Cerca de 40% da safra 2016/2017 de Mato Grosso está a céu aberto. O alerta foi feito pesquisador Mauro Osaki, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), durante o 4º Simpósio Agroestratégico, realizado nesta quinta-feira (4/5), em Cuiabá, e promovido pela Aprosoja MT. Osaki defendeu um esforço dos produtores para a ampliação da rede de armazenagem privada com o objetivo de garantir melhores condições para comercialização dos grãos. Segundo ele, investir em armazenagem própria traz vantagens, mas também desvantagens.
“Ter ampliação da capacidade de armazenagem dá maior eficiência à colheita, permite melhor controle do desconto na recepção da carga nas empresas e cria oportunidade para vender a produção fora do pico da safra e ter melhor preço. Em contrapartida, requer alto investimento, eleva o custo fixo da propriedade com bens e mão de obra e pode produzir obsolescência do produto provocado por perda de qualidade do grão estocado”, destacou.
Segundo o pesquisador, mais da metade da capacidade de armazenagem nos EUA (56%) está nas mãos dos produtores. Em Mato Grosso, por exemplo, este percentual chega a 18%. “A capacidade de armazenagem estática brasileira não vem acompanhando crescimento da produção. Nós não temos capacidade estática e deixamos a céu aberto”, apontou
A baixa capacidade de armazenagem tem trazido prejuízos diretos aos produtores de Mato Grosso. Segundo Mauro Osaki, a soja vendida em Sinop chega a perder 30% do preço quando entregue no Porto de Paranaguá (PR). “O período de fevereiro a maio é o de maior pressão nos preços por causa da falta de armazéns”, salientou Osaki.
IV Simpósio Agroestratégico
Discutir o sistema de produção agrícola em Mato Grosso e em outros estados foi o objetivo do evento, que reuniu produtores e pesquisadores no Centro de Eventos Pantanal, em Cuiabá. Além de painéis, também foram realizadas mesas redondas com os participantes.
O painel 1 discutiu o manejo de resistência de pragas, doenças e ervas daninhas nas lavouras de soja e milho. Na ocasião, o pesquisador Celso Omoto, da Esalq, defendeu a necessidade de aplicação de doses adequadas de defensivos para garantir maior eficiência. “Fica cada vez mais claro que o uso excessivo causa uma série de problemas ao produtor”, disse ao lembrar de problemas que o produtor enfrenta com a lagarta da falsa medideira, helicoverpa e spodoptera.
A pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, recomendou algumas práticas para o manejo de doenças como a ferrugem asiática, entre elas a adoção do escape, que consiste em semear cultivares no início da época recomendada, o controle químico, a utilização de cultivares mais resistentes e o refúgio. “Cerca de 50% da soja do Brasil não tem ferrugem por causa do refúgio. A melhor estratégia é plantar cedo. A outra é o monitoramento. Temos de pensar de forma mais ampla. Fungicidas são ferramentas eficientes, mas precisam ter aplicação correta”, acrescentou.
“A rotação de herbicidas com diferentes locais de ação é uma das estratégias mais eficientes para o controle de ervas daninhas”, acrescentou Anderson Cavenaghi, do Centro Universitário Várzea Grande (Univag), o terceiro palestrante do painel.
Pó de rocha e agricultura biológica
O painel III tratou da agricultura biológica e o uso pó de rochas nas lavouras. Fernando Hercos Valcente, da Embrapa Milho e Sorgo, explicou como funciona o controle biológico e o uso de doenças para o manejo de pragas que atacam as lavouras. Éder Martins, da Embrapa Cerrados, abordou a legislação e premissas de uso de remineralizadores para enriquecimento dos solos e fortalecimento das plantas. O tema foi debatido em uma mesa redonda que teve a participação do produtor Victório Henrichs, que apresentou resultados positivos da utilização de técnicas de agricultura biológica.
Fonte: Aprosoja Brasil