A última grande fronteira agrícola do País, a ‘Matopiba’ (área formada por sul do Maranhão, leste do Tocantins, sul do Piauí e oeste da Bahia), tem expandido fortemente as exportações. De janeiro a agosto, as vendas externas da região somaram US$ 8,93 bilhões, 104,16% mais que os US$ 4,37 bilhões registrados em igual período do ano passado. Com esse resultado, a área mantém-se no sentido contrário das exportações do agronegócio na média do País, que apresentaram queda de 17,4% no período.
Levantamento feito pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, no Ministério da Agricultura mostra que esse desempenho tem sido puxado basicamente por grãos. O milho é o principal deles, com alta de 656% no acumulado do ano, passando de US$ 11,481 milhões para US$ 86,786 milhões. O volume absoluto, apesar de baixo, teve expressiva elevação de 786%, passando de 53.563 toneladas para 86.787 toneladas. No caso da soja em grãos, o avanço foi de 5% em valor e de 38% em volume.
No Maranhão, por exemplo, o acumulado do ano para milho é 1.242,6% maior do que em igual período de 2014 para valor em dólar. Quando se observa o volume exportado do grão, houve um aumento de 1.243%. Carnes também apresentaram bom desempenho, com avanço de 85,05% no período para valores em dólares.
Isaías Soldatelli, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Maranhão, trabalha na região há 13 anos e saiu do Paraná pela possibilidade de encontrar terras a um preço melhor, além de áreas maiores de produção. “Lá (no Paraná) as áreas são pequenas e o valor é alto.”
Soldatelli explicou que, no sul do Maranhão, a soja é o principal produto, mas há também uma forte produção de milho segunda safra, feijão segunda safra e arroz. “A terra é boa, o clima é bom. Há uma certa segurança. A questão de logística também é boa”, observou.
Ele relatou que faz carregamento na cidade de Porto Franco e manda os produtos pela Ferrovia Norte-Sul até o Porto de Itaqui, em São Luís. “Ainda que tenha algum problema de logística, temos uma logística melhor para chegar ao destino final, no mercado externo, em comparação com Santos e Paranaguá.”
Em Tocantins, o milho saiu de zero no ano passado para US$ 13,014 milhões. Para Rubem Ritter, presidente da Aprosoja Tocantins, os números são bons, mas é preciso cautela no otimismo. Segundo ele, o bom desempenho do Estado onde produz se justificam, em parte, pela demora da região em entrar no segmento de soja e milho e, com isso, o crescimento tem ocorrido de uma base muito baixa. “Tocantins se tornou o último lugar para se investir.”
No Piauí, a exportação de milho saiu de zero em 2014 para US$ 3,113 milhões em 2015 – os piauienses também apresentaram forte expansão nas vendas do complexo soja, que cresceu 91,73% no acumulado do ano. Na Bahia, o milho registrou avanço de 143,12%. Os produtores baianos também tiveram bom desempenho com café: o grão expandiu as vendas em 820,87%, mas saindo de uma base pequena; e o volume cresceu 45,31%.
Fonte: O Estado de S. Paulo.