EUA, que está em fase de plantio, cresça 10,52%, chegando a 98,9 milhões de toneladas.
A próxima safra brasileira, que será semeada a partir de setembro, é avaliada pelos americanos em 91 milhões de toneladas e a produção argentina deve se manter no patamar de 54 milhões de toneladas. Em todo o mundo, a produção de soja deve crescer 5,65%, formando uma safra em 2014/2015 de 299,72 milhões de toneladas.
O preço da soja, que se manteve em maio entre US$ 14,00 e US$ 15,00 por bushel (27,2 kg) na Bolsa de Chicago, pode ser reduzido para algo entre US$ 9,75 e US$ 11,75 por bushel na negociação da próxima safra, estima o USDA. Renato Rasmussen, analista de mercado do Rabobank, diz que a tendência de queda nos preços internacionais não surpreende.
Ele avalia que a cotação em Chicago está artificialmente elevada. É resultado de avaliações equivocadas sobre a safra brasileira de 2013/2014. Primeiro, influenciado por informações do governo brasileiro, estimou-se uma colheita superior a 90 milhões de toneladas. Num segundo momento, com a seca no Brasil, o mercado passou a trabalhar com uma expectativa de quebra de safra, que não ocorreu na proporção esperada. “Na verdade, vamos produzir 5 milhões de toneladas a mais do que na safra anterior”, diz Rasmussen.
A tendência, para o analista, é que o mercado faça uma correção de rota gradual, levando em consideração os fundamentos da produção e não a especulação, como teria prevalecido nos primeiros meses do ano. Com isso, os preços, na análise do Rabobank, deverão chegar a algo entre US$ 12 e US$ 12,25 por bushel nos próximos meses. Rasmussen não crê que a cotação da soja possa atingir o piso estimado pelo USDA, de US$ 9,75 por bushel, na próxima safra, mas não descarta uma cotação na casa dos US$ 11,00 por bushel, caso a previsão de produção e estoques globais se confirmem.
Almir Dalpasquale, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), aposta numa expansão da área plantada de 3% a 5% na próxima safra. “A rentabilidade é boa e o produtor está capitalizado. A tendência é de expansão da produção”, diz. Segundo Dalpasquale, o produtor do Mato Grosso do Sul, em média, tem custo de US$ 17,00 a US$ 18,00 por saca (60 kg) e tem conseguido vender, nos portos brasileiros, por US$ 28,00 a saca, obtendo assim um bom resultado.
Fonte: Valor