Debate sobre o uso do Paraquate foi tema da Comissão da Agricultura nesta semana
Representando o setor, Aprosoja Brasil frisou que quem pagará a conta por essa irresponsabilidade será a população brasileira
Na tarde desta quarta-feira (04), o presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale, participou da Audiência Pública, na Câmara dos Deputados para discutir a proposta da Consulta Pública da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sobre o banimento do Paraquate.
Durante a discussão o pesquisador da Embrapa Soja, Fernando Adegas expos a necessidade de se manter o Paraquate registrado no país, devido a ser uma das tecnologias usadas para o manejo das ervas resistentes e que competem no campo com as culturas e as pastagens. Segundo adegas, o produto é parte do pacote indicado para se fazer o plantio direto e a dessecação pré colheita em diversas culturas, sendo ainda usado para frutas em geral, café, arroz, trigo e feijão. O custo com produtos alternativos saltaria 120 bilhões de reais, afirmou o pesquisador.
O presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale, disse que a reavaliação do produto não tem justificativa científica plausível. “Produtos como o fumo e a cachaça têm um risco muito maior para a saúde, mas tem uso regulado no país. Enquanto isso uma tecnologia usada há 40 anos, com segurança, respeitando normas e regras do fabricante e do país, será banida”, destacou Dalpasquale.
O dirigente frisou, ainda a importância do agronegócio para a economia do país e as consequências caso o produto seja banido. “Estamos alertando que haverá uma inflação galopante de alimentos caso essas reavaliações ideológicas sigam em frente. E quem pagará o preço será a sociedade, sem nenhuma contrapartida de maior segurança, haja vista que esse produto seguirá sendo usado nos EUA, Japão, Austrália e muitos outros, em frutas e verduras”, explicou Dalpasquale.
A Fundação Getúlio Vargas destacou que a inflação geral já está em 10%, a Aprosoja Brasil afirma que se retirar os herbicidas haverá perda de produtividade e a inflação geral potencial será de 20%.
O médico, coordenador da Área de Toxicologia Ambiental do Centro de Controle de Intoxicações da FCM/HC/Unicamp, Ângelo Trapé, explicou que o produto não é nocivo a saúde humana desde que usado corretamente e que tentativa de suicídio não poderia entrar como motivo para banimento do produto. Segundo ele, todos os casos, nas últimas décadas, registrados e catalogados pela Unicamp, foram de tentativas de suicídio. E que inclusive com relatos de tratamento e antídoto utilizados com sucesso, não havendo sido o paciente levado a óbito.
A Dr. Silvia Casenave, representante da Anvisa na audiência, relatou que os estudos foram feitos fora do país e que a maioria havia levado a essas conclusões. E que a equipe da Anvisa tinha muita qualidade técnica. Porém, Trapé seguiu contestando com dados experimentais da Unicamp todas a conclusões técnicas da equipe da Anvisa, o que deixou claro que as conclusões da nota técnica ignoraram dados experimentais feitos no país que levaram a resultados opostos aos apontados pela área técnica da Anvisa.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, dep. Marcos Montes, médico por formação, também viu muitas inconsistências nas conclusões da Anvisa e por isso sugeriu que fossem levados em conta os dados da Unicamp. Os dados apontados na audiência não foram acompanhados de fonte, metodologia ou amostragem, nem ao menos em que país havia sido.
Ao final, o representante da CNA, o advogado Reginaldo Minaré, relatou que a Fiocruz, entidade escolhida para proceder estudos para reavaliação dos produtos tinha em seu histórico pesquisadores ativistas declarados contra agrotóxicos e transgênicos, inclusive alguns já foram coordenadores da respectiva área técnica de avaliação toxicológica de agrotóxicos da Anvisa. Destacou que basta ver as Atas da CTNBio para comprovar a afirmação.
Minaré ainda frisou que o Governo Federal age de forma esquizofrênica, gastando recursos públicos para manter em atividade áreas que registram agrotóxicos e transgênicos, enquanto saem com ações contra essas tecnologias, se referindo ao PRONARA – Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos.
Além da Aprosoja Brasil, participaram da audiência representantes da Anvisa, da Secretária de Defesa Apropecuária do Mapa, Embrapa, Abramilho, Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação, Andef. O deputado Sérgio Souza (PMDB-PR) que solicitou Audiência Pública para discutir a proposta em vigora na Consulta Pública da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Consulta Pública
Anvisa estabeleceu o prazo de 30 dias para envio de comentários e sugestões sobre a proibição do uso de produtos técnicos e formulados à base do ingrediente ativo Paraquate e seus respectivos sais. A Consulta ainda está aberta e terá seu encerramento no dia 16 de novembro. Para expressar a opinião sobre a proibição do produto basta acessar sitio da Avnisa, clicando aqui.
Fonte: Ascom Aprosoja Brasil