O Alto custo de produção brasileiro é o principal desafio do Brasil, afirma pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA)
Esse e outros temas formam debatidos no Global Forum “Agri Benchmark 2015” realizado em Goiânia, nesta quinta-feira (16/07/15).
O cenário agrícola mundial foi tema de análise e debate, durante toda a semana em Goiânia (GO). A cidade goiana e capital do estado foi escolhida para ser o palco da 10ª edição do evento anual, que promove discussões técnicas entre profissionais de todos os continentes do mundo.
A programação do evento, entre os dias 13 a 18, se divide entre visitas técnicas a fazendas e usinas de Goiás, bem como apresentações que dão um panorama sobre a situação dos produtores e culturas de grãos e cana ao redor do globo.
Pela primeira vez, realizado no Brasil, o Agri Benchmark tem como ponto alto o Global Forum, realizado na última quinta-feira (16/07/15) e contou com a participação da Federação de Agricultura do Estado de Goiás – FAEG e das Associações dos Produtores de Soja de Goiás e do Brasil, Aprosoja-GO e BR.
De maneira geral, os especialistas brasileiros, americanos e europeus destacaram como principais desafios para o setor: a queda dos preços das commodities e a dificuldade de manejo de pragas devido, especialmente, à perda de eficiência dos produtos fitossanitários e a restrição de registro de novos produtos.
Cenário Brasileiro
Embora com incertezas para o futuro, a conjuntura geral brasileira é positiva. Foi o que afirmou o Vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner. Mesmo com um cenário de altos custos, a produção brasileira vem crescendo e batendo novos recordes, o que está diretamente relacionado ao investimento em tecnologia e a participação do produtor dentro da lavoura, destacou Schreiner. “A Cada safra de grãos o Brasil bate um novo recorde, porque os produtores têm sido altamente competitivos”.
Para o Vice-presidente da Aprosoja-BR e presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz, os produtores estão no limite da viabilidade econômica devido aos custos e isso está diretamente relacionada a logística ruim e a dificuldade crescente de controle de pragas e doenças nas lavouras. “Nossos competidores têm um custo logístico 4 vezes inferior ao nosso e um custo de produção pelo menos a metade do brasileiro. E, ainda assim, temos conseguido nos manter competitivos, mas até quando”, questionou Bartolomeu.
Para o pesquisador do Cepea, Mauro Ozaki, existe uma preocupação crescente de todo o setor com o aumento do custo dos inseticidas no Brasil e a elevação da necessidade de aplicação. O pesquisador apontou dois motivos para o fato, a condição climática brasileira e a falta de produtos novos registrados, o que tem favorecido o aparecimento de pragas resistentes. “Não podemos esquecer que o clima Tropical, contribui para a resistência das pragas. Os produtores estão sem novas tecnologias e precisam aplicar cada vez mais produto”. Para Ozaki, é notória a lentidão dos órgãos do governo responsáveis pelo registro de produtos novos, o que tira a competitividade dos produtores.
Cenários internacionais
Durante a semana de debate, foi possível ouvir dos palestrantes da África, Europa, EUA, Ásia que o setor agrícola internacional, se mantém em cada país, por conta dos subsídios diretos destinados aos produtores, compensando baixas produtividades, menor escala. Os produtores brasileiros foram colocados como altamente competitivos, sobretudo devido ao clima tropical e os elevados investimentos em tecnologias, o que permitiu ganhos extraordinários de produtividade em curto espaço de tempo.
De acordo com os pesquisadores americanos da Universidade do Estado de Iowa, Hardin County Extension Office, os americanos devem enfrentar três anos de margens negativas pela frente. Com relação ao milho, a perspectiva é de redução de área e expansão da soja. Sobre o impacto das chuvas no milho, o seguro será acionado e cobrirá as perdas, não sendo, portanto, um fator de preocupação dos produtores.
O grande destaque foi realmente o fato de alguns estados, que eram grandes produtores de milho, estarem substituindo boa parte das áreas de milho por soja. O fato é explicado pelos valores pagos na oleaginosa, que têm se mantido em patamares mais compensadores nas últimas safras.
O representante da França destacou os ataques de lagartas nas culturas do país que tem assombrado os produtores, sobretudo devido a escassas ferramentas para o seu controle. Também foi apontado o valor pago em subsídios, de 100 euros por hectare, para que os produtores façam rotação de cultura, compensando a menor escala e sem os quais não seria possível produzir neste modelo.
De maneira geral, os representantes europeus destacaram as pressões constantes que vem sofrendo devido ao uso de defensivos agrícolas, com proibição de alguns ingredientes ativos e vilanização dos produtores.
Parceiros
O Fórum Global de Grãos e Cana agri benchmark é coordenado pelos Institutos alemães Thünen-Institute (TI) e DLG e, no Brasil, tem o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Esalq/USP como parceiro
Para realização desse grande encontro, a Conferência contou com o apoio da Aprosoja Brasil e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Fonte: Ascom Aprosoja Brasil
Parabéns pelo artigo,adorei!