Dia do agricultor é celebrado pela Aprosoja Brasil no primeiro Fórum Soja Brasil safra 2016/2017 , em Cascavel (PR)
Debates intensos sobre clima, mercado e seguro rural marcaram o evento
A abertura da quinta edição do Fórum Soja Brasil aconteceu nesta quinta-feira (28/07/16) e reuniu mais de 400 produtores na cidade de Cascavel, localizada a Oeste do Paraná. A escolha do estado não foi atoa, pois o Paraná é o segundo maior produtor de soja do país, representando 18% da produção nacional.
Durante a abertura o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, falou sobre a importância das Associações e frisou a necessidade da união do setor. “No dia do agricultor eu parabenizo todos os produtores rurais pela garra de cada um de nós, mas não adianta trabalharmos individualmente, temos que lutar pelo coletivo, pelas causas do setor e por isso as associações são essenciais e as lideranças têm que seguir todas na mesma direção. Deixo aqui o meu apelo aos Sindicatos e as Federações para andarmos juntos e não em projetos egoístas e pessoais, pois reforço nossa causa é coletivo”, frisou Da Rosa.
Perspectivas de Mercado e Clima
Depois da quebra de safra de soja 2015/2016 por conta das interferências climáticas os produtores do país estão receosos com a safra 2016/2017. Segundo a metereologista da Somar, Desirée Brandt, as previsões para este ano são diferentes do ano passado. “As chuvas vão ser tardias, mas elas vão vir, inclusive no MATOPIBA. Provavelmente teremos problema de seca no sul, sendo mais crítico para o Rio Grande do Sul, pois quando estiver chovendo no nordeste as precipitações serão escassas no sul do país “, alertou a metereologista. Brandt explicou que por isso o desenvolvimento das lavouras de soja no RS pode ser ruim. “Devido a falta de chuva a raiz da oleaginosa pode ficar menor e a vagem não se deve desenvolver tão bem”, disse Brandt. A especialista também destacou a necessidade de se escolher onde plantar. “Se fosse produtor nesta região, não plantaria em uma área da propriedade com baixa capacidade de retenção de umidade, a chance de perdas seria alta”.
Para o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, é essencial acompanhar as previsões climáticas para fazer o planejamento da safra. “Em 2015 muitos produtores plantaram e não choveu, situação que causou perda de muitas lavouras brasileiras e ainda aumentou os custo de produção com o replantio”.
A necessidade de ser um bom gerente do seu negócio foi o tema da apresentação do representante da Embrapa, Pedro Abel. “Existem muitos fatores como, mercado, bolsa, câmbio e por isso é essencial que o produtor rural faça investimento em gestão empresarial”, afirmou Abel. Segundo o pesquisador, também precisamos investir em comunicação eficiente para vender o agro real e não essa imagem fabricada para o mundo.
Para o painelista de mercado da Safras & Mercado, Paulo Molinari, os cenários do mercado são instáveis. “Provável impeachment da presidente Dilma, eleições nos EUA, safra recorde no Estados Unidos, temos vários fatores que dificultam a previsão de câmbio”. Molinari disse ainda que apenas 13% dos produtores de soja fecharam a safra que será plantada. “Eu gostaria que fosse mais que 13%. Minha opinião é para já travar os custos de sua lavoura, para pelo menos isso o produtor quitar e não precisar de recursos do banco”, destacou o especialista em mercado. O representante da Aprosoja Brasil acredita que haverá menos área plantada na safra 2016/2017. “Esse ano o plantio deve ser menor, o produtor está descapitalizado e isso afetará sua capacidade de investimento, provavelmente usará menos adubo e devolverá arrendamentos”, explicou Marcos da Rosa.
Seguro rural um problema do setor
Depois dos severos problemas da safra 2015/2016, muitos produtores tem demandado a Aprosoja Brasil para que resolva os problemas de incapacidade de pagamento de custeios e investimentos desta safra e falta de crédito para próxima safra. Por isso a entidade em parceria com o Canal Rural lançou uma enquete sobre o tema. O resultado mostrou que em um universo de mais mil produtores de soja, 82% disseram ter problemas para honrar as parcelas deste ano e para pegar crédito novo no banco. Para Marcos da Rosa enquanto não tivermos um bom seguro rural, esses problemas serão recorrentes em todo o Brasil.
Angelo Gemignani do IBDAGRO abriu o segundo painel e foi enfático ao afirmar que os juros praticados hoje no crédito rural e a subvenção do seguro rural deveriam ser usados em benefício dos produtores e não para encher os bolsos dos bancos e seguradoras como acontece hoje. O painel foi aplaudido pelo público após a afirmação. Para o especialista este dinheiro deveria estar sendo aplicado em um bom fundo para segurar a safra.
O consultor e especialista em seguro, Luiz Roberto Foz explicou que o seguro rural nunca dará certo enquanto for um modelo pensado para beneficiar as seguradoras ao invés de ser feito pensando nas necessidades dos produtores. “Na Argentina, Estados Unidos, no México, Uruguai, em todos esses países os produtores organizaram o modelo para eles. Se no Brasil isso não aconteceu, a culpa é dos senhores”, disse apontando o dedo para a plateia de agricultores. “O setor deve unir-se e exigir recursos, cobertura, área necessária a ser segurada”, finalizou Foz.
O presidente da Aprosoja Paraná, Jose Sismeiro, também acredita que o melhor modelo de seguro rural é o que os produtores vão construir. Hoje acreditamos que nenhum desses modelos nos atende e para chegarmos a um seguro ideal ele deverá ser criado por nós, igual aconteceu com os EUA e a própria Argentina. E nos da Aprosoja estamos construindo esse modelo”, contou Sismeiro. A subvenção paga pelo governo para as seguradoras deveria ir para os produtores. Mas, junto com o Ministério da Agricultura estamos desenvolvendo um grupo de trabalho para achar uma solução para o tema”, disse o presidente da Aprosoja Paraná.
Soja Brasil cultural
Fórum contou ainda com a participação do cantor sertanejo Rodrigo Freitas. O cantor animou os intervalos dos debates com as clássicas, como Fio de Cabelo e Estrada da Vida.
Fonte: Ascom Aprosoja Brasil