No mercado brasileiro, os preços do milho continuam pressionados negativamente e ainda podem ceder mais ao longo do ano, segundo destaca o consultor de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão. O cenário é decorrente da queda registrada no dólar e também da perspectiva de uma recomposição na oferta.
Confira a entrevista com Anderson Galvão, da Céceres Consultoria
“No caso do cereal, estamos passando por um processo de recuperação de safra. Em 2016, registramos uma quebra de quase 15 milhões de toneladas do grão, o que fez falta no mercado interno e elevou os preços a patamares inéditos”, explica Galvão.
Porém, para essa temporada, as estimativas oficiais apontam para uma safra total ao redor de 87,40 milhões de toneladas. Inclusive, algumas consultorias já projetam uma produção de 90 milhões de toneladas. Somente na segunda safra, os produtores poderão colher 58,59 milhões de toneladas do cereal.
“E tirando alguns problemas pontuais com excesso de chuvas em Mato Grosso, a safra de milho inverno será cultivada dentro de condições próximas da normalidade. Cenário que associado à melhora nos investimentos em sementes e tratos culturais poderá resultar em uma produção recorde”, pondera Galvão.
E, consequentemente, pressionar ainda mais as cotações do milho, ainda na visão do especialista. Além disso, Galvão sinaliza que a perspectiva para os preços só não é pior “porque a demanda por milho ainda é firme tanto no mercado internacional, quanto no mercado interno. Acreditamos que as exportações podem voltar ao número de 30 milhões de toneladas neste ciclo”, acredita.
E o embate entre Estados Unidos e México poderia gerar, pontualmente, oportunidades para os produtores brasileiros. “Ainda é difícil avaliar a situação e quão duradouro será esse quadro. Os países ainda podem chegar a um novo acordo, até porque estruturalmente é mais viável atender o mercado mexicano com o produto americano”, ressalta Galvão.
Comercialização
O analista ainda reforça que os produtores rurais do Centro-Oeste foram agressivos nas fixações antecipadas. “Mas com a continuidade na queda nos preços é preciso avaliar vender mais da safra nesse momento, ou se os produtores quiserem se proteger de uma eventual alta existem mecanismos nas bolsas BM&F Bovespa e Chicago, como opções de compra”, conclui.
Fonte: Notícias Agrícolas