As chuvas que ocorrem em grande parte do Sudeste e Centro-Oeste do país deverão persistir ao longo desta e da próxima semana, o que tende a beneficiar a semeadura da safra de verão depois do recente período seco, indicam previsões da Somar Meteorologia.
Segundo Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Somar, há condições favoráveis para o plantio de soja, milho e feijão nos Estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. “Além dos grãos, essas chuvas também beneficiarão lavouras como café, cana-de-açúcar e laranja, elevando os níveis de água no solo e provocando a indução de novas floradas no café e na laranja”, diz Santos, em nota.
Apenas no Sul do país o tempo aberto ainda persistirá nos próximos dias. Assim, os produtores gaúchos e catarinenses terão condições favoráveis para a colheita de trigo. Para o plantio de arroz, contudo, os solos ainda continuam alagados, dificultando a entrada das plantadeiras no campo, de acordo com a Somar.
Já no “Mapitoba” (confluência entre Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), as chuvas previstas para os próximos 10 dias virão apenas na forma de pancadas isoladas. Diante dessa irregularidade, Santos sugere cautela no plantio. “A regularização definitiva das chuvas só deverá ocorrer no fim de novembro e início de dezembro”, afirmou.
Apesar da melhora climática, as adversidades ocorridas nas últimas semanas já motivam revisões nas estimativas de produção do ciclo 2014/15 – que está em fase de plantio. Ontem, a consultoria FCStone reduziu sua previsão para a nova safra de soja no país, de 93,2 milhões para 92,67 milhões de toneladas. Ainda assim, o volume é ligeiramente superior ao intervalo de 88,8 milhões a 92,4 milhões de toneladas projetado pela Conab.
Para Natalia Orlovicin, economista da FCStone, os atrasos no plantio de soja e os consequentes ajustes na expectativa de produtividade foram determinantes para que a projeção fosse revista. “Com a concentração do plantio em um curto espaço de tempo, as lavouras ficam mais suscetíveis a impactos do clima. Com isso, as produtividades potenciais foram levemente reduzidas”, disse, em relatório.
A lentidão na semeadura de soja aperta a janela de cultivo da segunda safra de milho (a safrinha) no país, feito na sequência da colheita da oleaginosa. Esse cenário reforçou a perspectiva da FCStone de queda na safrinha de milho em 2014/15, para 45,99 milhões de toneladas, ante as 48,25 milhões de toneladas do ciclo passado.
Fonte: Valor