O excesso de chuvas que atingiu parte importante das lavouras de soja de Mato Grosso do Sul na atual safra 2015/16 foi menos prejudicial do que o anteriormente previsto.
Levantamento feito pela Aprosoja/MS, associação que representa os produtores do Estado, indica que 41 mil hectares deixaram de ser colhidos devido às perdas com a umidade, o que resultou em um prejuízo em torno de R$ 100 milhões aos agricultores (considerando um custo de produção na casa de R$ 2.452 por hectare). Em janeiro, a estimativa era de perdas de 130 mil hectares e cerca de R$ 470 milhões.
A área não colhida está toda concentrada no sul do Estado, região mais castigada pelas precipitações volumosas entre o fim do ano passado e início de 2016, e onde a quebra média de produtividade ficou em 10%.
Em março, as chuvas também atrapalharam a retirada da soja dos campos. “Muitos municípios não conseguiram avançar na colheita, e os que colheram, sofreram com o grão ‘ardido’, cheio de umidade”, diz Leonardo Carlotto, analista de grãos do Sistema Famasul, que abriga a Aprosoja/MS.
Entretanto, como houve significativo aumento da área plantada em todo o Mato Grosso do Sul, a produção total de soja acabou superando a do ciclo passado. Nas contas da associação, os agricultores do Estado semearam 2,5 milhões de hectares com a oleaginosa em 2015/16, elevação de 8% (186 mil hectares) em relação à temporada passada.
A produção deve somar 7,5 milhões de toneladas, pouco mais de 7% acima das 7 milhões de 2014/15, e o equivalente a 7,5% da produção brasileira de soja. “Mas poderíamos nos aproximar das 8 milhões de toneladas, não fosse o clima desfavorável”, afirma Carlotto.
A produtividade média do Estado está projetada em 50 sacas por hectare, ligeiramente acima das 49,9 sacas da safra passada. “Apesar dos problemas no sul, em alguns municípios do norte tivemos entre 55 sacas e 60 sacas por hectare, que contrabalançaram a média”, explica o analista da Famasul.
A colheita da soja está praticamente encerrada em Mato Grosso do Sul, e o plantio do milho safrinha, feito na sequência, atinge quase 90%. Mas não está descartada a possibilidade de que a área prevista, de 1,8 milhão de hectares com o grão (acima das 1,7 milhão do ano passado), não se concretize.
O motivo é que a chuva que atrapalhou a soja empurrou a janela de cultivo da safrinha de milho. “Estimamos que uns 70% do que foi plantado de milho está tranquilo, mas os outros 30% têm problemas de desenvolvimento”, conclui Carlotto.
Fonte : Valor