A produção de grãos na safra 2016/17 pode chegar a 237,2 milhões de toneladas, com um aumento de 27,1% ou 50,6 milhões de toneladas frente às 186,6 milhões de t da safra passada. De acordo com o 10ª levantamento da atual safra, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira (11), os números da produção e área da soja permanecem os mesmos do último levantamento.
Apesar de o cenário ainda ser de grande volume de produção, a tendência no médio prazo é de contração e redução da atividade agropecuária brasileira. O alerta é do presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa.
Segundo ele, uma série de situações comprova esta tese, a começar pelo ciclo de queda do preço das commodities agrícolas. Neste cenário de baixa nos preços, a oferta acompanha a tendência e os preços devem se regular.
“As margens dos produtores estão sendo reduzidas, desestimulando um aumento de produção. O governo já deu sinais claros de que vai começar a cortar equalização de recursos, tendo em vista, principalmente, a PEC do teto de gastos da União”, afirmou.
Outro fator importante apontado pelo presidente da Aprosoja Brasil é a redução do volume de crédito rural disponibilizado pelo governo para a safra 2015/2015. A safra 2016/2017contou com R$ 161,3 bilhões para custeio, investimento e comercialização, 5,4% a menos do que os R$ 165,9 bilhões da anterior.
Marcos da Rosa acrescenta que exigências para financiamento dos produtores rurais estão sendo aumentadas, restringindo o acesso a financiamentos para o plantio da safra. Ele afirma ainda que a regulamentação do Código Florestal tende a reduzir a área plantada.
“A sociedade, através das ongs e da indústria, pressionam por uma moratória da soja no bioma Cerrado”, lembrou.
Segundo ele, o Ministério do Meio Ambiente vai também regulamentar o Programa de Regularização Ambiental das propriedades. Com isso, muitos produtores terão de recompor reserva legal e APP, tirando da atividade áreas produtivas. Algumas estimativas apontam que a área chegaria a 60 milhões de hectares, o que equivale a duas vezes a área plantada de soja.
“Vale lembrar que Mato Grosso é campeão na indicação de produtores no Cadastro Ambiental Rural que querem se regularizar”, acrescenta.
Na avaliação do presidente da Aprosoja Brasil, o cenário descrito não permite ao setor produtivo acreditar em crescimento da produção como nos últimos dez anos.
“Isso significa que o papel do país como celeiro do mundo começa a ficar ameaçado. A comida pode ficar mais cara para o consumidor e os mercados externos terão de disputar nossos produtos. Para os produtores pode ser positivo. A oferta vai ser limitada e os preços vão subir para quem produz, o que não ocorre ha muito tempo”, finalizou.
10º Levantamento da Conab
Conforme os dados da Conab, a soja deve crescer 19,4% e chegar a 113,9 milhões de toneladas, com ampliação de 1,9% na área plantada estimada em 33,9 milhões de hectares. A produtividade subiu de 2.870 para 3.362 kg/ha na atual safra, devido ao clima extremamente favorável em todas as regiões produtoras do país.
Quanto ao milho total, a produção deve alcançar 96 milhões de toneladas, 44,3% acima da safra 2015/2016. A previsão é de 30,4 milhões de toneladas para a primeira safra e de 65,6 milhões para a segunda. A área total deve alcançar 17,4 milhões de hectares, com um crescimento de 9,2%. As duas culturas respondem por 88,5% dos grãos produzidos no país.
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