Aprosoja visita a embaixada do Brasil na China
29/07/2013
Uma comitiva de 23 brasileiros composta por diretores e delegados da Aprosoja-MT visitou hoje, 29/07/2013, a embaixada brasileira em Pequim, capital da China. A visita faz parte da programação oficial da Missão China 2013 da Aprosoja-MT. O grupo foi recebido pela adida agrícola, Andréa Bertolini, que assumiu o posto há 5 meses.
Andréia fez uma apresentação do trabalho feito pela embaixada que se restringe a comunicação e negociação comercial entre os dois países. Em seguida da importância da soja brasileira para os chineses. Hoje 40% da soja importada pelo país vem do Brasil e do nosso lado, o complexo soja, especialmente, grão, representa 80% das exportações do agronegócio para a China. O óleo brasileiro também tem como principal destino a China, o que se consolidou a partir de 2011. Contudo, o farelo brasileiro ainda não é exportado. De forma global, em 2012 o complexo soja exportou 12 bilhões de dólares para a China ou 22 milhões de toneladas.
Mas segundo a adida, o consumo de carne na China está forçando o país a elevar o uso de farelo como ração, principalmente para suínos, o que fatalmente levará a importação do produto. Mas o Brasil ainda possui uma tarifa elevada exportar farelo para China. E por isso, na visão da adida, esse é um dos desafios comerciais que temos pela frente. Hoje a escalada tarifária se apresenta da seguinte forma: 3%, 7% e 9%, respectivamente, para o grão, farelo e óleo.
Nós ficamos surpresos de que apesar da importância do comércio de produtos agropecuários entre os dois países, o Brasil tem apenas um adido agrícola, enquanto a Argentina tem 3 e os EUA um time de futebol. Mesmo assim, percebemos muita experiência e determinação da parte da nossa adida. Ela nos adiantou que hoje o setor privado que tem feito a diferença nos assuntos comerciais como o caso recente dos eventos transgênicos como a INTACTA e a Cultivance, em que a pressão exercida pela Aprosoja e outras entidades do setor, com a ajuda do nosso ministro, levou os chineses a liberarem.
Segundo ela, os setores mais organizados têm conseguido avanços decisivos nas negociações com o governo chinês e os importadores locais. Mas que o Brasil ainda perde muito em marketing para os concorrentes, principalmente para Colômbia no caso do café, para a Austrália no caso da carne. E que isso seria apenas a falta de um trabalho bem feito junto ao consumidor chinês. Ela nos informou que o governo chinês respeita muito o Brasil como produtor de alimentos, primeiro pela importância para do ponto de vista da segurança alimentar para o país e depois por ver no Brasil um modelo de agricultura a ser adotado pela China.
Os membros da missão pediram apoio da embaixada brasileira para que fosse relatada ao nosso governo a importância de se realizar obras simples de infraestrutura no Mato Grosso e o benefício disso para o comércio com a China. Andréa disse que irá encaminhar o relato da reunião ao MAPA. Ela também nos disse que ano passado a soja brasileira entrou cerca de 8% mais cara que a norte americana na China.
Aprosoja-MT visita a Hopefull Grain&Oil Group
30/07/2013
No segundo dia de missão oficial na China, a comitiva da Aprosoja-MT visitou a Hopefull Grain, empresa chinesa que esmaga soja e produz e envasa óleo e gera farelo de soja e outros produtos para alimentação humana, além de atuarem no negócio de logístico e negocial. A empresa opera esmagando cerca de 3 milhões de toneladas por ano, produzindo 2,4 milhões de toneladas de farelo e 550 mil de toneladas de óleo. Atualmente, responde por 70% do suprimento de óleo da capital chinesa, Pequim e é listada entre as 500 melhores empresas da China e 10 melhores em qualidade do alimento produzido. A empresa também produz alimentos do processamento de trigo, gengibre, amendoim, girassol, arroz, trigo, entre outros.
Nosso anfitrião e amigo, Lin Tan, presidente executivo da Hopefull, nos deu as boas vindas e nos conduziu em um tour pela planta da Hopefull Grain. Foi impressionante ver a organização dos processos dentro a empresa no envase do óleo de soja extraído, com um excelente Paking House, ou seja, condições de limpeza e organização no interior da planta. Em seguida vimos o sistema de recebimento e movimentação de soja da empresa. A empresas de armazenamento de 1 milhão de toneladas e capacidade de movimentação ou descarga de 1000 toneladas de soja por hora, e 12 milhões de toneladas ano.
A Hopefull também possui um hotel e pretende investir na construção de um centro de saúde. Só em sua planta, trabalham mais de 4 mil empregados. Segundo Lin Tan, em torno de 70% da soja esmada pela empresa vem do Brasil, vindo o restante dos EUA e Argentina. Do total esmagado, 20% é soja de Mato Grosso. Hoje a Hopefull investe muito em logística e está em um processo de construção de um terminal privado no porto de São Francisco, Santa Catarina. Mas segundo Lin Tan há muitos problemas como IBAMA.
Quando questionado sobre a pretensão da Hopefull vir a se tornar uma trade no Brasil, Lin Tan nos respondeu que sim, essa é uma tendência para os próximos anos, já que o Brasil é um mercado estratégico e que a empresa precisa cada vez mais estreitar relações e firmar negócios diretamente com os produtores.
A impressão de todos foi de que a Aprosoja é muito respeitada e admirada pelos empresários chineses que negociam soja e que é preciso trabalhar mais as relações comerciais, haja vista que nossa embaixada sozinha não conseguirá fazer ouvir a voz dos produtores brasileiros. Por isso, uma conclusão natural é de que a Aprosoja precisa profissionalizar seu trabalho nas relações bilaterais com a China, quiçá abrindo um escritório em Pequim e mantendo contato direto com o Governo Chinês e empresas que comercializam soja no país.
Missão China 2013 da Aprosoja-MT chega ao porto de Tianjin
31/07/2013
Através da Hopefull, tivemos a oportunidade de visitar o Porto de Tianjin, cidade chinesa a sudoeste de Pequim. O porto fica a 60 km da cidade e assim como todos os portos na China, pertencem ao governo que arrenda para as empresas. Na ocasião, visitamos um terminal de grãos arrendado pela Hopefull e que movimenta 1000 toneladas por hora, com uma estrutura de silos com capacidade para 130 mil toneladas de soja ou dois navios de 65 mil toneladas. A capacidade de movimentação por ano é de 10 milhões de toneladas no porto.
O porto possui a marca extraordinária, para nós, de 151 berços de atracação, enquanto Santos possui 59 e Paranaguá 28. E as diferenças não param por aí. Considerado o maior porto do interior da China, sua movimentação alcança a marca dos 476 milhões de toneladas, contra 45 e 96 milhões de toneladas de Paranaguá e Santos, respectivamente. Dos 151, 5 são destinados a movimentação de soja.
Não por acaso a Hopefull possui um terminal em um porto dessa envergadura. A empresa tem investido pesado em logística e possui, inclusive, com participação acionária na SAGAH, empresa de logística que está executando o projeto Terminal de Grão de Santa Catarina, o TGSC, que terá capacidade de movimentação para 6 milhões de toneladas.
Após a visita, nosso anfitrião destacado pela Hopefull, o Gerente Geral da Empresa, Senhor Warren Song, muito simpático e que fala português, nos ofereceu um almoço em um restaurante local de Tianjin. Durante o almoço reforçou a insatisfação da companhia com os atrasos na obra de expansão do porto em Santa Catarina e da possibilidade de investimentos no porto em Santarém, para garantir escoamento de soja do Mato Grosso a preços mais competitivos para China.
Nos despedimos agradecendo toda a gentileza e atenção a nós dispensada e fizemos um convite para que Song e outros amigos da Hopefull nos visitassem em Mato Grosso, para termos a alegria de retribuir a altura.
Visita a Xi’an
01/08/2013
A Missão China chegou a cidade de Xian, capital da província de Shiaaxi, na região noroeste da China. A cidade já foi capital da China durante três importantes dinastias, antes e depois de Cristo. Tem uma população de 8 milhões de habitantes, uma das 13 megalópoles chinesas e considerada uma potencia cultural, sendo inclusive onde se encontra a muralha de Xian e os guerreiros de terracota, réplicas do exercito do imperador Qin. Também é considerada uma potencia industrial e educacional.
Universidade Agrícola de Xibei
Xibei é uma cidade satélite de Xian que se desenvolveu com a criação da Universidade Agrícola local, a Universidade A&F Noroeste. Fundada em 1934, em meio a uma guerra civil onde pessoas morriam de fome, a universidade tinha o papel de reverter esse quadro. Após sua fundação muitos professores chineses que se formaram no exterior voltaram para lecionar na universidade, inclusive em inglês, o que a tornou muito famosa e respeitada. Após sua criação, na década de 50, um pesquisador desenvolveu uma variedade de trigo com alto teor nutritivo e que foi uma ferramenta importante no combate a desnutrição.
Atualmente, a faculdade conta com um grande 16 cursos, pois o governo começou a investir e houve a fusão de várias faculdades que confluíram para a Universidade A&F, tais como veterinária, biologia, engenharia, ciências sociais, enologia, engenharia florestal, entre outras. Funciona como um grande rede de pesquisa e extensão rural.
No total existem 30 mil alunos inscritos em cursos na universidade que entraram por meio de uma seleção que funciona da seguinte maneira. Existe uma espécie de ENEM chinês no qual o estudante atinge uma nota que o habilita a determinadas universidades, que por sinal são ranqueadas com base nas notas. A A&F está no primeiro nível no ranking, ou seja, entre as melhores e mais disputadas. Os melhores estudantes mandam uma carta com sua nota no teste e se habilitam a entrar. Depois a A&F decide quais os melhores estudantes que ingressarão nos cursos da universidade.
A China tem dois projetos, o 2011 e o 985, de incentivo a educação. O Governo decidiu que suas universidades dentre em breve deverão estar entre as melhores do mundo. Por isso, o governo paga a metade dos ensinos dos alunos. A outra metade o aluno deve pagar ou se conseguir pode ser custeado por uma bolsa. Entretanto, se ele não tiver recurso, não tem problema, o estado financia os estudos e ele devolve no futuro.
Fábrica de Ração de Xibei
Em seguida, visitamos a fábrica de ração animal estatal HUANQIN NONGMU. A fábrica foi premiada várias vezes pela característica empreendedora de seus diretores. Com capacidade de processamento de 300 mil toneladas de ração, atualmente opera produzindo 150 mil, sendo que de 2007 a 2011 a empresa dobrou sua produção e pretende dobrar novamente até 2018 e atingir o máximo de sua capacidade instalada de processamento.
O representante da HUANQIN, senhor Kang Kaipin, nos informou que atualmente a empresa produz 46% de seus produtos para ração de galinhas poedeiras e 40% para ração de suínos, sendo o restante para outros usos, inclusive para piscicultura.
Na linha de produção, 60% segue para ser vendido como concentrado para mistura posterior e 40% já sai como ração pronta. A empresa possui 300 funcionários e adquiri 10 mil toneladas do que processa da Hopefull. Membro da CFIA (Associação da Indústria de Ração da China) a empresas tem na entrada do escritório vários prêmios recebido em concursos de qualidade de seus produtos na China.
Relatório de viagem, por Fabrício Rosa, diretor executivo da Aprosoja Brasil.