Apesar da entrada de novos bancos operadores de crédito rural e de modalidades de financiamento, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), o acesso a recursos ao produtor, principalmente para investimentos em armazenagem de grãos, precisa ser desburocratizado e ampliado.
O alerta foi feito pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Antonio Galvan, durante audiência pública virtual realizada nesta sexta-feira (16/7) pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Segundo ele, o produtor carece de recursos para investir na propriedade, já que a maior parte do crédito é para o custeio.
“Isso é extremamente preocupante. Não adianta aumentar a produção se não tem onde guardar. Se nós tivéssemos um problema comercial, como aconteceu entre China e Estados Unidos, onde colocaríamos a nossa safra? Jogaríamos fora por não ter onde guardar?”, questionou.
De acordo com o líder classista, o investimento em armazém reduz o desgaste das rodovias porque evita que toda a produção transite de forma concentrada pelas rodovias em época de colheita.
“O ganho é excelente. Reduz o custo com a manutenção de rodovias. Um produtor que cultive 300 ou 500 hectares já tem viabilidade para estocar sua lavoura e construir sua armazenagem”, explicou.
Ao participar do painel ´Exposição sobre o Mecanismo Gestão de Títulos do Agronegócio’, Galvan lamentou que o instituto do Patrimônio de Afetação, para utilização de imóveis ou frações dele como garantia de financiamento, não foi implementado até o momento.
“Lembro que no passado o Banco do Brasil iniciou operações de crédito com recurso controlado, onde se dava o imóvel em garantia e o crédito se renovava automaticamente, mas não se sabe o motivo do término desse processo. Esperamos que a Lei do Agro funcione e que o produtor possa dar uma fração da propriedade garantia”, acrescentou.
Galvan disse ainda que é bem-vindo que mais bancos se envolvam no sistema de financiamento agrícola, desde que inovem para reduzir a burocracia.
“Quem entrar no mercado, tem de inovar. Eu deixei de usar o crédito agrícola por causa da burocracia. A gente ouve a reclamação de sempre, de que o acesso ao crédito não inovou em nada. Faz 40 anos que é sempre a mesma burocracia. Não adianta ter mais bancos operando com mais linha de crédito e fundos sem desburocratizar o acesso”, disparou.
A audiência foi proposta pelo deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS) e contou com a participação de consultores e representantes de entidades.