Compra antecipada pode ser uma forma de baratear custos de produção, que tendem a subir para ciclo 2015-2016
Se na hora de vender a soja o câmbio ajudou a equilibrar a cotação em reais ao patamar de 2014, agora é a face reversa dessa lógica que preocupa diante do prognóstico de custos de produção mais altos para a próxima safra. Por isso, a estratégia de compra de insumos será fundamental.
Estudo do Rabobank Brasil aponta que os fertilizantes são um dos itens de maior peso nos gastos e, considerando os últimos 10 anos, os preços médios são maiores no segundo semestre. Logo, otimizar a adubação e obter melhores preços é crucial.
– A safra 2015-2016 aponta para preços de commodities pressionados no mercado externo, o que pode gerar receitas mais apertadas. Logo, gerir bem os custos pode ser um diferencial de rentabilidade – avalia Victor Yoiti Ikeda, analista econômico de insumos agrícolas do Rabobank Brasil.
Ele observa que os preços dos fertilizantes tendem a subir por fatores como maior concentração de importações e entrega. E avalia que, por mais que alguns insumos tenham registrado queda no preço em dólar, o câmbio fez o custo crescer em reais:
– A movimentação mais intensa eleva a demanda e o valor do frete, o que acaba resultando em um fertilizante mais caro.
Outro fator de alerta é o câmbio, já que 70% dos insumos são importados. Ikeda pondera que já houve atraso nas compras no primeiro trimestre à espera de preços mais vantajosos. Agora, o adiamento pode resultar em valores ainda maiores devido à procura crescente mais perto do plantio.
– Por isso, ao comprar, o produtor pode se expor menos aos riscos da desvalorização cambial por meio de trocas de um produto por outro (barter), pois tanto grão quanto fertilizantes são indexados em dólar. Outra opção é o hedge de câmbio (operação para garantir proteção contra possível variação cambial), para negócios em que fica em aberto o pagamento do fertilizante.
Ikeda também frisa que negociar com cautela e controlar bem os custos serão os mantras da próxima safra:
– Boas oportunidades em reais devem ser aproveitadas. Produtores capitalizados que podem comprar à vista devem usar este cenário a seu favor na hora de negociar.
Dicas antes de fechar negócio
1) Considerando o preço dos insumos, os menores valores até o plantio da próxima safra de verão devem ser verificados de abril a junho. Depois disso, a tendência é de preço mais elevado.
2) Trocas de grãos por fertilizante e insumos de forma geral podem ser uma boa alternativa para o produtor controlar os custos de produção da propriedade e não ficar tão exposto à consequências da variação do câmbio.
3) Caso o produtor deixe em aberto o pagamento de fertilizantes, a trava de câmbio (fixar cotação do dólar perante o real) na negociação é interessante para reduzir o risco de gastar mais no futuro diante das oscilações do mercado.
4) Os estoques finais de fertilizantes em 2014 foram os maiores desde 2008, e as entregas do 1º trimestre de 2015 foram menores do que no ano passado. Logo, a recomendação ao produtor capitalizado é antecipar ao máximo a compra dos insumos ou negociar melhores preços.
5) Diante do cenário atual e dos riscos de novas oscilações cambiais, este tende a ser um ano interessante para utilizar os estoques de nutrientes no solo e tentar otimizar a adubação, como por meio de tecnologias de agricultura de precisão.
Texto retirado do Zero Hora
Fonte: Victor Yoiti Ikeda, analista econômico de insumos agrícolas do Rabobank Brasil