Pesquisadores da Embrapa explicam que quanto mais conhecimento e informação maior será a rentabilidade do produtor
O cenário era propício, em uma das maiores feiras de agronegócios do país, a Expointer no (RS) recebeu na noite dessa quinta-feira (01.09) o segundo Fórum Soja Brasil. Com mais de 150 participantes a casa RBS esteve lotada durante todo o evento.

Aprosoja Brasil: visão panorâmica da sojicultora nacional
Antes de o debate começar o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, fez um panorama sobre a atual situação da sojicultora nacional. Pontos fortes e pontos fracos dos produtores foram ressaltados. “Produzimos em somente 3,5% do território nacional, ou seja , nós produtores respeitamos a legislação ambiental, na qual nesse país é uma das mais severas do mundo. Produzimos com responsabilidade”, frisou o representante. Ainda em suas falas Marcos também chamou a atenção dos sojicultores. “É necessário que façamos as contas, é fundamental ter gerência, apurar melhor os números das nossas planilhas, pois temos que entender o nosso negócio. Infelizmente, muitas vezes nossa contabilidade não é feita corretamente”.
Para fechar da Rosa comentou sobre a falta de informação dos contratos assinados entre empresas e produtores. “Acho muito triste isso, mas não sabemos o que estamos assinando, afinal se soubéssemos nem assinaríamos, pois nada é a nosso favor. Entretanto, alerto os senhores, fiquem atentos a cada cláusula, para depois não se chatearem com direitos que não nos corresponde, ou pior que achávamos que tínhamos”, destacou o presidente da Aprosoja Brasil.
O presidente da Aprosoja Rio Grande do Sul, Décio Teixeira deixou seu recado. “Somos o terceiro maior estado que produz soja, mas estamos diminuindo a produtividade, esse ano por conta de intempéries climática. A última safra deixou marcas, mas temos que ter foco e buscar técnica e informação, para assim podermos melhorar nossa rentabilidade”, disse Teixeira. Aproveitando a deixa, o presidente da Aprosoja MT, Endrigo Dalcin, chamou a atenção para as consequências do El Ninho na safra 2015/2016 e contou que algumas regiões do Mato Grosso também sofreram as consequências do clima.

Em busca da alta da produtividade
O especialista em solo e pesquisador da Embrapa, José Eloir Denardin, trouxe como tema “Manejo de solo para a alta produtividade”, os produtores devem buscar informação sempre, mas para usá-la a seu favor é necessário ter formação. “Adquirir tecnologia é manejar conhecimento. Tecnologia é informação, mas para adotá-la é indispensável formação. Ainda na sua palestra Denardim afirmou que há pelo menos 15 anos o Paraná, por exemplo, não aumenta sua média de produtividade. “A média do Brasil não chega a 50 sacas por hectare, para mim, enquanto os produtores não fizerem o manejo adequado do solo, suas lavouras ficarão estagnadas”, frisou o pesquisador.
O segundo painelista, Dirceu Gassen, pesquisador e consultor agropecuário, destacou a necessidade dos sojicultores brasileiros começarem a usar a mesma área plantada, porém com mais eficiência. “Temos que remunerar conhecimento. Muitas vezes preferimos investir em uma máquina nova, ou um produto novo do que contratar alguém que entenda de manejo, tecnologias de solo. Ao meu ver é necessário investir nessas informações para assim aumentar a produtividade das lavouras”, priorizou Gassen.
Para o diretor executivo do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), Nery Ribas O Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja do CESB é uma forma de estimular, desafiar o produtor a buscar recordes. “Nosso foco é disseminar informação, pois só chega a máxima produtividade quem por exemplo, acompanha as tecnologias, faz o manejo de solo, compra semente qualificada, ou seja, é uma construção continua”, contou Ribas.
O quinto palestrante Éder Martins, geólogo e pesquisador da Embrapa trouxe como tema “Técnicas de rochagem”. Segundo ele, o Brasil possui solos muito pobres de nutrientes e para compensar este problema os produtores investem muito em fertilizantes e isso impacta diretamente a rentabilidade do produtor. Por conta desse gargalo o Martins contou sobre o pó de rocha, que se trata de uma rocha moída e peneirada que tem a função de melhorar a qualidade física e química do solo. “A vantagem é que esse pó fica na terra e não é levado junto com a água de chuva, como os fertilizantes. Mas é importante entender que a rochagem não é para substituir os fertilizantes e, sim para complementar e também reduzir custos de produção”, explicou Martins.
Para finalizar o Fórum, Rodrigo Yoti, coordenador de pesquisa em agrometeorologia na Fundação ABC falou sobre previsões do clima. Yoti apresentou as vantagens do conhecimento prévio por parte do produtor a respeito do clima e como isso poderá ajudar na redução das perdas de produtividade. Segundo o coordenador esse conhecimento pode evitar que o produtor tenha despesas desnecessárias. “Entender as condições climáticas é essencial para minimizar os custos de produção”, afirmou Yoti.
Fonte: Ascom Aprosoja Brasil
Fotos: Ascom Aprosoja Brasil