O Jornal Valor Econômico tem feito um trabalho não só jornalístico, mas também de discussão muito importante sobre o agronegócio brasileiro; desta vez reuniu em um fórum inúmeras personalidades e especialistas a fim de discutir o futuro da commodity agrícola mais importante do Brasil, a soja. Em um momento que o Brasil passa a ser o maior produtor mundial, enfrenta ao mesmo tempo internamente inúmeros desafios a fim de continuar a crescer, sejam estes estruturais ou políticos. E eu me senti muito prestigiado por poder participar do evento em meio a um time tão seleto.
Foi muito enriquecedor poder compartilhar da experiência de três ex-ministros, que foram muito importantes e fizeram diferença na pasta ministerial, sendo eles Marcus Vinicius Pratini de Moraes, Francisco Turra e Alysson Paulinelli. Pude viajar na história das conquistas da soja no Brasil, minunciosamente relatada pelos três e com propriedade. Quem viveu essa história pode relembrar desde os primeiros plantios experimentais como forrageira, até se tornar o grão de ouro do cerrado.
O relato dos fatos nos mostrou que muitos caminhos foram trilhados desde a adaptação de variedades ao clima tropical e o ganho de produtividade. Ficou muito bem colocado à importância da Embrapa e das Fundações de pesquisa para a conquista do Brasil pela soja e de todas as dificuldades da entrada da transgenia no Brasil. Mas acima de tudo, foi mostrada a importância da soja para a saúde econômica do Brasil e que hoje, se o país parar de plantar soja quebra em um ano.
Na ocasião, também foram apresentados os desafios e a oportunidade dada ao Brasil em se consolidar como um grande fornecedor mundial de commodities. Nos próximos dez anos o Brasil pode dobrar sua produtividade e o mundo que tem fome anseia por isto, afinal até 2050 o consumo de óleos vegetais e derivados vai crescer 20%, de carnes 100% e de leite 33%. E por ser a fonte mais barata e abundante de proteínas, componente essencial na produção diretamente ou indiretamente destes alimentos, a soja tem papel essencial para garantir esse incremento. Isso sem falar que 70% dos produtos exportados para a China do agronegócio é soja.
Na sequência os presentes puderam entender um pouco dos desafios regulatórios do Brasil no exterior, o tema foi muito pertinente para entendermos um pouco de como funciona o desenvolvimento da biotecnologia, ainda mais no momento em que o Brasil consegue liberar a exportação de três novos eventos na China. Cabe aqui ressaltar o brilhante trabalho feito pelo Ministério da Agricultura em particular o Ministro Antônio Andrade e o Secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto.
É importante que se entenda que uma nova tecnologia, como é o caso da Intacta ou da Cultivance, não precisa ser somente aprovadas aqui no Brasil, mas também é imprescindível que seja aprovada em pelo menos 70% dos países importadores da nossa soja. Caso contrário fica inviável produzir esta soja aqui pelo risco de contaminação de cargas e embargos de navios. Pelo exposto pelos especialistas, fica claro que um grande trabalho tem que ser feito uma vez que não só internamente temos as questões ideológicas, mas externamente temos as questões culturais, de hábito alimentar e os interesses econômicos dos países que importam produtos do agronegócio brasileiro.
O lançamento de um novo evento biotecnológico leva em média 10 anos e com um alto investimento, em média 100 milhões de dólares. O alto custo, a grande complexidade regulatória entre os países e a falta de sincronia nas aprovações, têm sido fatores impeditivos e excludentes para pequenas empresas, o que diminui a competitividade e o lançamento de um número maior de eventos e cultivares. Não fosse assim, já teríamos mais tecnologias disponíveis e ganharíamos ainda mais produtividade, e provavelmente já teríamos vencido os desafios das adversidades climáticas, de muitas pragas e doenças da soja.
Como não poderia deixar de ser, um dos painéis abordou o tema: soluções logísticas – novos caminhos para a soja. E aqui fica bem claro que são mesmo novos caminhos, uma vez que os portos do sul e sudeste há tempos estão acima de sua capacidade e por mais que se invista neles fica impossível absorverem todo crescimento esperado na produção de soja e do milho. Foi neste painel que participei e pontuei a importância de se fazer os ajustes mínimos para ganharmos produtividade nos portos, como é o caso das coberturas para carregamento inclusive em dias de chuvas.
Assim como eu, Luiz Antônio Fayet apresentou o que precisa ser feito e que o governo está cansado de saber que precisa fazer. Mas é claro que investindo apenas 0,28% do PIB em infraestrutura fica difícil vermos o país entrar nos trilhos e que literalmente precisaria. Por conta da ineficiência de transportes os custos logísticos da soja subiram 35% nos últimos cinco anos e isto tem tirado nossa competitividade, sendo necessário se investir em ferrovias e portos do norte para reverter essa situação. Com isso seria possível reduzir em pelo menos 30% os custos de transporte, ou seja, mais renda para os produtores.
Fica claro que todos sabem o que é preciso fazer e quais são as prioridades, não as prioridades eleitoreiras, mas aquelas que impulsionam o país para cima e a frente. O Brasil tem tudo para responder ao que demanda o mercado mundial, mas para isto é preciso que o governo chame para si o problema e como fez recentemente com a armazenagem, lance investimentos pesados em logística de escoamento, pois com inovação tecnológica, redução de barreiras internacionais e diminuição da burocracia, ninguém segura este país.
*Glauber Silveira
Foi muito enriquecedor poder compartilhar da experiência de três ex-ministros, que foram muito importantes e fizeram diferença na pasta ministerial, sendo eles Marcus Vinicius Pratini de Moraes, Francisco Turra e Alysson Paulinelli. Pude viajar na história das conquistas da soja no Brasil, minunciosamente relatada pelos três e com propriedade. Quem viveu essa história pode relembrar desde os primeiros plantios experimentais como forrageira, até se tornar o grão de ouro do cerrado.
O relato dos fatos nos mostrou que muitos caminhos foram trilhados desde a adaptação de variedades ao clima tropical e o ganho de produtividade. Ficou muito bem colocado à importância da Embrapa e das Fundações de pesquisa para a conquista do Brasil pela soja e de todas as dificuldades da entrada da transgenia no Brasil. Mas acima de tudo, foi mostrada a importância da soja para a saúde econômica do Brasil e que hoje, se o país parar de plantar soja quebra em um ano.
Na ocasião, também foram apresentados os desafios e a oportunidade dada ao Brasil em se consolidar como um grande fornecedor mundial de commodities. Nos próximos dez anos o Brasil pode dobrar sua produtividade e o mundo que tem fome anseia por isto, afinal até 2050 o consumo de óleos vegetais e derivados vai crescer 20%, de carnes 100% e de leite 33%. E por ser a fonte mais barata e abundante de proteínas, componente essencial na produção diretamente ou indiretamente destes alimentos, a soja tem papel essencial para garantir esse incremento. Isso sem falar que 70% dos produtos exportados para a China do agronegócio é soja.
Na sequência os presentes puderam entender um pouco dos desafios regulatórios do Brasil no exterior, o tema foi muito pertinente para entendermos um pouco de como funciona o desenvolvimento da biotecnologia, ainda mais no momento em que o Brasil consegue liberar a exportação de três novos eventos na China. Cabe aqui ressaltar o brilhante trabalho feito pelo Ministério da Agricultura em particular o Ministro Antônio Andrade e o Secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto.
É importante que se entenda que uma nova tecnologia, como é o caso da Intacta ou da Cultivance, não precisa ser somente aprovadas aqui no Brasil, mas também é imprescindível que seja aprovada em pelo menos 70% dos países importadores da nossa soja. Caso contrário fica inviável produzir esta soja aqui pelo risco de contaminação de cargas e embargos de navios. Pelo exposto pelos especialistas, fica claro que um grande trabalho tem que ser feito uma vez que não só internamente temos as questões ideológicas, mas externamente temos as questões culturais, de hábito alimentar e os interesses econômicos dos países que importam produtos do agronegócio brasileiro.
O lançamento de um novo evento biotecnológico leva em média 10 anos e com um alto investimento, em média 100 milhões de dólares. O alto custo, a grande complexidade regulatória entre os países e a falta de sincronia nas aprovações, têm sido fatores impeditivos e excludentes para pequenas empresas, o que diminui a competitividade e o lançamento de um número maior de eventos e cultivares. Não fosse assim, já teríamos mais tecnologias disponíveis e ganharíamos ainda mais produtividade, e provavelmente já teríamos vencido os desafios das adversidades climáticas, de muitas pragas e doenças da soja.
Como não poderia deixar de ser, um dos painéis abordou o tema: soluções logísticas – novos caminhos para a soja. E aqui fica bem claro que são mesmo novos caminhos, uma vez que os portos do sul e sudeste há tempos estão acima de sua capacidade e por mais que se invista neles fica impossível absorverem todo crescimento esperado na produção de soja e do milho. Foi neste painel que participei e pontuei a importância de se fazer os ajustes mínimos para ganharmos produtividade nos portos, como é o caso das coberturas para carregamento inclusive em dias de chuvas.
Assim como eu, Luiz Antônio Fayet apresentou o que precisa ser feito e que o governo está cansado de saber que precisa fazer. Mas é claro que investindo apenas 0,28% do PIB em infraestrutura fica difícil vermos o país entrar nos trilhos e que literalmente precisaria. Por conta da ineficiência de transportes os custos logísticos da soja subiram 35% nos últimos cinco anos e isto tem tirado nossa competitividade, sendo necessário se investir em ferrovias e portos do norte para reverter essa situação. Com isso seria possível reduzir em pelo menos 30% os custos de transporte, ou seja, mais renda para os produtores.
Fica claro que todos sabem o que é preciso fazer e quais são as prioridades, não as prioridades eleitoreiras, mas aquelas que impulsionam o país para cima e a frente. O Brasil tem tudo para responder ao que demanda o mercado mundial, mas para isto é preciso que o governo chame para si o problema e como fez recentemente com a armazenagem, lance investimentos pesados em logística de escoamento, pois com inovação tecnológica, redução de barreiras internacionais e diminuição da burocracia, ninguém segura este país.
*Glauber Silveira