Em entrevista ao jornal Zero Hora o presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale vê a “sojadependência” como positiva e destaca papel da soja como pilar do agronegócio
Presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Almir Dalpasquale considera natural a expansão da soja, destaca o peso de Estados com perspectiva de supersafra, como o Rio Grande do Sul, e vê grande potencial de crescimento da oleaginosa no Mapitoba, região localizada no Norte e Nordeste que é a nova fronteira agrícola do país.
Para Dalpasquale, a dependência da soja deve ser vista como positiva. Ele argumenta que, hoje, o grão é vital ao produtor por garantir rentabilidade e abrir oportunidade de negócios em outras cadeias, seja como ração mais barata para a pecuária ou matéria-prima de maior qualidade para a indústria.
A seguir, confira a entrevista concedida por Dalpasquale a Zero Hora:
Como avalia os primeiros resultados da colheita de soja no Brasil?
O cenário é muito bom. Além de uma safra positiva, terá um efeito bom, uma vez que os insumos foram comprados a um câmbio mais favorável e, agora, a venda será a uma cotação maior. Não imaginava que venderíamos nestes patamares. Em termos de produção, creio que o Brasil deve fazer uma de suas maiores safras, apesar de intempéries em Goiás e Mato Grosso. Mas há uma compensação diante do crescimento de área. Nesse sentido, o Rio Grande do Sul se destaca e deve fazer sua melhor safra dos últimos anos.
Até que ponto o ajuste fiscal do governo impacta na produção?
O governo federal tem nos dado um atendimento nota 10 nos últimos anos. As taxas de juro se mantiveram baixas e foram essenciais para investimento e custeio. Hoje, o governo passa por dificuldades financeiras, mas não podemos julgar. Temos de entender a situação, e o produtor que não aproveitou as oportunidades para investir deve se acalmar e colocar a casa em dia. O ideal é não se endividar e fazer o tema de casa. As taxas de juro que vão ser praticadas podem ter como consequência um processo doloroso de endividamento no futuro. Logo, é preciso olhar com cautela a abertura de novas áreas.
Qual sua análise sobre o papel da tecnologia, em especial para expandir a produtividade de soja?
O uso de tecnologia e biotecnologia é vital para o resultado da supersafra. Basta olhar que o crescimento de área é pequeno perto do avanço em produtividade. As áreas que estão se abrindo são poucas, especialmente Mapitoba (região que engloba Maranhã, Piauí, Tocantins e Bahia). Mas nos Estados que já são celeiros produtivos, vem havendo um aumento significativo em produtividade. O resultado da safra vai ser cada vez melhor se o Brasil olhar com seriedade para a tecnologia.
Há Estados, como o RS, em que a soja vem ocupando área antes usada para outras culturas, como o arroz. Até onde vai essa expansão?
É resultado da capitalização dos produtores, que vêm de resultados muito bons. E, a partir da soja, tem sido possível produzir e desenvolver outras matrizes o ano todo, não deixando a propriedade refém de uma safra. A soja é garantia para ampliar cadeias.
O que esperar das exportações do grão e das perspectivas do Brasil no mercado internacional?
Estive na China recentemente e me impressionou muito ter ouvido lá que eles têm preferência total pela soja brasileira. É um mercado gigante e que ainda não é atendido completamente, só 40% do que eles consomem. No atual ritmo, haverá uma demanda ainda maior por lá. Por isso, vejo um horizonte muito positivo para nossas exportações e para a soja brasileira no futuro.
A logística é hoje o maior desafio do produtor de soja brasileiro?
O governo atual melhorou muito os portos, além das rodovias, mas é claro que a infraestrutura não é 100%. Também, por meio de financiamentos baratos, foi possível renovar a frota de caminhões e atender melhor à demanda. Temos o problema da distância, mas estamos caminhando. E a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, conhece muito bem esta realidade. Tenho certeza de que na primeira acertada que o Brasil der em crescimento, voltaremos a discutir investimentos em logística.
Até que ponto o desempenho desta safra impactará a próxima?
Creio que a safra 2015/2016 vai ser boa, pois os produtores estarão capitalizados e vão querer manter o que fizeram neste ciclo. Minha preocupação, porém, é de que o agricultor queira dar o passo maior do que a perna. Por isso, será crucial que o produtor saiba a hora certa de fazer os investimentos.
Qual é a região do país que mais deve crescer na cadeia da soja?
O Norte e o Nordeste, no Mapitoba. É impressionante, lembra o Centro-Oeste há 30 anos. São terras boas, com índice de chuva razoável e que vêm tendo boa produtividade. Além disso, demanda estrutura, como armazéns, energia elétrica. São fronteiras de oportunidade. Não será concorrência a outras regiões, mas uma parceira a mais.
O que se pode projetar para o futuro da soja em 10 anos?
Hoje se planta e colhe soja no Brasil o ano inteiro. Quando o Nordeste está terminando a colheita, o Centro-Oeste e o Sul já começam a plantar a próxima safra. É um ciclo que não termina, não tem mais começo nem fim. E isso é muito bacana e importante para o país e para o futuro do agronegócio.
Fonte: Zero Hora
Presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Almir Dalpasquale considera natural a expansão da soja, destaca o peso de Estados com perspectiva de supersafra, como o Rio Grande do Sul, e vê grande potencial de crescimento da oleaginosa no Mapitoba, região localizada no Norte e Nordeste que é a nova fronteira agrícola do país.
Para Dalpasquale, a dependência da soja deve ser vista como positiva. Ele argumenta que, hoje, o grão é vital ao produtor por garantir rentabilidade e abrir oportunidade de negócios em outras cadeias, seja como ração mais barata para a pecuária ou matéria-prima de maior qualidade para a indústria.
A seguir, confira a entrevista concedida por Dalpasquale a Zero Hora:
Como avalia os primeiros resultados da colheita de soja no Brasil?
O cenário é muito bom. Além de uma safra positiva, terá um efeito bom, uma vez que os insumos foram comprados a um câmbio mais favorável e, agora, a venda será a uma cotação maior. Não imaginava que venderíamos nestes patamares. Em termos de produção, creio que o Brasil deve fazer uma de suas maiores safras, apesar de intempéries em Goiás e Mato Grosso. Mas há uma compensação diante do crescimento de área. Nesse sentido, o Rio Grande do Sul se destaca e deve fazer sua melhor safra dos últimos anos.
Até que ponto o ajuste fiscal do governo impacta na produção?
O governo federal tem nos dado um atendimento nota 10 nos últimos anos. As taxas de juro se mantiveram baixas e foram essenciais para investimento e custeio. Hoje, o governo passa por dificuldades financeiras, mas não podemos julgar. Temos de entender a situação, e o produtor que não aproveitou as oportunidades para investir deve se acalmar e colocar a casa em dia. O ideal é não se endividar e fazer o tema de casa. As taxas de juro que vão ser praticadas podem ter como consequência um processo doloroso de endividamento no futuro. Logo, é preciso olhar com cautela a abertura de novas áreas.
Qual sua análise sobre o papel da tecnologia, em especial para expandir a produtividade de soja?
O uso de tecnologia e biotecnologia é vital para o resultado da supersafra. Basta olhar que o crescimento de área é pequeno perto do avanço em produtividade. As áreas que estão se abrindo são poucas, especialmente Mapitoba (região que engloba Maranhã, Piauí, Tocantins e Bahia). Mas nos Estados que já são celeiros produtivos, vem havendo um aumento significativo em produtividade. O resultado da safra vai ser cada vez melhor se o Brasil olhar com seriedade para a tecnologia.
Há Estados, como o RS, em que a soja vem ocupando área antes usada para outras culturas, como o arroz. Até onde vai essa expansão?
É resultado da capitalização dos produtores, que vêm de resultados muito bons. E, a partir da soja, tem sido possível produzir e desenvolver outras matrizes o ano todo, não deixando a propriedade refém de uma safra. A soja é garantia para ampliar cadeias.
O que esperar das exportações do grão e das perspectivas do Brasil no mercado internacional?
Estive na China recentemente e me impressionou muito ter ouvido lá que eles têm preferência total pela soja brasileira. É um mercado gigante e que ainda não é atendido completamente, só 40% do que eles consomem. No atual ritmo, haverá uma demanda ainda maior por lá. Por isso, vejo um horizonte muito positivo para nossas exportações e para a soja brasileira no futuro.
A logística é hoje o maior desafio do produtor de soja brasileiro?
O governo atual melhorou muito os portos, além das rodovias, mas é claro que a infraestrutura não é 100%. Também, por meio de financiamentos baratos, foi possível renovar a frota de caminhões e atender melhor à demanda. Temos o problema da distância, mas estamos caminhando. E a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, conhece muito bem esta realidade. Tenho certeza de que na primeira acertada que o Brasil der em crescimento, voltaremos a discutir investimentos em logística.
Até que ponto o desempenho desta safra impactará a próxima?
Creio que a safra 2015/2016 vai ser boa, pois os produtores estarão capitalizados e vão querer manter o que fizeram neste ciclo. Minha preocupação, porém, é de que o agricultor queira dar o passo maior do que a perna. Por isso, será crucial que o produtor saiba a hora certa de fazer os investimentos.
Qual é a região do país que mais deve crescer na cadeia da soja?
O Norte e o Nordeste, no Mapitoba. É impressionante, lembra o Centro-Oeste há 30 anos. São terras boas, com índice de chuva razoável e que vêm tendo boa produtividade. Além disso, demanda estrutura, como armazéns, energia elétrica. São fronteiras de oportunidade. Não será concorrência a outras regiões, mas uma parceira a mais.
O que se pode projetar para o futuro da soja em 10 anos?
Hoje se planta e colhe soja no Brasil o ano inteiro. Quando o Nordeste está terminando a colheita, o Centro-Oeste e o Sul já começam a plantar a próxima safra. É um ciclo que não termina, não tem mais começo nem fim. E isso é muito bacana e importante para o país e para o futuro do agronegócio.
Fonte: Zero Hora