Nesta quarta-feira (25), primeiro dia do evento de lançamento do plantio as safra de soja 2013/14, pesquisadores e especialistas de instituições públicas e privadas, empresários, produtores rurais, estudantes e demais interessados se reuniram na sede da Embrapa Agrossilvipastoril em Sinop (500 Km ao norte de Cuiabá), para discutir temas de extrema importância para o setor agropecuário brasileiro.
O primeiro fórum discutiu os principais desafios da alta produtividade. Participaram do debate Glauber Silveira, presidente da Aprosoja Brasil; Áureo Lantmnann, pesquisador e consultor da Embrapa; Luiz Nery Ribas, diretor técnico da Aprosoja-MT; Luciano Shozo Shiratsuchi, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e Tiago Matosinho, superintendente do Senar-MT. Nos últimos 20 anos o rendimento das lavouras registrou um incremento de 35%, mas cresceu apenas 4% nos últimos 10 anos. Segundo Silveira, os desafios são enormes principalmente em relação ao controle de pragas e doenças. “Mas nós não conseguimos avançar sem pesquisa e mão-de-obra qualificada”, afirma Silveira. Shiratsuchi também reitera a importância do papel da pesquisa no crescimento da produtividade, mas pondera que é preciso existir uma maior conexão entre a teoria e a prática. “Nossa maior dificuldade é fazer o produtor adotar e aplicar as tecnologias disponíveis de forma eficiente”. Além disso, como afirmou Lantmann, também é possível produzir mais através de uma rotação de culturas, um bom manejo, plantio da janela ideal e aplicar o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. “Não precisa gastar mais para produzir melhor. Só precisamos usar melhor a tecnologia que temos disponível”. E, como afirmou Matosinho, o Brasil precisa investir em mão-de-obra qualificada para aplica as tecnologias que estão disponíveis. “Nos últimos dois anos o Senar-MT aumentou 40% sua carga horária de cursos. Isso mostra que os produtores estão enxergando na capacitação a possibilidade de maiores ganhos de produtividade”.
O segundo fórum sobre o avanço da soja em áreas de pastagem degradada contou com a participação de Otávio Celidônio, Superintendente do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária); Lineu Alberto Domit, pesquisador da Embrapa; Eliseu Maggi Scheffer, produtor rural de Mato Grosso; Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja-MT e Fabrício Rosa, diretor-executivo da Aprosoja Brasil. Em Em Mato Grosso, dos 25 milhões de hectares de áreas de pastagem degradada cerca de 15 milhões podem ser incorporados e 9 milhões são aptos para serem transformados em lavoura. Todos concordaram que é preciso ter planejamento para ocupar as áreas de pastagem e que apesar do alto valor de investimento e dos problemas logísticos, é possível ter um ganho na valorização da propriedade além dos aspectos ambientais e econômicos. “O código florestal é um marco para o limite de crescimento. Aqui entra a importância da incorporação das áreas de pastagem degradada”, afirma Rosa.
No último fórum foi trazido para o centro do debate o desafio do controle das novas pragas e doenças. A grande preocupação do setor produtivo no momento é com a lagarta Helicoverpa que trouxe prejuízos significativos na safra de soja e algodão do ano passado. Participaram do debate os pesquisadores da Embrapa Daniel Sosa Gomez e Rafael Major Pitta; Glauber Silveira, Luiz Nery Ribas; João Flávio Veloso Silva, chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril e Wanderlei Dias Guerra, coordenador da Comissão de Defesa Vegetal da Superintendência Federal da Agricultura (SFA) em Mato Grosso. Um dos pontos altos dessa discussão foi a foto de uma lagarta adulta atacando soja recém-nascida. “É preciso fazer o controle de forma adequada e no tempo certo para evitar maiores perdas. A palavra-chave é monitoramento”, explica Pitta. Para o chefe-geral da Embrapa, a situação é emergencial, mas os produtores já passaram por situações semelhantes nos últimos 30 anos. “Temos uma estrutura muito boa de pesquisa e, apesar dos percalços, temos superado os problemas com pragas e doenças de forma rápida”, explica. Silveira, no entanto, alerta para a dificuldade e lentidão na aprovação do uso de novos produtos.
O dia 26 de setembro será marcado pela abertura oficial do plantio da safra de soja no Estado, com a presença da Ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, do Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, do Governador do Estado de Mato Grosso, Silval Barbosa, além de outras autoridades.