Com o calendário agrícola se aproximando de seu fim em junho próximo e o governo já discutindo condições de financiamento para a próxima safra, o volume total de crédito rural contratado nos oito primeiros meses do atual ciclo 2015/16 (julho do ano passado a fevereiro último), recuou 2,3%, para R$ 103,1 bilhões, em relação ao mesmo período da temporada passada.
Os bancos fecharam 1,6 milhão de contratos, uma queda de 1,4% ante o mesmo intervalo da temporada 2014/15.
Considerando apenas os financiamentos para a agricultura empresarial, o volume contratado ficou praticamente estável em relação a igual período da safra 2014/15. Foram R$ 87,7 bilhões até fevereiro de 2016, com leve recuo de 0,3%. Já o montante concedido pelos bancos no âmbito do Pronaf caiu 12%, para R$ 15,3 bilhões.
O recuo no montante global de crédito se deve sobretudo à menor procura pelas linhas de investimento, operadas principalmente com recursos do BNDES, que já caíram 32% nesse intervalo, para R$ 23 bilhões. Essa queda comprova o menor apetite de agricultores e pecuaristas por máquinas agrícolas, por exemplo. O volume contratado para comercialização também caiu: 8%, para R$ 13,7 bilhões.
Por outro lado, as operações de custeio seguiram a tendência de crescimento projetada pelo governo quando lançou o Plano Safra 2015/16 com mais recursos para essas linhas. E já somaram R$ 66,2 bilhões nos oito primeiros meses da atual safra, 17% mais que no mesmo intervalo de 2014/15.
Os bancos públicos, puxados pelo Banco do Brasil, continuam concentrando a maior parcela de contratações dos recursos tanto do Plano Safra quanto do Pronaf. Essas instituições já liberaram R$ 59,4 bilhões no ciclo 2015/16 até fevereiro. Esse número é levemente menor que o aplicado no ciclo anterior, de R$ 59,9 bilhões. No quesito de empréstimos para custeio, contudo, esses bancos concederam R$ 41,8 bilhões, alta de 30%.
Nessa frente, o BB segue na liderança do mercado de crédito rural no país e registra crescimento em suas operações: o banco emprestou um total de R$ 50,5 bilhões entre julho e fevereiro deste ano, volume 4% maior que no mesmo período da temporada passada.
Já as contratações em bancos privados caíram 8,4%, para R$ 30,4 bilhões nos oito primeiros meses do ciclo 2015/16. O volume financiado nesses bancos com juros livres, contudo, já mostra um grande salto no acumulado da atual safra até fevereiro deste ano: as contratações quase dobraram em relação ao mesmo intervalo do ciclo passado, alcançando R$ 5 bilhões.
Entre essas instituições, o Bradesco lidera os desembolsos, com R$ 8,5 bilhões contratados, seguido pelo Itaú, com R$ 6,8 bilhões, e o Santander, com R$ 4,2 bilhões.
Quando se consideram as operações de crédito com base nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), títulos de mercado que vêm crescendo como alternativa aos financiamentos tradicionais do Plano Safra – embora menos do que o projetado pelo governo -, as contratações explodiram, saindo de R$ 83,3 milhões em 2014/15 para R$ 3,3 bilhões em 2015/16, no período entre julho e fevereiro.
Fonte: Valor