A produção de etanol de milho é uma opção para sanar um problema do Centro-Oeste, que é o excesso de produção do cereal, disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Marcos da Rosa, durante o painel Novos Mercados, Novas Oportunidades, do Summit Agronegócio 2017, realizado nesta segunda-feira (27/11), em São Paulo.
“Nosso custo de produção superou muito o preço de venda de milho”, disse Rosa. Ele citou o caso de sua propriedade em Mato Grosso, onde o custo de produção do milho chegou a R$ 26/saca, enquanto o preço de venda de milho totalizou R$ 16, podendo chegar a R$ 20, “com muita negociação”.
O presidente da Aprosoja Brasil disse não saber se haverá concorrência direta com o etanol de cana, mas ressaltou que a política de preço dos combustíveis deve acelerar a competitividade do etanol. “Quase todo o etanol usado em Mato Grosso é importado de outros Estados.”
O presidente Aprosoja Brasil destacou também que a perspectiva de remuneração do produtor em 2017/18 segue apertada no Brasil. “O bushel de soja não reage, e o dólar está em uma gangorra. Os custos são altos em relação ao preço atual”, disse. “A comercialização está bem menor ante os outros anos. Produtor não está vendendo porque não tem rentabilidade”, acrescentou.
Rosa lembrou que houve atrasos no plantio por causa da demora na regularização das chuvas no Brasil. “As chuvas não foram parelhas, isso causou um atraso”, afirmou ao assegurar que o atraso não deve prejudicar rendimentos. “A perspectiva é de uma safra boa. O plantio atrasou, mas produtores não arriscaram, plantaram com umidade.” Contudo, segundo ele, a janela de plantio do milho pode ser afetada. “Tem regiões de Mato Grosso onde o plantio pode diminuir em 10% devido ao atraso na semeadura da soja. Já não teremos a mesma quantidade de milho no mercado.”
O presidente da Aprosoja Brasil destacou ainda que, em um cenário de despesas elevadas – ele citou o aumento no diesel que influencia frete e custo de operação de máquinas -, o setor produtivo espera deste e do próximo governo que reduzam o custo Brasil, com a reforma da Previdência e investimentos em logística para melhorar o escoamento da produção.
Futuro do país
De acordo com Marcos da Rosa, o futuro do Brasil passa “por um projeto de nação coletiva”. Em sua palestra, ele destacou que, na safra passada, os gastos para produzir grãos ficaram próximos da receita obtida na comercialização e o seguro agrícola ainda “não funciona”. No entanto, para o executivo, um ponto positivo é que o Brasil é considerado o melhor país para agregar preço à produção em questão de sustentabilidade.
Na avaliação de Rosa, há espaço para crescer no comércio exterior e cabe às instituições o papel de ajudar o governo a apresentar o Brasil aos mercados internacionais, uma vez que “os adidos agrícolas não são suficientes”.
Fonte: Broadcast Estadão