Embora não estivesse na pauta do fórum, interrupção das rodovias vira foco de debate de entidades do setor
As entidades que formam a Câmara Temática da Cadeia Produtiva da Soja aprovaram a elaboração de uma carta-relato endereçada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre os riscos que o movimento dos caminhoneiros, que acontece em pelo menos sete estados, pode trazer ao setor e à sociedade em geral. O assunto abriu a primeira reunião da Câmara de 2015, na tarde desta terça-feira (24), em Brasília, mesmo sem estar na pauta ordinária.
“Vamos tratar desse assunto aqui porque é um tema que está afligindo a todos. Proponho que façamos essa carta para comunicar ao governo nossa preocupação”, anunciou o presidente da Câmara, Glauber Silveira, na abertura dos trabalhos.
Os diretores da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Nelson Piccoli (administrativo) e Wellington Andrade (executivo), foram convidados a comentar sobre a situação de abastecimento no Estado. A maior preocupação no momento é quanto ao abastecimento das propriedades com óleo diesel e a capacidade de armazenamento delas, que estão impedidas de transportar os grãos até as tradings, sem contar que essas já estão com estoques lotados sem poder transportar até os portos.
“E ainda tem o fato de que, sem o óleo diesel, as máquinas não funcionam e os produtores não conseguem colher os
grãos, que acabam apodrecendo. Em consequência, a geração da perda de produtividade”, acrescentou Andrade.
O presidente da Associação de Cerealistas do Brasil (Acebra), Alex Novello, tratou do risco de paralisação
nos portos brasileiros em virtude da escassez de produto, que está parado nas rodovias. “O porto de Paranaguá (PR)
já parou. O de Santos (SP) deve parar logo, porque não tem produto para embarcar. É necessário que o governo olhe com mais seriedade para essa situação, pois não é só um problema que atinge os caminhoneiros, mas está prejudicando a todos”, ponderou.
O representante de Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Amaral, também manifestou a tensão que já permeia os membros da entidade. “Por enquanto, o produto ainda está chegando aos portos de trem, mas muito em breve, vão (portos) parar de vez. Nossa grande preocupação é que os problemas que os caminhoneiros apontam não têm solução nas mãos das empresas que os contratam, mas estão nas mãos dos governos. Sendo assim, precisamos de uma atitude mais rápida”.
A carta-relato será elaborada e entregue ao Mapa o quanto antes, conforme garantiu a presidência da Câmara.
PRODUÇÃO
Outras pautas que dominaram a discussão ao longo da reunião foram a necessidade de se implantar núcleos
territoriais de inovação e referência tecnológica da Embrapa, para que esteja ainda mais perto da produção, e
a conjuntura da soja, com foco em mercado exterior, apresentada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Fatores climáticos como a ausência e o excesso de chuva em determinados períodos essenciais para a safra influenciaram diretamente sobre o montante de soja exportado no início deste ano. Conforme dados apresentados pela Conab, nos primeiros 15 dias de fevereiro deste ano, o volume do grão brasileiro exportado foi de 464,3 mil toneladas. Nos 20 primeiros dias do mesmo mês de 2014, o total foi de 2,7 milhões de toneladas.
Diante de algumas adversidades discutidas pelo grupo em relação à capacidade de exportação, entrou em pauta a
proposta de criação de um grupo de trabalho para estudar novas alternativas de mercado aos grãos, como o aumento
da produção de farelo e a produção de biodiesel.
A próxima reunião da Câmara acontece no dia 28 de abril.
Fonte: Ascom Aprosoja MT