Agricultura sustentável de resultados satisfatórios, tanto para o bolso dos produtores quanto para o meio ambiente. Traduzindo em miúdos, essa é a meta prevista nos projetos LabCerrado e LabAgroMInas, apresentados pela Embrapa Cerrados durante encontro realizado nesta semana (dias 10 e 11), em Paracatu, município do Noroeste de mineiro. São projetos baseados na agroinovação. A iniciativa da Embrapa conta com as parcerias da VLI Multimodal S.A e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Tem também o apoio da Associação dos Produtores de Soja, Milho, Sorgo e outros grãos agrícolas do Estado de Minas Gerais (Aprosoja-MG).
O evento em Paracatu contou com a participação de produtores de grãos das regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, indicados pela Aprosoja Minas. A particularidade desses convidados fica por conta de terem todos eles os seus negócios localizados em áreas de Cerrado, alvo principal dos dois projetos. No caso do LabAgroMinas, ele será estendido futuramente a outras regiões mineiras, enquanto o LaBCerrado aos estados do Tocantins e de Goiás. Entre as autoridades presentes, o chefe geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro da Silva Neto; o ministro do TCU e também produtor rural, Augusto Nardes; o presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), Rogério Vian; o gerente de Desenvolvimento de Negócios da VLI, Edson Zacarias; o supervisor de Produtos de BDMG, Rubens de Brito e o presidente da Aprosoja Minas, Fábio de Salles Meirelles Filho.
Foram dois dias de reuniões em esquema de imersão. No primeiro dia, houve a apresentação de estudos, dados e cases sobre a prática da agricultura sustentável nas fazendas. Os produtores convidados também participaram de uma dinâmica de grupos, em que foram instruídos a elaborarem planos de negócios, sob a orientação de pesquisadores da Embrapa, com base no conteúdo apresentado no evento.
Os primeiros produtores convidados para conhecerem o teor dos dois projetos serviram para que a Embrapa dimensionasse a aceitação entre os autores que de fato irão colocá-los em prática, com apoio dos parceiros envolvidos. Ao final, um consenso: os projetos são viáveis e têm tudo para garantir mais quantidade, qualidade e receita nas safras. Outros encontros já estão sendo agendados para outros fases de implementação do LabCerrado e LabAgroMInas.
LabCerrado – Segundo a Embrapa Cerrados, a implantação do LabCerrado, em parceria com a VLI, visa desenvolver tecnologias inovadoras para produção no Cerrado brasileiro e assim contribuir com o fornecimento de alimentos para o mundo, com foco na sustentabilidade econômica ambiental e social. Esse projeto surge para desenvolver sistemas inovadores de produção de alimentos, baseados em sustentabilidade, com atuação em territórios dos estados de Minas Gerais, Goiás e Tocantins. De acordo com Embrapa, o Cerrado é o protagonista na produção agropecuária brasileira.
A proposta do LabCerrado é estabelecer um ambiente fértil para geração de novas oportunidades de trabalho e renda fortalecendo diversos outros setores econômicos regionais. Ele abraça um trabalho com foco em tecnologias sustentáveis, como, o plantio direto, plantas de cobertura, adubação e correção otimizadas de solos, aplicação de bioinsumos, manejo integrado de pragas e doenças, além de técnicas e processos capazes de gerar benefícios ambientais, com ganho de produtividade e redução de custos.
O objetivo é criar uma rede de agroinovação, por meio de pesquisa tecnológica e agroempreendedorismo, promovendo o desenvolvimento sustentável territorial baseado na agricultura regenerativa que o futuro do Brasil precisa.
LabAgroMInas – Outro projeto de agroinovação apresentado pela Embrapa Cerrados, o LabAgroMinas é um programa de incentivo à agricultura sustentável e clinicamente inteligente em Minas Gerais, e conta com a parceria do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). O objetivo é incentivar entre os produtores rurais do estado a adoção de novas tecnologias que reduzam as emissões de gases de efeito estufa, promovam a regeneração do solo e garantam alto desempenho das culturas, em termos de qualidade e produtividade.
Na prática, os produtores que queiram aplicar soluções mais sustentáveis em suas propriedades contarão com assistência técnica capacitada pela Embrapa. Por outro lado, o BDMG está em processo de elaboração de soluções de crédito a serem ofertadas em parceria com cooperativas de crédito locais. Além disso, o banco investirá cerca de R$ 4 milhões na estruturação do programa, que terá duração prevista inicialmente de cinco anos, sendo que os dois primeiros serão financiados com recursos da União Europeia, por meio de um repasse de 200 mil Euros em parceria com a LAIF/Agência Francesa de Desenvolvimento. O aporte da Embrapa será na forma de contrapartida não financeira (pessoal, recursos materiais e infraestrutura) em montante de mesmo valor do investimento financeiro.
As tecnologias que serão fomentadas pelo LabAgroMinas estarão alinhadas ao Programa ABC+ (“Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária” do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA), incluindo soluções adaptadas e otimizadas às condições de solo e clima territorialmente, bem como sistemas intensivos e/ou integrados de produção, como por exemplo a integração lavoura e pecuária (ILP) e a integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF).
Para receber esse programa, em sua primeira fase, as regiões de Minas Gerais selecionadas são, especificamente, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste. Serão selecionados 18 projetos em fazendas de grãos de médio e grande porte (acima de 500 hectares). Inicialmente, a Embrapa promoverá a capacitação de 60 profissionais de assistência técnica (ATER), instalará Unidades Experimentais de Agroinovação (UEAs) em propriedades rurais e promoverá e debaterá os resultados técnicos junto aos produtores e ATER.
o LabAgroMinas será implementado em sinergia com outras iniciativas mediadas pela Embrapa Cerrados, com participação intensiva da VLI S/A, APROSOJA e o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS).
Agricultura Regenerativa – O encontro em Paracatu foi considerado por todos os presentes bastante propício para o momento pelo qual atravessa a economia mundial, particularmente, no que se refere à agricultura, aos meios de produção, desde o preparo da terra até a boca do consumidor. Nesse contexto, um novo sinônimo ganha força – a Agricultura Regenerativa, praticamente, o mesmo que Sustentável.
Os princípios da agricultura regenerativa estão relacionados à adoção do plantio direto, reutilização de resíduos das colheitas como adubo natural, uso de culturas para cobertura vegetal, manejo integrado de pragas, rotação de culturas e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Para o presidente da Aprosoja Minas, Fábio Meirelles, colocar esses princípios em prática implica deixar de lado uma produção baseada em combustíveis fósseis, seja em seu uso como insumo ou como fonte de energia. “Há muitos questionamentos infundados e ideias negativas sobre o agronegócio, a maioria por falta de conhecimento ou má informação. Entretanto, a agricultura não pode ser deixada de lado por ser essencial para a nutrição da humanidade. O mundo necessita dela, só que ela deve ser solução, nunca um problema”, afirma. Fábio acrescenta que ninguém preserva tanto o meio ambiente como o produtor rural, afinal é da terra que ele tira o seu sustento.
Presente no evento, o produtor rural Hugo Ferreira, do Alto Paranaíba, elogiou muito o encontro promovido pela Embrapa Cerrados, destacando as apresentações, as dinâmicas de grupo, mais ainda os conceitos sobre a Agricultura Regenerativa, que classificou como o “pulo do gato” para que os produtores alcancem safras cada vez melhores e com custos mais reduzidos.
Duas presenças importantes no evento foram da VLI, parceira no LabCerrado, e do BDMG, parceiro no LabAgroMinas.
Por sua vez, a VLI investirá R$ 4 milhões na iniciativa, especialmente na estruturação do programa de aceleração de unidades produtivas rurais baseadas na produção de cultivos anuais de grãos, como soja e milho, bem como em pesquisa, desenvolvimento e inovação otimizada por condições de solo e clima, segundo informações do gerente de Desenvolvimento de Negócios da empresa, Edson Zacarias.
Já o BDMG entrará com a oferta de soluções de crédito, por meio de cooperativas de créditos parceiras locais. O LabAgroMinas terá duração inicial prevista de cinco anos, cujo objetivo é incentivar a adoção de tecnologias inovadoras para o produtor rural, gerando aumento da produtividade e fortalecendo as cadeias locais de fornecimento de insumos. A proposta é buscar a redução contínua das emissões de gases de efeito estufa no estado de Minas Gerais. “Vamos expandir a nossa atuação em linhas de crédito, contribuindo para o desenvolvimento territorial sustentável por meio do fomento da agricultura de baixo carbono, alinhado com diretrizes do governo de Minas”, explica o gerente de Novas Parcerias no BDMG, João Henrique Almeida, que tem a missão de expandir a rede de cooperativas de crédito operando os recursos do BDMG, na atuação em segundo piso. Caberá à Embrapa Cerrados entrar com assistência técnica capacitada aos produtores que queiram aplicar soluções mais sustentáveis em suas propriedades. “Temos muito dinheiro disponível para os produtores que queiram aderir a esse projeto”, finaliza João Henrique.
Sobre a VLI
A VLI é uma empresa que oferece soluções logísticas que integram portos, ferrovias e terminais, com capacidade para atender, com cada vez mais eficiência, a demanda dos principais players que movimentam a economia do país. Ela é quem controla as concessionárias de transporte ferroviário de cargas Ferrovia Centro-Atlântica S.A e Ferrovia Norte-Sul S.A, no trecho entre Açailândia e Palmas, totalizando 7.940 quilômetros de extensão. Opera também nas ferrovias sob concessão da Vale, Estrada de Ferro Carajás e Estrada de Ferro Vitória/Minas.
Sobre o BDMG
O BDMG é agente estratégico, em Minas, na promoção de políticas públicas que viabilizem esse desenvolvimento no Estado. Ele opera tanto linhas de financiamento próprias quanto de outras instituições como BNDES e FINEP. O banco possui diversas linhas de financiamento para modernizar, ampliar, aumentar a capacidade produtiva, implantar novas plantas ou ainda realocar empreendimentos. Também oferece financiamento para compra de máquinas e equipamentos, inovação tecnológica e apoio ao agronegócio.