Ausência de um seguro efetivo gera mais incertezas quanto a rentabilidade do produtor
Sojicultores de todo Brasil estão apreensivos com o clima irregular, isso porque do ano passado para o início deste ano as chuvas ou a falta delas, acompanhada do excesso de calor vieram fora do calendário adequado para lavoura de soja.
Cada estado sofreu com as mudanças climáticas de forma distinta. Para o presidente da Aprosoja PR, José Sismeiro, as previsões da Conab estão otimistas. “Acredito que o Paraná deverá colher 16 milhões de toneladas e não 18 como prevê o Governo. Esse ano foi ruim comparado com os outros. Muitos produtores estão tendo produtividades menores e com custos maiores”, conta o Sismeiro.
Já para o presidente da Aprosoja RS, Décio Teixeira, as precipitações aconteceram com muita frequência no início do plantio, sessando agora no final da safra, acompanhadas de altas temperaturas. “Vivemos um período de estiagem que com certeza prejudicou o rendimento das lavouras. Mas a surpresa é que de súbito chegam chuvas torrenciais, com regiões com lavouras totalmente alagadas, causando perdas consideráveis”. Ainda preocupado com instabilidade do clima, Décio explica que mesmo com acumulado da chuva nas últimas semanas, existem áreas que não conseguirão recuperar as perdas.
Quando o assunto é aumento de produção, para o dirigente do RS “o único motivo para aumento de produção é porque o estado aumentou a área plantada, principalmente na área de fronteira”. O que mais preocupa Teixeira no momento é que mais de 40% da safra já foi comercializada, cenário que gera incertezas. “Nossa preocupação é que os produtores consigam cumprir seus contratos, afinal o estado sofreu muito com interferências climáticas”.
Alto Custo de produção e a falta do seguro prejudicam produtores
Muitos estados já estão colhendo a soja, estando alguns estados mais adiantados do que outros. O Paraná já colheu 20%, contra cerca de 10% no Mato Grosso. Mas independente do resultado da colheita, para muitos dirigentes e diretores das Aprosojas, ficou claro que os contratos de venda antecipada aumentaram em mais de 50%. Valor que muito teve a ver com a liberação de recursos para custear a safra. Isso porque, em 2015/2016, por exemplo, os defensivos agrícolas ficaram 50% mais dispendiosos do que no último plantio e o recurso dos bancos destinados à agricultura, quando liberados, estavam atrelados a juros livres.
Tal cenário é assustador para o produtor de Sorriso e vice-presidente da Aprosoja MT, Elso Pozzobon. Segundo ele, deveria ser fomentado um modelo de seguro subvencionado a todos os sojicultores brasileiros não só de risco climático, mas também de renda. “Precisamos garantir renda e não a produção, inclusive cobrindo variações de preços no mercado interno, ou seguiremos vivendo esta insegurança no campo”. Pozzobon justifica que o alto risco da atividade não e só climático, mas principalmente de mercado. “Este ano o clima prejudicou mais, porém se o cambio mudar, o problema será maior”.
O presidente da Aprosoja PA, Vanderlei Ataídes, destaca que além desses fatores, os produtores também têm convivido com a perda de eficiência de inseticidas e fungicida e herbicidas. Segundo o dirigente, o custo com aplicações tem sido o grande filão no custeio da safra.
Já no Piauí o que provocou insatisfação por parte dos produtores foi a falta de qualidade das sementes. Segundo o presidente da entidade local, Moyses Barjud, “houve replantio de forma significativa, o que gerou, ainda, mais custos para o bolso do sojicultor”.
Prioridades Aprosoja Brasil
Para o presidente da Aprosoja Brasil, Almir Dalpasquale, as situações climáticas desse ano só comprovaram que o governo deve melhorar a qualidade do seguro rural brasileiro. Segundo Dalpasquale pela primeira vez o Centro-Oeste sentiu a ausência de um seguro para a lavoura. Segundo ele, a interferência do clima na produtividade da lavoura, situação vivida em todo o Brasil, explicitou a necessidade de termos um seguro que atenda aos produtores do norte a sul deste país.
“Se as apólices fossem interessantes aos produtores, se o governo garantisse volume de subvenção para outras regiões, não só no Sul, poderíamos ter mais tranquilidade para produzir alimentos, empregos e divisas para o país, sem medo de endividamento”.
Para Almir o seguro ainda precisa se tornar um comportamento cultural entre produtores, mas para isso o custo das apólices precisa ficar menor, a concorrência deve crescer. “Isso só será possível quando o poder de negociação e de decidir for do produtor e não do banco ou da seguradora”.
O dirigente da entidade deixa claro que “o tema seguro é uma prioridade da entidade nacional e esse ano estará como nunca na agenda da Aprosoja Brasil”. O objetivo da Aprosoja Brasil é dar soluções para o assunto junto ao Governo. “Quando se investe com garantia no agronegócio, se ganha em competitividade e os resultados são sentidos e vividos pela sociedade”, explica a presidente Almir.
Hoje a soja gera 7 milhões de empregos no Brasil e a cadeia toda, incluindo os insumos, produção e comercialização, movimenta mais de US$ 70 bilhões por ano, gerando impostos, aquecendo a economia de mais de 2 mil municípios do país.
Fonte: Ascom Aprosoja Brasil