No RS e na BA o plantio está quase finalizado, enquanto em GO há quem ainda não plantou; no PR, poucos colhem
Houve tempos em que passado o vazio sanitário, em meados de setembro, o produtor entrava com o plantio da soja para colher a variedade de ciclo longo o mais tardar em fevereiro. Com as alterações no clima, nesta safra, alguns Estados chegaram a finalizar o plantio em dezembro, outros precisaram fazer sucessivos replantios e uma minoria deve seguir plantando a soja até o próximo dia 15.
Paraná
No Paraná, a colheita está começando agora e, segundo Fernando Fávero, assessor técnico da Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol), não chega a 1% da área plantada. Até o momento não foram registrados prejuízos causados por insetos. A ferrugem asiática também permanece controlada na maior parte das lavouras e a preocupação é com quem cultivou soja safrinha. Nessas propriedades, o que restou de sementes da safra anterior aumenta a incidência de soja guaxa, que também está mais presente em áreas com atraso no plantio. Para Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, “é melhor ano com ferrugem do que com seca”, desde que, claro, o produtor não descuide das aplicações de fungicida. “No Paraná, o desenvolvimento vegetativo foi muito bom nesta safra, com a presença do El Niño, então, a expectativa é chegar à produção de 4 mil kg/he como foi em 2014/2015”, completa Fávero.
Goiás
Em Goiás, a colheita de soja ainda não começou e algumas áreas do Norte e Nordeste ainda estão sendo plantadas. De acordo com Cristiano Palavro, consultor técnico da Aprosoja-GO, a Agrodefesa do Estado estendeu o período de plantio até 15 de janeiro. “A preocupação desses agricultores com a ferrugem asiática deve ser ainda maior porque em áreas tardias é grande a presença de esporos”, afirma. A região, no entanto, responde por apenas 10% da produção de soja no Estado e mesmo sendo esperada quebra de safra de 20% no Norte/ Nordeste de Goiás, os reflexos sobre a produtividade total devem ser moderados.
Para esta safra, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) prevê colheita de 9,8 milhões de toneladas de soja em uma área de 3,35 milhões de hectares. No Sudoeste do Estado, principal zona produtora, Palavro comenta que a chuva tem colaborado para as lavouras estarem em boas condições, apesar do período de seca que perdurou entre novembro e início de dezembro. Sobre o milho safrinha, o técnico afirma que ainda é cedo para prever se haverá tempo para o plantio no momento certo, mas que no ano passado as chuvas foram decisivas para estender a janela de cultivo até abril. “Quanto à colheita da soja, vamos ter dados mais concretos só em meados de fevereiro”, disse Palavro.
Bahia
Na Bahia, a soja não tem mais de 50 dias de plantada, segundo Luiz Stahlke, assessor de agronegócio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). De acordo com ele, a chuva ganhou força no Estado nos últimos 15 dias e a soja está em fase de florescimento. “Ainda não tivemos problemas com pragas e não foi registrado nenhum foco de ferrugem em lavoura comercial”, disse ao Portal DBO. Devido à seca na região, fortalecida pelo El Niño, o mais provável é que a colheita só aconteça nos meses de março e abril. Para Stahlke, com a chegada das chuvas a perspectiva de desenvolvimento da soja é boa, mas talvez o produtor não consiga plantar o milheto e o sorgo na sequência.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, a colheita é esperada para março, sendo a boa notícia o incremento do volume de chuvas no final do ano passado. Segundo o assistente técnico estadual em culturas da Emater-RS, Alencar Paulo Rugeri, o Estado costuma sofrer com o clima mais seco nessa época do ano, o que mudou com os efeitos do El Niño mais intenso sobre a região. No que diz respeito à ferrugem asiática, a umidade não causou maiores problemas. “Os produtores forem orientados a fazer o controle da doença e seguimos sem maiores preocupações no Estado”. No Planalto, principal área produtora, a Emater-RS considera bom padrão de lavoura. Nas regiões da Fronteira Noroeste e Missões, foram feitas até três semeaduras por conta do excesso de precipitações. Nesta safra espera-se produzir 15,7 milhões de toneladas de soja no Rio Grande do Sul em uma área de 5,4 milhões de hectares.