O início de fevereiro foi marcado pelo Lançamento Oficial da Colheita da Safra de Soja 2013/14 no Paraná, na cidade de Quarto Centenário. Quando cheguei ao local fiquei impressionado com a movimentação do evento – muitos repórteres, a equipe do Canal Rural em peso e o mais importante muitos produtores do estado. E ficou claro que tudo isso foi graças à capacidade de mobilização e diferença que a Aprosoja-PR tem feito. Embora tenha sido fundada em julho de 2013, a entidade tem trabalhado para trazer as discussões e eventos que são importantes para os produtos paranaenses. Isso se traduziu na presença de autoridades do governo federal, como a ministra Gleisi e o secretário Neri Geller, além do Governador do estado, Beto Richa que também prestigiou o evento.
O evento foi divido em dois dias, sendo realizado um fórum sobre logística no primeiro e o lançamento oficial da colheita da soja no segundo. Participei do fórum, que não poderia ter um título mais apropriado: “Grandes Desafios e Poucos Avanços”. Ouvindo cada especialista, ficou claro que o caos que vimos ano passado se repetirá em mesma proporção ou ainda pior, já que a produção de soja deve crescer 10% e a de milho se manterá em torno de 80 milhões de toneladas.
Para Edeon Vaz, diretor do Movimento Pró-logística e o Superintendente do Porto de Paranaguá e Antonina, Luiz Henrique Dividino, a situação ainda não é boa, mas pode não ser pior do que o último ano, porque o governo e a administração dos portos estão adotando estratégias para minimizar os problemas das filas de caminhões e para que o porto funcione 24 horas, de segunda a segunda.
Mas ao ouvir isso fico me perguntando: será possível que o governo continuará adotando essa estratégia de correr para apagar fogo, sendo que o incêndio já está anunciado para o ano seguinte? Precisamos de políticos comprometidos com o desenvolvimento deste país, com os produtores rurais, que garantam que obras tão importantes como a BR 163, a ferrovia norte-sul e principalmente as hidrovias possam sair do papel e não fiquem só na promessa.
E no segundo dia, notamos nos discursos ,que todos os políticos estavam alinhados com as demandas dos produtores rurais, tanto a ministra Gleisi quanto o Governador Beto Richa. Falou-se muita da eficiência dos produtores dentro da porteira e das necessidades fora da porteira. E nós reconhecemos que houve empenho da casa civil para solucionar problemas dos produtores como o registro de produtos novos para controle de pragas e doenças. Entretanto, nossa demanda ainda segue sendo a logística deficiente, que obriga o governo a apoiar o escoamento de milhões de toneladas de milho no Centro-Oeste, com gastos anuais de mais de R$ 5 bilhões, enquanto com um investimento muito menor poderíamos finalizar obras essenciais.
Não podemos esquecer que estamos em ano de eleição e todos querem seu espaço no palanque, e mais que isso, querem votos. Penso que nós agricultores não devemos entrar na disputa eleitoral, defendendo partido A ou B, mas devemos escolher representantes que fortaleçam o setor e levem nossas causas para Brasília – junto da Frente Parlamentar da Agropecuária. A verdade é que precisamos de gente honesta e com vontade de trabalhar.
Por isso é necessário entender a força que temos, de buscar uma mobilização e apoio daqueles que são comprometidos com os produtores, de firmar compromissos e cobrar empenho dos nossos representantes políticos. Afinal, desafios não faltam, mas eleger aqueles querem enfrentá-los e buscar soluções junto com o setor, isso é que precisamos.
Não adianta ser o setor da economia que mantém o país em equilíbrio, ser uma referência para outros países se internamente não somos valorizados. E mais impotante ainda, se nós não nos damos o devido respeito. Se não entendemos a força que temos para buscar soluções e promover mudanças junto dos nossos políticos, que esperamos ter no futuro.
*Glauber Silveira