Agronegócio tem forte participação nas previsões de PIB positivo no primeiro trimestre. No entanto, dólar e commodities em baixa tiram renda do campo
Apesar de não encher o bolso do produtor, a supersafra de grãos 2016/2017, estimada pela Conab em 232,02 milhões de toneladas, começa a tirar o país da recessão. As principais projeções para a economia indicam que o resultado positivo para o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre está sendo impulsionado pelo agronegócio.
O IBC-Br, Índice do Banco Central, subiu 1,12% em relação aos últimos três meses do ano passado e interrompeu uma sequência de oito quedas na comparação com os trimestres anteriores. O Monitor do PIB, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), estima elevação de 1,19%. Já o indicador Serasa Experian de Atividade Econômica prevê alta de 0,9%.
Segundo o IBGE, a produção de grãos deste ano será 26,2% maior do que no ano passado. E de acordo com projeções feitas pelo banco Santander, a agropecuária será responsável por metade do crescimento econômico previsto para o país em 2017.
Na avaliação do presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, os resultados são mais uma demonstração inequívoca da importância do setor agropecuário para a recuperação da economia.
“Os números comprovam que o setor agropecuário contribui com a estabilidade econômica do país, com a geração de empregos e impostos e com a redução da inflação, que deve ficar abaixo de 4 % até o final do ano. O agronegócio tem participação direta nestes resultados”, explica o dirigente da entidade que representa 90% dos produtores de soja do país.
Marcos da Rosa destaca a eficiência e competitividade do produtor “da porteira para dentro”, mas ressalta que o setor acaba punido pela falta de logística e pelo ambiente de negócios desfavorável quando precisa escoar e comercializar sua produção. Segundo ele, a supersafra não representa renda ao produtor.
“A atividade dos produtores rurais não tem margens de lucro garantida, como acontece com a indústria e o comércio, pois os preços são definidos em bolsa e pelo mercado. Os produtores investiram e plantaram a safra atual com dólar acima dos R$ 3,60 e estão vendendo a produção com dólar abaixo dos R$ 3,10. Além disso, o preço baixo das commodities não estão remuneram muito bem. O produtor trabalha no limite para pagar apenas os custos de produção, que aumentam a cada ano e reduzem nossa competitividade e capacidade de investimento. Neste ano, em particular, muitos estão no vermelho. Vivemos período de supersafra, mas ela não reflete a realidade vivida no campo. O produtor está trabalhando no limite”, pondera.
Funrural
A cobrança do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no final de março, neste ambiente de baixa liquidez no campo preocupa. A entidade aguarda a publicação de uma Medida Provisória que é resultado de negociação entre o governo e a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Embora a alíquota de 1,5% para o Funrural desagrade entidades, a publicação da MP pode evitar que os produtores seja incluídos na Dívida Ativa da União por inadimplência porque abre prazo ao refinanciamento dos valores cobrados.
“A partir da publicação da MP, caberá às entidades e aos parlamentares a formulação de emendas para buscarmos a melhor condição aos produtores. Mas reiteramos que esta conta do Funrural não é nossa e se formos chamados a pagar este ano, não tem de onde tirar. O governo precisa estudar outra fonte para sanar suas contas”, argumenta.