A liquidação no mercado da soja se acentuou na tarde desta quinta-feira (23) e os futuros da commodity negociados na Bolsa de Chicago terminaram o dia perdendo mais de 9 pontos, com o vencimento maio/17 batendo nos US$ 9,90 por bushel. Com esse novo recuo, os preços terminaram o dia batendo em suas mínimas em cinco meses.
A pressão maior ainda vem da chegada cada vez mais intensa da nova safra da América do Sul ao mercado internacional, que convergem com as especulações de um aumento de área nos Estados Unidos na próxima safra, como explicam analistas e consultores nacionais e internacionais.
No Brasil, a colheita continua sendo concluída de forma bastante satisfatória – com mais de 60% da área com os trabalhos de campo já concluídos e índices de produtividade bastante elevados – reforçando o sentimento da que a produção poderá alcançar as projeções das 110 milhões de toneladas. Enquanto isso, na Argentina, após os problemas iniciais, o potencial desta temporada foi retomado.
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires, nesta quinta-feira, revisou seus números para a colheita do país e estima agora 56,5 milhões de toneladas. O número revisado – com uma alta de 3,1% – é reflexo também dos bons primeiros resultados apresentados neste início de colheita.
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Demanda
De outro lado, a demanda permanece trazendo notícias importantes e que ainda oferecem sustentação às cotações, como os números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou nesta quinta em seu tradicional reporte semanal.
Na semana encerrada em 16 de março, as vendas americanas somaram 818,1 mil toneladas, enquanto os traders esperavam algo entre 450 mil e 850 mil toneladas. Da safra 2016/17 foram vendidas 738,2 mil toneladas – com as expectativas do mercado, para os volumes deste ano comercial, variando entre 350 mil e 550 mil toneladas.
Com esse total, portanto, o acumulado das vendas em toda a temporada chega a 54.197,8 milhões de toneladas frente à estimativa de 55,11 milhões para todo o ano comercial. No ano passado, nesse mesmo período, as vendas somavam 43.702,9 milhões de toneladas.
Já da safra nova, os EUA venderam 79,9 mil toneladas. A China segue como principal demandadora da oleaginosa dos EUA.
Comercialização
Embora a demanda precise tanto da oferta norte-americana, quanto sul-americana, a disputa entre ambos os produtos neste momento também exerce influência no direcionamento das cotações em Chicago. E além do câmbio, o mercado de prêmios também está no centro das atenções neste momento, esclarecendo quem leva, neste momento, a maior parcela do mercado.
“Os prêmios no Brasil começaram a cair e estão próximos aos do Golfo, o que torna os preços mais competitivos e consequentemente, aumenta o interesse da China por soja brasileira”, explica o analista de mercado e diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa.
Ainda segundo um levantamento da Labhoro, os prêmios para a soja no Golfo se mostram entre 24 e 35 cents de dólar sobre os preços praticados na Bolsa de Chicago, enquanto em Paranaguá variam de 25 a 35 cents.
Para o mês de março, a AgResourCe Brasil estima que o ritmo dos embarques brasileiros siga acelerado e, baseando-se na fila de embarques e navios programados, o total alcance, somente neste mês, 10,2 milhões de toneladas. Caso o volume se confirme, será 2 milhões de toneladas maior do que no mesmo período do ano passado.
Preços no Brasil
No Brasil, os preços mantiveram sua estabilidade em quase todas as principais praças de comercialização e nos principais portos de exportação do país. As baixas de Chicago foram neutralizadas pela alta de mais de 1% do dólar nesta quinta-feira, levando a moeda a R$ 3,138 novamente.
Assim, Paranaguá manteve os R$ 69,00 por saca como referência no disponível e os R$ 70,00 para maio. Já em Rio Grande, respectivamente, R$ 69,50 e R$ 70,50 para junho, também sem alterações em relação ao fechamento anterior.
Fonte: Notícias Agrícolas