Esta semana, no Congresso de Crédito do Agronegócio (CONACREDI), em São Paulo, o Diretor de Sustentabilidade da Abiove ultrapassou os limites da compostura institucional ao acusar parlamentares de Rondônia e Mato Grosso de serem “extremistas” por aprovarem leis que retiram incentivos fiscais e concessões públicas de empresas signatárias da Moratória da Soja. A propósito, nos dois estados, tais projetos foram aprovados sem um único voto desfavorável, demonstrando que a crítica da Abiove não se dirigiu a alguns parlamentares, mas sim às Casas Legislativas inteiras desses estados, um ataque à legitimidade do processo democrático.
No trecho amplamente compartilhado nas redes sociais, o diretor da Abiove não apenas critica, mas desrespeita vereadores e prefeitos, acusando-os de oportunismo político em ano eleitoral, desconsiderando qualquer intenção legítima desses representantes de proteger os interesses das comunidades que os elegeram. E, como se isso não fosse suficiente, o representante da Abiove se referiu ao Governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, de forma deselegante, insinuando que ele sancionou o projeto de lei “por pressão” e não por convicção — um ataque direto à autonomia do Chefe do Executivo estadual. É importante lembrar que o governador ainda atendeu ao pedido da própria Abiove ao vetar dois dispositivos do projeto em questão. Já em Rondônia, o Governador Marcos Rocha sancionou a lei na íntegra.
A fala do representante da Abiove no CONACREDI evidencia uma postura arrogante e proselitista, um verdadeiro menosprezo pela população amazônica. Já era claro para nós, produtores, que a Abiove vê a livre iniciativa como uma letra morta do texto Constitucional; agora, ela demonstra seu desdém pelo trabalho legislativo e pela autonomia das lideranças municipais da região amazônica. É lamentável que, para a Abiove, os municípios da Amazônia não passem de meros apêndices da sua narrativa ambientalista, relegados a uma espécie de purgatório, enquanto sua verdadeira preocupação parece ser com a imagem “politicamente correta” que apresentam à comunidade europeia.
Após 18 anos de uma Moratória que bloqueia o direito dos produtores amazônicos, sem reparação alguma àqueles que enfrentaram prejuízos para que a indústria pose de “boazinha” perante os europeus, testemunhamos, vez após vez, uma campanha de desgaste contra a imagem do agronegócio brasileiro. Enquanto isso, prefeitos, produtores e comunidades de Rondônia e Mato Grosso ficam relegados ao desprezo de uma entidade que opta pela lacração em vez de uma parceria respeitosa.
A Aprosoja Rondônia repudia veementemente a infeliz declaração do diretor da Abiove e exige respeito aos nossos produtores e às nossas instituições democraticamente constituídas. Exigimos uma retratação pública proporcional aos ataques desferidos e uma mudança de postura dessa entidade que, ao invés de fomentar uma relação harmônica entre produtores e consumidores, insiste em promover desunião. A Aprosoja Rondônia, enquanto legítima representante do setor produtivo, jamais aceitará que nossos produtores sejam subjugados em nome de uma falsa preocupação com o meio ambiente.