Nesta edição, o Projeto percorreu mais 50 mil quilômetros e teve contato direto com mais de meio milhão de produtores.
Fórum Soja Brasil faz balanço da Safra de Soja 2014/2015 e projeções para 2015/2016
De acordo com técnicos produtores ainda perdem dinheiro por usar tecnologias de forma errada
Para finalizar a edição da safra 2014/2015, o projeto Soja Brasil realizou hoje (12.03) o último Fórum na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). O objetivo do último Fórum era mostrar os resultados observados pela equipe técnica que acompanhou a expedição durante cinco meses. Para o presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale o projeto tem um cunho social muito importante ao levar informação aos produtores rurais e fez isso por meio de vários fóruns importantes e treinamentos dados através da caravana do projeto. Foi o caso dos treinamentos do CAR realizados pelo SENAR em Mato Grosso e Goiás, comentou.
“Por meio do Soja Brasil levamos a cada estado, a cada produtor rural conhecimento e com esse conhecimento que o Brasil cresce mais, a cada ano, como produtor de soja. Ou seja, é por meio da informação técnica que o Projeto agrega ao produtor conteúdo para melhorar sua produtividade e consequentemente trazer benefícios ao país”, explicou o presidente da Aprosoja Brasil, Dalpasquale.
A safra 2014/2015 sofreu de problemas como: estiagem durante os estágios fundamentais do ciclo, preço da soja em queda, aumento dos custos de produção e incidência de pragas e doenças nas lavouras. Foram fatores que prejudicaram tanto a produtividade quanto a renda.
Entretanto, na opinião do presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale o produtor brasileiro terá rentabilidade nessa safra e o Brasil continua crescendo na produção. “Apesar das dificuldades, a produção de soja no Brasil deve bater outro recorde de produção”, afirmou Dalpasquale. Na visão do presidente da entidade, precisamos ficar atentos para a próxima safra, tentar comprar insumos antecipados e cuidar bem da lavoura. Uma queda do dólar no momento da próxima comercialização ainda é algo que preocupa o dirigente.
Participaram do debate em Não-Me-Toque (RS) o presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale; o economista-chefe do Sistema Farsul, Antonio da Luz; o consultor técnico do Soja Brasil, Áureo Lantmann; o presidente da Aprosoja-RS, Décio Teixeira; o meteorologista da Fepagro Flávio Varone; o analista de mercado da consultoria Safras & Mercado Gil Barabach; o chefe-geral da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias; e o pesquisador do Cepea/Esalq-USP Mauro Osaki. A apresentação é de João Batista Olivi.
Relatório técnico Soja Brasil 2014/2015
Para o consultor do Projeto, Áureo Lantmann, com a expedição é possível entender o que o produtor vive da porteira para dentro. “É no campo que podemos ver os acertos e erros vividos pelo produtor e só assim podemos ajudar a indicar soluções para cada situação”, afirma o consultor do projeto, que durante fez expedição da consultoria as propriedades visitadas.
Um dos pontos apresentados no relatório do consultor técnico do Projeto, Lantmann, é que o produtor tem comprado uma tecnologia de Plantio Direto e não a usou adequadamente, fazendo muitas vezes apenas um plantio mínimo. “O agricultor está jogando o seu dinheiro fora se não usar a tecnologia corretamente, pois ele paga mais caro por ela e não tem o benefício esperado”, frisou Lantmann. Clique aqui para ver o relatório completo.
Clima, custo de produção e expectativas de preço e logística
As interferências climáticas na produção vêm preocupando os produtores brasileiros e causando um cenário de insegurança. O meteorologista da Fepagro Flávio Varone, afirmou que o primeiro semestre desse ano, o Brasil está vivendo o El Ninho, entretanto a partir do segundo semestre volta a regularidade do clima e a próxima safra não sofrerá com a estiagem. “Estamos saindo de um ciclo ruim e entrando em um melhor – que choverá mais. Dessa forma a próxima safra a ser plantada não terá muita interferência climática, cenário diferente de 2013 a 2015”, afirmou Varone.
E, se o clima gera insegurança o mercado, também, está sendo visto com muita cautela. Com a alta do dólar e os preços em Chicago, os especialistas explicam que a baixa do preço na commodities soja acontece devido aos estoques, que estão crescendo muito ou seja, produzindo acima do consumo. “Apesar dos cenários de mercado terem muita oferta, ou seja baixo preço para venda da commodity, a alta do dólar ajudou na comercialização e fez as vendas serem melhores”, disse o analista de mercado da consultoria Safras & Mercado, Gil Barabach. Para fechar Barabach conclui dizendo que “Mesmo com a queda do mercado, preço continua rentável. A produção de soja é rentável”, destacou.
O pesquisador do Cepea/Esalq-USP Mauro Osaki, afirmou durante o Fórum, que quanto mais cedo o país se estabilizar politicamente e economicamente melhor será para os investimentos internacionais no Brasil. “Não sabemos se o câmbio manterá aos patamares atuais, ou, haverá fortes oscilações, causando mais insegurança aos produtores. Momento de total cautela, pois a alta do dólar pode prejudicar no custo da próxima safra”, ponderou Osaki.
Outro problema que diminui a rentabilidade do produtor é que os custos tem sido muito altos e o preço da soja caíram na comparação com o ano passado. Para Osaki, um dos fatores que reduz a margem é o aumento do uso de inseticidas, devido ao uso de produtos específicos para o controle de lagarta Helicoverpa Armigera, Falsa Medideira e Mosca Branca.
“No munícipio de Carazinho (RS), esse tipo de grupo químico aumentou quase seis vezes mais, entre essa safra e a de 2007/2008, por exemplo. Mas essa não é uma exclusividade do RS, mas sim das principais regiões produtoras do país”, explicou Osaki.
Ainda dentro dos problemas enfrentados, foi falado sobre a logística do Brasil que faz com que o país tenha o frete mais caro do mundo. “Não temos modal nenhum, temos uma safra um pouco menor que a dos EUA e 79% das estradas brasileiras não são pavimentadas e 65% estão em condição regular ou péssima”, pontuo o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz. Segundo ele, o Brasil tem um custo de produção 50% maior que o dos Estados Unidos, principalmente devido aos altos custos dos impostos sobre fertilizantes e defensivos, em torno de 30%, do dos fretes extremamente elevados, pontuou.
Concurso Cultural Personagem Soja Brasil
Para finalizar a terceira edição do Projeto Soja Brasil houve a entrega dos troféus aos vencedores do Concurso Cultural Personagem Soja Brasil. O Concurso, que teve como objetivo homenagear produtores/pesquisadores que contribuem para o desenvolvimento do grão no País. Ao todo foram 11 candidatos, sendo que foi avaliado pela comissão julgadora do concurso e o outro eleito por votação popular, que aconteceu por meio do site do Canal Rural. Os dois ganhadores foram: Taurino Alexandrino Loiola – escolhido pelo voto popular e Romeu Kiihl – escolhido pela Comissão julgadora. Além do Personagem Soja o Projeto homenageou o fitopatologista, José Tadashi e o produtor, Sérgio Stefanello.