Após 48 horas do acordo do governo com lideranças dos caminhoneiros, os protestos e bloqueio de estradas seguem em todo o Brasil. Segundo últimas informações, dos 119 pontos bloqueados nas estradas, apenas 22 foram dissipados.
O movimento tem feito mais bloqueios no Rio Grande do Sul, onde 75 rodovias, entre federais e estaduais, estão bloqueadas, sendo que o movimento muda o ponto de bloqueio para rodovias que ainda não são objeto de liminares. E com isso, faltam nas propriedades insumos importantes, como os fungicidas, usados para controle da Ferrugem, a principal doença do agronegócio nacional.
O Paraná, segundo estado com maior número de pontos de bloqueio, tem sofrido com falta de abastecimento de diesel, que começou a escassear nesta semana e os preços subiram de forma assustadora.
Contudo, o Mato Grosso é o estado mais afetado até o momento. De acordo com a Aprosoja-MT uma parcela importante dos produtores já estão sem diesel para colher a safra de soja e plantar a safra de milho e a outra parte tem combustível, mas para uma janela curta de menos de uma semana.
Para a Aprosoja Brasil a situação que já é grave tende a se agravar. A safra de soja já se encontra atrasada e a colheita deve se concentrar em período chuvoso. Com a falta de diesel, janelas importantes de colheita de e plantio de milho estão sendo perdidas. As consequências serão desastrosas. A chuva na lavoura deteriora os grãos, e com o atraso no plantio do milho a janela ideal para plantar o cereal vai se perdendo, com grandes chances de perdas de produtividade adiante.
Além dos prejuízos dentro da porteira, hoje já temos os custos logísticos e de transporte mais caros dentre nossos competidores (EUA e Argentina). O frete médio pago para transporte de grãos no Brasil já é pelo menos o dobro do pago pelos nossos concorrentes. E apesar dos fretes terem caído nos últimos meses, tornarão a subir no pico do escoamento.
É fato mundialmente conhecido nossa ineficiência logística e que já ultrapassamos o teto do limite da capacidade de escoamento da safra de grãos. Contudo, A Aprosoja Brasil alerta para uma situação de convulsão social no campo caso não seja garantido o abastecimento de diesel e de escoamento da safra de grãos imediatamente. Por enquanto não chegamos a um quarto da safra colhida, mas se esta situação não fora resolvida, os prejuízos serão de toda a sociedade. Dos mais de 5 mil municípios brasileiros, mais de 3 mil tem suas economias diretamente dependentes do agronegócio.
Diante deste quadro, a Aprosoja Brasil espera que o governo encontre rapidamente uma solução para o problema. Sobre a pauta de reivindicação dos caminhoneiros, embora reconheça a legitimidade do movimento e sejamos solidários com a categoria, a entidade precisa defender os interesses dos produtores de soja de todo o país.
Neste sentido, a criação de um frete mínimo, embora parecer neste momento uma solução para os caminhoneiros, pressionará o preço dos fretes no pico do escoamento para um teto maior, onerando o já exorbitante custo de transporte de grãos no país.
Brasília, 27 de fevereiro de 2015
Almir Dalpasquale
Presidente