A cada inicio de safra a atenção dos produtores das regiões Norte e Nordeste do país se volta aos céus, na esperança de o clima ajudar. É assim também em Tocantins, mas este ano a coisa é diferente, a principal preocupação é a logística. Mais especificamente com algumas pontes, que ajudariam os caminhões a vencer os rios, que cortam estas áreas de produção, para chegar até os portos para escoamento.
No sudeste do Tocantins, por exemplo, os produtores estão preocupados com a interdição, há mais de seis anos, de uma ponte que dá acesso ao terminal ferroviário de Porto Nacional. Para se ter uma ideia, os caminhões precisam rodar 100 quilômetros a mais para realizar a entrega da safra.
Os irmãos Fronza tem experiência na produção de soja no Brasil. Começaram a cultivar a oleaginosa na região de Santa Rosa (RS), há quase trinta anos, saíram de lá para investir em uma nova área no oeste da Bahia e, recentemente transferiram os negócios para Silvanópolis, em Tocantins. Um deles, o Dari conta que no ano passado eles tiveram um susto grande com o clima, que gerou um quebra de safra de 25%. “Choveu muito no mês de janeiro, em torno de mil milímetros. Depois, no final de março faltou chuva. Comprometeu a safra e a safrinha também”, relembra Dari Fronza.
Este ano a realidade foi outra. Choveu mais e as lavouras se desenvolveram bem. Segundo ele, choveu bem na região, na época reprodutiva e as produtividades serão muito boas, em torno de 60 sacas em média. Nesta região, a colheita acabou de começar e deve ir até o final de março.
Tirando o susto do ano passado, o grande problema mesmo desta região é a logística. A discussão neste momento é sobre uma ponte em Porto Nacional, construída em 1970, que está com problemas de estrutura impede o escoamento da soja de muitos produtores.
Em 2011, foi interditada parcialmente, permitindo apenas o trafego de caminhões com peso abaixo de 30 toneladas. Para entregar a soja no terminal ferroviário de Porto Nacional, os veículos mais pesados que isso têm que rodar 100 quilômetros a mais para entregar a soja. Alem do aumento no custo, tem outro problema. “Todo o trafego de caminhão, como não pode passar na ponte de Porto Nacional, precisa passar por dentro da capital Palmas. Na cidade não temos um anel viário, então o transporte é por dentro da cidade, que está sendo outro problema”, garante Fabiano Buffon, vice-presidente regional (Porto Nacional) da Aprosoja-TO. “No ano passado chegaram a impedir os caminhões de passar. Depois de certas reuniões conseguimos, provisoriamente, liberar o trafego.”
Procurada pela reportagem, a prefeitura de Palmas reafirmou que o transito de caminhões pesados segue proibido na cidade, que esta liberação é temporária apenas, sem dar mais detalhes. Por sua vez, o prefeito de Porto Nacional, onde fica a ponte, disse que a solução depende da união de todos. “É uma questão de logística, para que o produto do estado tenha competitividade, Precisamos nos juntar com propósito de levar resolver esta necessidade, para que nós consigamos fazer com que esta nova ponte chegue”, explica o prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia.
A ponte é de responsabilidade do Governo do Tocantins. Fica na rodovia TO-255. O superintendente da Agência de Transportes e Obras do governo, Gilvamar Moreira de Souza, diz que um estudo feito por especialistas da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que é inviável recuperar esta ponte. Uma nova, então, seria construída no local. O investimento estimado é de R$ 130 milhões. Os recursos existem, o projeto tá pronto e as obras devem começar ainda neste semestre. “O projeto básico já existe e ela já foi licitada. Nós estamos só resolvendo algumas pendências jurídicas para o secretário assinar a ordem de serviço para iniciar, fato que deve acontecer este ano”, diz Souza. “A construção deve durar dois anos.”