Quatro Usinas Flex já estão operando na Região e muitas outras já se encontram em fase final de projeto
Na manhã, desta quinta-feira (dia 14), a sede da CNA, localizada em Brasília, recebeu representantes do governo, parlamentares, produtores rurais e a indústria, para debater os gargalos da produção de Etanol de Milho no país, essa foi a proposta do II Fórum Brasileiro de Etanol de Milho.
Para o diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, a ideia do fórum era ampliar a discussão para além da viabilidade econômica, já comprovada por estudos e usinas em operação no país produzindo o biocombustível utilizando o milho. Hoje está provado que para muitas usinas de cana é um fator essencial se tornar flex.
Produzir etanol de milho na entra safra da cana, período ocioso da usina, melhora os resultados do empreendimento e equilibra o caixa de muitas empresas, que hoje operam no vermelho. Contudo, agora é a hora de levar o tema para um novo patamar. “Explorar políticas de incentivo tanto para os investimentos quanto para a distribuição é estratégico neste momento de desenvolvimento do negócio”, disse Rosa.
Já o milho utilizado na produção do etanol é o excedente. Segundo Glauber Silveira, diretor da Aprosoja-MT e palestrante no fórum, o cereal mandado para usina é aquele o que sobra após satisfazer o consumo do país, ou seja, não haverá competição entre a produção destinada a alimentação humana/animal. “A ideia é transformar parte desse produto em etanol e também, aproveitar seu subproduto, o DDGS”, afirma Silveira.
Pepro de Milho
Na safra 2015 de milho, os R$500 milhões disponibilizados pelo Governo Federal para custear os leilões de milho foram uma alternativa para escoar o excedente do cereal, mas para o presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk, essa não é uma medida sustentável nos próximos anos.
“Acredito que com um cenário econômico cada vez menos favorável, com dificuldade na liberação dos créditos, precisamos propor alternativas para garantir a renda ao produtor de milho e por meio de modelos menos dependentes de mecanismos de governo, incentivando, por exemplo, o consumo interno e a agregação de valor a cadeia do cereal”, afirma Tomczyk.
Debate acirrado
No painel Políticas de Incentivo o senador Blairo Maggi (PR-MT), explicou que a ideia é aproveitar as usinas de cana de açúcar que já existem e fazer com que elas também produzam etanol de milho. Segundo Maggi etanol de cana é produzido na safra e de milho na entressafra.
O objetivo é otimizar custos, pois de acordo com estudos da Aprosoja as usinas estão cada vez mais se adaptando para a produção de Etanol de Milho na região Centro Oeste – somente no estado de MT já existem três usinas flex operando em Goiás uma, situado em Rio Verde.
O presidente executivo da Abramilho, Alissson Paolinelli, participou do Fórum e afirmou que há mercado para se produzir etanol do cereal, mas ele ainda tem custos muito elevados. “Hoje os preços dos serviços, mais os impostos são absolutamente inapetentes para os investidores, acredito que para a produção e distribuição estarem cada vez mais viável é necessário comprometimento por parte do governo”, deixa claro Paolinelli.
Para o secretário de Políticas Públicas do Ministério da Agricultura, André Nassar, mesmo se o Brasil tivesse toda a estrutura logística ideal e adequada para para escoar o cereal, “ainda assim valeria a pena produzir etanol de milho”. “É uma equação, na qual pode dar muito certo e por parte do Ministério da Agricultura não haverá resistência no apoio da ação”, garante Nassar. O secretário reforçou ainda que o país trabalha com o excedente do cereal na produção do biocombustível e por isso não afetará o consumo nacional.
Por outro lado, o secretário afirmou que a conta não fechará se a usina produzir somente etanol de milho. “Eu me questiono quando penso no modelo de etanol sozinho, energia no Brasil é muito dispendiosa. Penso que é muito importante estudar esses cálculos junto com o setor”, explica o secretário.
O fato é que já existe uma usina em fase final de projeto para operar com milho (usina Full) em Chapadão do Sul, Mato Grosso do Sul. A presença de uma cadeia muito forte da indústria de carvão e celulose no estado pode explicar a viabilidade do empreendimento.
Etanol de Milho na FPA
O Fórum mostrou para a sociedade, em especial para os parlamentares e Governo, que a produção de etanol de cereais já é uma realidade no país. Segundo o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, Marcos Montes (PSD-MG), a FPA dará apoio para fomentar a produção de etanol de milho no Brasil e garantiu que esse tema estará nas demandas da Frente. “O governo federal há alguns anos toma medidas de curto prazo, mas existem assuntos que necessitam de serem debatidos a longo prazo e esse é o caso do etanol. A falta de delas têm prejudicado a todos, em especial um setor tão pujante como o sucroenergético e de cereais. Para ele se tornar um combustível de maior relevância para o Brasil é necessário levar essa pauta para os parlamentares, principalmente para FPA e também para a sociedade, ”.
A vivência da produção do etanol de milho
Para contar um pouco da experiência já vivida, também participou do Fórum representantes de usina flex. Para eles o uso de milho na produção de etanol é uma forma de fazer a planta funcionar mais dias por ano e ainda agregar valor a qualidade de vida da população local, gerando emprego e renda ao município.
Entretanto um dos maiores gargalos é a distribuição do etanol de milho aos estados brasileiros. “Ao produzir temos que buscar um mercado para ele, dessa forma um grande entrave é saber que a produção é possível de ser alcançada, mas ela precisa ser destinada ao mercado externo e temos dificuldade com essa repartição”, explica o representante da usina Destilaria de Álcool LIBRA- MT, Piero Parini.
Evento – O Fórum de Etanol de Cereais é uma realização da Aprosoja e Aprosoja Brasil, com patrocínio da Novozymes. Também participaram dos debates Sérgio Bortolozzo e Alisson Paolinelli, da Abramilho, Ricardo Santin, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Antônio Álvaro, da Embrapa Sorgo e Milho, Piero Vicenzo Parini, do Sindalcool-MT, Cassio Iplinsky, Usina Rio Verde, Sérgio Barbieri, da Usimat, Pedro Luiz Fernandes, da Novozymes, Otávio Celidônio, superintendente do Imea.
Fonte: Ascom Aprosoja Brasil
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