Encontro realizado em Mineiros (GO) mostra que é possível produzir mais com menos custos e garantir maior rentabilidade
Produzir alimentos com menores custos para gerar maior rentabilidade ao produtor e menor impacto social e ambiental é possível e existem técnicas que já estão dando certo. As alternativas foram discutidas durante o 4º Encontro de Agricultura Sustentável, promovido entre os dias 22 e 24 de janeiro no município de Mineiros, no Sudoeste de Goiás. Participaram produtores, representantes de entidades do setor agrícola e pesquisadores.
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“A gente quer mostrar que produtores têm alternativas. Este encontro serve para falar ao produtor que existe solução viável para a gente fazer uma agricultura sustentável e realmente sair da teoria e ir para a prática. Aqui mostramos coisas que os produtores estão fazendo, que é possível produzir mais e melhor e com menor custo para ele e para a sociedade. O objetivo é discutir as novas tecnologias que estão aparecendo e tecnologias alternativas para que o produtor possa ter uma rentabilidade alta na sua propriedade.”, destacou o produtor Rogério Vian, um dos organizadores do Encontro.
Promovido pelo Fórum de Agricultura Sustentável, o encontro apresentou resultados práticos a partir da adubação do solo com o uso de pó de rochas por diversas safras. Entre as vantagens apresentadas estão a redução dos custos aos produtores e melhoria da qualidade do solo e das lavouras, que se tornaram mais resistentes a pragas. Consequência disso foi uma redução na aplicação de fertilizantes e defensivos químicos.
Anfitrião do encontro, o produtor rural Rogério Vian apresentou seu histórico com o uso de pó de rocha. Há dez anos ele começou a experimentar os minerais existentes no próprio estado de Goiás para enriquecer o solo de sua propriedade.
‘Tive uma redução de 30% no custo de plantio. No início foi uma loucura, ninguém sabia se iria dar certo, mas logo as plantas se desenvolveram. É uma alternativa que precisa ser estudada caso a caso pelo produtor, de acordo com as características e as condições do solo que possui’, destacou Vian ao lembrar que a técnica já está sendo adotada, principalmente, por produtores de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e, em menor escala, em outras regiões.
O pesquisador da Embrapa Cerrados, Éder Martins, reforçou a viabilidade da utilização de pó de rochas como remineralizadores de solo.
“O encontro foi importante para mostrar que este tipo de processo é adequado aos solos agrícolas brasileiros para reter nutrientes em curto e médio prazos, aumentando a eficiência do uso de nutrientes e melhorando a capacidade do solo de reter água e promover equilíbrio nutricional”, afirmou em sua palestra.
Segundo ele, o Brasil é dependente de potássio e não possui fontes disponíveis. “Todas vêm do hemisfério norte. Esta questão da dependência em relação aos insumos tem de ser algo a considerar. É um problema para nós. Outro tipo de consequência que enfrentamos com as práticas convencionais é com perda de matéria orgânica e o pó de rocha pode trazer benefícios importantes’, reiterou.
O uso e o registro de pó de rocha nas lavouras como insumo para aumentar a eficiência dos solos já é autorizado pelo Ministério da Agricultura em todo o território nacional. Por meio das Instruções Normativas 5 e 6, de março de 2016, o ministério regulamentou a lei 12.890/2013, que definia os remineralizadores como novo tipo de insumo para a agricultura.
A norma definiu quais as características mínimas que precisam estar presentes nestes remineralizadores. Hoje já há remineralizadores registrados, entre eles o finos de mica xisto, resíduo da mineração de brita, rico em potássio e com capacidade de liberar nutrientes ao solo em curto prazo.
Durante dois dias foram discutidos outros temas, como a adoção de homeopatia para as plantas, associativismo e sucessão rural, com o aumento da participação de produtores rurais jovens.
A utilização de agricultura biológica para o controle de pragas também teve destaque, com discussões sobre os desafios das biofábricas e a expansão da agricultura sustentável para novas áreas.
No primeiro painel, o produtor Rogério Vian, um dos organizadores do evento, fez um balanço sobre a trajetória e as ações do Grupo de Agricultura Sustentável em defesa de alternativas para a produção.
Os presidentes das Aprosojas Brasil, Mato Grosso e Goiás, respectivamente Marcos da Rosa, Antônio Galvan e Bartolomeu Brás, falaram sobre o fortalecimento da cadeia rural e trouxeram exemplos de governança.
Os dois primeiros dias foram dedicados às discussões e palestras. Na quarta-feira os participantes fizeram um Dia de Campo na Fazenda Babilônia, de Rogério Vian, onde puderam ver de perto alguns resultados práticos de técnicas de agricultura sustentável.
Fonte: Aprosoja Brasil
Parabéns pelo artigo,adorei!