Na quinta-feira (21), o município de Dourados recebeu mais um fórum do Projeto Soja Brasil. Depois de discutir as expectativas para a safra 2013/14 de soja, em Toledo, oeste do Paraná, e debater as questões indígenas em Esteio, Rio Grande do Sul, estudantes, produtores e demais interessados puderam acompanhar debates super interessantes sobre mercado, escoamento e defesa vegetal, os principais temas do Fórum.
O evento foi realizado na Universidade Federal da Grande Dourados, em Mato Grosso do Sul, e recebeu mais de 300 participantes. Para o diretor da Faculdade de Ciências Agrárias, Luis Carlos Ferreira de Souza, a oportunidade de os alunos acompanharem um fórum com essa grandeza e grandes especialistas é única. Durante toda a tarde os participante puderam acompanhar grandes nomes do agronegócio brasileiro debater os principais desafios dos produtores rurais em relação ao mercado, escoamento e defesa vegetal. Na abertura do Fórum, o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira, também destacou o trabalho da expedição que percorreu até agora os estados de Rondônia, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Mercado
Especialistas e representantes do agronegócio brasileiro discutiram suas perspectivas de preço para a safra 2013/14. Flávio França Júnior, consultor associado da Safras & Mercado, os produtores já estão capitalizados e por isso o percentual de soja comercializada antecipadamente está mais baixo do que em anos anteriores. “Esta safra tem apenas um terço de contratos vendidos de forma antecipada. Com mais dinheiro em caixa os produtores têm um nível menor de comprometimento. O mercado hoje em termos de curto prazo tem um nível de suporte na casa dos US$ 12. Não é descartada a possibilidade nas próximas semanas que se rompa esse nível de suporte. Mas pensando em 2013, os preços não vão ficar acima desse patamar”, explica o consultor. Para ele, mesmo com uma demanda sólida é preciso ter perdas na América do Sul e também nos EUA para as cotações ficarem na casa dos US$ 14.
Ivan Wedekin, diretor-geral da Bolsa Brasileira de Mercadorias, segue a mesma linha de França. “O que pode trazer mais volatilidade no preço da soja vai ser o clima na America do Sul. Vamos aguardar isso e o impacto dos problemas de pragas. A produção vai gerar um certo excedente, então estatisticamente não tem porque esperar preços em 2013/2014 iguais aos da safra passada”. Já Liones Severo, consultor de mercado da SIM Consult discorda. “Penso que o ponto de equilíbrio é de US$ 14,50, e nós podemos alcançar. as previsões americanas de produção mundial não são precisas, e que o mundo vive um momento de escassez de soja “.
Escoamento
Mais uma vez o tema logística fez parte do debate e colocado como um dos pontos cruciais para o desenvolvimento da safra brasileiro e responsável por boa parte da perda de rentabilidade do produtor. Para Almir Dalpasquale, presidente da Aprosoja-MS, o principal problema do país está nos portos.
Defesa Vegetal
Ainda para Dalpasquale, a lagarta Helicoverpa é responsável pelo maior impacto negativo na produção. “O que vai mais impactar a produção de soja é o custo dos defensivos que tem subido muito e os produtores estão comprando mais produto do que o necessário. De uma forma geral, a gente não tem conseguido ter uma resposta porque não sabemos até onde seremos atendidos com produtos do governo federal”, explicou.
Glauber Silveira, presidente da Aprosoja Brasil, também reiterou a dificuldade do setor produtivo brasileiro em conseguir novos produtos para combater as pragas e doenças que tiram muitas sacas dos produtores. “Nós estamos tendo muita dificuldade e há muitos produtos patinando. Então é preciso realmente se criar toda uma estrutura governamental também de difusão de tecnologia. Nós não estamos tendo extensão rural. Então, quando você tem uma nova praga como essa fica todo mundo perdido. Então, é preciso ter agilidade”. Silveira também alertou que o país não terá condições e produtos suficientes para combater as pragas. “Temos uma morosidade absurda e situações como essa chegam a ser um desrespeito. ALém de não termos produtos suficientes, aqueles que temos hoje custam um absurdo. Mas para Áureo Lantmann, consultor do Projeto, a Helicoverpa é uma praga “anunciada”. “Temos tecnologia para combater a praga. A aprovação de novas moléculas é mais uma alternativa que vai ajudar no processo”.
Luís Eduardo Pacifici Rangel, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA, falou do papel do Ministério na atual situação. “Nós queremos superar as questões burocráticas e atender os produtores rurais, claro. São 25 produtos. Mas o benzoato é apenas uma das soluções químicas. O manejo integrado emergencial compõem uma série de estratégias. Estamos em vias finais da parte burocrática para permitir primeiro na Bahia, depois em Mato grosso, e estamos em via de reconhecer o Piauí como zona de risco”, afirma.
Paulo de Grande, pesquisador da UFGD, “É preciso controlar o avanço da Helicoverpa, claro, mas por ser uma praga nova e heterogênea os produtores acabam cometendo erros e isso significa aumento no custo de produção. “É preciso tomar decisões baseadas em critérios. Saber se precisa ou não aplicar. Se a tecnologia está sendo eficiente”, explica. Ele também reiterou a importância da adoção do refúgio e que deveria ser uma bandeira defendida por todos. Armando Sá Nascimento Filho, diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ADAB , explicou que é necessário fazer um plano de supressão da praga. “A situação e de emergência e não podemos perder tempo”.