A partir de hoje, o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira, passa a relatar detalhes da Expedição Soja Brasil, que já está em Mato Grosso, conforme e-mail enviado anteriormente. O texto retrata o que o técnicos estão vendo, ouvindo, sugerindo a cada município visitado.
GLAUBER SILVEIRA
Iniciamos a etapa de acompanhamento das lavouras de soja do Brasil. Nosso objetivo é cobrir as principais regiões produtoras de soja do país, acompanhando as lavouras, mostrando a realidade atual delas, as angústias e felicidade do produtor. Iremos gerar um enorme banco de dados que servirá para os debates em Brasília (DF), afinal iremos retratar a realidade da produção agrícola de soja.
Nosso primeiro dia foi em Vilhena, no Estado de Rondônia, onde visitamos produtores e a unidade da Embrapa. O plantio está muito adiantado naquela região, que costuma plantar um pouco mais tarde. Neste momento já estão com 85% das lavouras plantadas, em anos anteriores esse percentual – nessa época – era de 50%.
Uma das principais reclamações dos produtores associados da Aprosoja Rondônia é o fato de não receberem nenhum centavo a mais pelo plantio da soja convencional. Uma das discussões locais seria a união dos produtores para construírem um terminal próprio em Porto Velho, e assim buscarem prêmios a sua soja.
Técnicos da Embrapa-RO me disseram que o plantio da soja foi muito rápido nesse ano, o que pode vir a ser um problema se a colheita for chuvosa. Lembrando que em 2003 choveu por 23 dias seguidos e os produtores não conseguiram colher um dia sequer, e isso volta a ser uma preocupação, pois o clima neste ano está apontando para uma colheita chuvosa.
De Vilhena seguimos para Campos de Júlio, em Mato Grosso, que é a minha cidade. Neste momento presenciamos 55% das lavouras plantadas, percentual que poderia ser maior, mas o clima não está ajudando e muitos produtores estão esperando chover para continuar o plantio.
Em Campos de Júlio, assim como em muitos municípios de Mato Grosso, houve atraso na entrega dos insumos para a produção, mas nada que possa afetar a safra de soja. O que pode haver é algum atraso no plantio da segunda safra quando os produtores plantam o milho, mas o verdadeiro vilão está sendo o clima.
No município fizemos uma longa reportagem sobre o belo convívio das abelhas, tão polemizadas pelo Ibama, com a produção de soja, mostrando a criação de abelhas próximas às lavouras, o que mostra que o importante é o manejo correto da lavoura e não a forma de aplicação dos defensivos. No entanto, como sempre, o governo por sua incapacidade de fiscalizar acha melhor restringir ou proibir, como abordei em artigo anterior.
De Campos de Julio seguimos para Sapezal onde mostramos o problema do estresse hídrico nas lavouras de soja. Alguns produtores já correm o risco de ter que relançar a soja, o que seria um prejuízo. Muitos agricultores também pararam seu plantio em virtude da seca, em algumas regiões já não chove há 25 dias.
Em Sapezal podemos constatar de fato, pelos relatos de muitos produtores, a importância de o Brasil ter um seguro agrícola adequado. Sinceramente dá uma inveja danada dos produtores norte-americanos que faturaram mais com seguro do que se tivessem colhido uma safra cheia. Claro que não precisaríamos tanto, mas ao menos um seguro adequado que garantisse a permanência do produtor na atividade era o mínimo que o governo deveria garantir.
Está sendo muito produtivo o contato com os produtores, pois o Projeto Soja Brasil está levando esperança ao campo, esperança que a nossa realidade seja vista, que nossa história seja contada, que o debate seja enriquecido com imagens da realidade do campo, e com isto consigamos avançar com uma agricultura mais justa e o produtor respeitado.
Vamos seguindo em frente. Amanhã (quarta-feira) estaremos em Campo Novo dos Parecis, depois em Diamantino, e muito mais. Acompanhe.
GLAUBER SILVEIRA é produtor rural, engenheiro agrônomo, presidente da Aprosoja Brasil, e idealizador do Projeto Soja Brasil. E-mail: glauber@aprosoja.com.br Twitter: @GlauberAprosoja