As chuvas constantes que atingem os municípios do interior de Mato Grosso do Sul estão atrapalhando a reta final da colheita de soja. Segundo dados da Aprosoja/MS (Associação de produtores de milho e soja), a colheita atinge pouco mais de 60% da área nesta semana.
De acordo com o presidente da Associação, Christiano Bortolotto, as chuvas constantes também prejudicam a qualidade do grão. “As últimas áreas colhidas tem apresentado um grande percentual de grãos ardidos e com menor produtividade”, explica.
Das 79 cidades sul-mato-grossenses, 41 delas decretaram situação de emergência no último mês, devido a chuva, informou nesta quarta-feira (09), o serviço da Defesa Civil estadual.
Esse cenário já traz expectativa de uma produção menor nesta temporada. O último relatório divulgado pela Aprosoja MS considerou possível que o Estado não alcance a previsão inicial de 7,4 milhões de toneladas, podendo pode não chegar nem mesmo ao índice registrado no ciclo passado no Estado, que foi de 7 milhões de toneladas.
“Temos desde aquele produtor que conseguiu colher um produto de boa qualidade, mas não consegue tirar a soja de sua fazenda, correndo o risco de perder qualidade. Assim como temos áreas que não é possível colher, e outra que o maquinário sequer consegue chegar, por conta das estradas danificadas”, destaca Bortolotto.
Segundo ele, a produtividade média das lavouras deve se manter nas 50 sacas por hectare, como foi observado no ano passado, no entanto, irá frustrar a perspectiva inicial de render até 53 sacas por hectare.
A situação torna-se ainda mais preocupante quando levado em consideração que mais de 50% da produção do Estado foi comercializada antecipadamente, quando os produtores aproveitaram os bons níveis de preço para fixar contratos.
Bortolotto destaca que as primeiras lavouras colhidas apresentaram qualidade boa, o problema neste momento, estão com os 30% restante da área que ainda precisam ser retirados no campo.
As chuvas também elevaram bastante os gastos com insumos para minimizar o aparecimento de pragas e doenças devido às altas umidades, o que faz elevar os custos de produção. Somando as chuvas à essa equação, o resultado são margens apertadas e até mesmo prejuízos.
Milho Safrinha
Com a terra molhada as máquinas precisam parar, atrasando também o plantio de milho safrinha. Até o último dia 04 de março a semeadura da segunda safra havia atingido apenas 50% da área, que tem período ideal de plantio estabelecido até o dia 15 de março.
No igual período do ano passado, o percentual semeado era de 65%. “Existe uma preocupação muito grande, porque sabemos que o atraso no plantio do milho acaba entrando em um risco climático muito grande, e a produtividade baixa também”, acrescenta o presidente.
A projeção inicial do estado é cultivar 1,8 milhão de hectare, com expectativa de produzir 9,5 milhões de toneladas. Para Bortolotto, mesmo com o atraso não deve ocorrer uma diminuição de área, uma vez que os produtores já estão com os insumos adquiridos, porém, é muito provável uma redução na produtividade e conseqüentemente produção do cereal segunda safra.
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