Segundo Aprosoja Brasil, somente com relação a fertilizantes, o país depende de 75% de produtos importados, mesmo tendo condições de ampliar sua produção de insumos
Dependentes de insumos importados, produtores de soja e milho brasileiros se reúnem nesta quinta-feira (18.10) para buscar mecanismos que possam levar à criação de uma política adequada para o setor responsável por assegurar a produção agrícola mundial. O tema será debatido durante o Fórum Soja Brasil, no município de Londrina (PR). Próximo de alcançar a liderança na produção mundial de soja nesta safra, o Brasil ainda enfrenta este gargalo que atinge diretamente o campo.
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), o país possui uma dependência de 75% dos fertilizantes importados, e patamares semelhantes com relação aos defensivos. Somente os fertilizantes são responsáveis por cerca de 40% dos custos de produção da soja e também do milho. Além disso, segundo a entidade, o país possui um alto custo logístico em um mercado global sendo que existem poucas empresas ofertando matérias-primas, ainda que existam muitas misturadoras na ponta.
“Por outro lado, há muita informação de jazidas potenciais de nutrientes minerais não exploradas, além do potencial para nitrogenados com o gás natural do pré-sal. Entretanto, por vários motivos esses potenciais não foram e nem serão explorados no curto e médio prazo. As jazidas de potássio de classe mundial em Nova Olinda do Norte, no Amazonas, são apontadas como inviáveis por dois motivos, de logística e de licenciamento ambiental/indígena, por exemplo”, afirma o diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa.
Durante o Fórum serão levantadas possibilidades para avançar nessas questões apontando de que forma o governo e o Congresso Nacional podem contribuir com o setor produtivo. Segundo o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira, o principal problema enfrentado pelo setor de defensivos diz respeito à regulamentação.
“Hoje o Brasil é o único país a instituir um registro a partir de avaliação tripartite (Mapa, Anvisa e Ibama). Nos outros países, principalmente os nossos competidores, um único órgão faz a avaliação agronômica, riscos a saúde e ao meio ambiente. A necessidade de produtos no campo não pode ser atendida com o atual modelo de registro o que gera prejuízos aos agricultores”, afirma o presidente.
Silveira ressalta que praticamente não têm sido registradas moléculas novas, minando a competitividade e sustentabilidade da agricultura brasileira. “Existe uma falta de harmonização de políticas no país que leva a um descompasso com as necessidades reais da nação”, avalia. Recentemente, uma decisão do Ibama colocou o setor produtivo em alerta, a proibição de pulverização aérea de inseticidas contendo quatro componentes específicos.
Além destes insumos, segundo a entidade, os produtores têm enfrentado desgastes em função de três aspectos que envolvem também o setor de sementes: pesquisa, biotecnologia e normas e regulamentação. Durante o Fórum cada um destes aspectos serão debatidos com especialistas em diversos campos como técnico, jurídico, político e ainda com relação à comunicação.
A avaliação é de que a pesquisa, por exemplo, hoje é empreendida pelo setor privado com perda significativa de mercado das variedades da Embrapa. “Há uma concentração considerável das empresas de sementes, principalmente com um portfólio de produtos transgênicos, e essa concentração leva a uma situação natural de mercado na qual as empresas oferecem as cultivares de maior rentabilidade e que nem sempre são àquelas que o produtor escolhe como de melhor qualidade. Queremos saber se o governo brasileiro irá revisar a sua política de investimentos em pesquisa agrícola, sobretudo na Embrapa”, diz Silveira.
Para esta edição do Fórum foram convidados, e confirmadas as presenças, os deputados federais Reinhold Stephanes (PSD-PR) e Dr. Rosinha (PT-PR), o advogado Reginaldo Minaré (consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA), do pesquisador Alexandre Cattelan (chefe-geral da Embrapa Soja) e do jornalista Mauro Zafalon (colunista de mercado do jornal Folha de São Paulo).
O presidente da Aprosoja Brasil Glauber Silveira, que fará a abertura do evento, ressalta que o Paraná foi escolhido para este debate por ser um dos pioneiros na produção no país. O painel será realizado no Auditório Milton Alcover, no Parque Governador Ney Braga, em Londrina.
Soja Brasil – O Projeto Soja Brasil é uma realização da Aprosoja Brasil, do Canal Rural e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar/MT), com coordenação técnica da Embrapa. O apoio regional é do Senar Mato Grosso do Sul e do Senar Goiás. Tem patrocínio de Basf, da Mitsubishi Motors e da Monsanto. Este é o maior projeto sobre essa cultura já realizado no país.
Participação – O público pode acompanhar o fórum também na internet pelos sites www.projetosojabrasil.com.br e www.c2rural.com.br e ainda participar do fórum pelo facebook (facebook.com/projetosojabrasil) ou pelo telefone 0800 5415858, com ligação gratuita.
SERVIÇO:
Evento: Fórum Soja Brasil “Uma política para os insumos agrícolas”
Data: 18.10 – quinta-feira
Local: Auditório Milton Alcover, no Parque Governador Ney Braga, em Londrina (PR)
Horário: 19h30 – com transmissão ao vivo, a partir das 19h45, pelo Canal Rural