Os preços do milho no mercado físico do país e na BM&FBovespa sofreram um “descolamento” nos últimos dias e deram um alívio às margens de cooperativas e tradings, que vinham comercializando o cereal a valores considerados baixos para esta época do ano, de acordo com Vinícius Xavier, analista da consultoria FCStone.
As cotações do cereal têm subido tanto no mercado físico quanto no futuro domésticos, mas os preços estão mais elevados na BM&FBovespa. Nos dois mercados a alta é influenciada pelo comportamento do milho no mercado internacional, pela alta do dólar e pelo atraso no cronograma de plantio de grãos na atual safra, a 2014/15. Por conta do clima seco no Centro-Oeste do Brasil, os produtores adiaram a semeadura do milho e da soja de verão – o que, por sua vez, tende a atrasar o plantio do milho de inverno (também chamado de “safrinha”).
As cotações estão mais elevadas no mercado futuro por conta da valorização do dólar, que estimula negócios na exportação, segundo Etore Baroni, da FCStone. Na sexta-feira, a saca do milho para entrega em janeiro fechou a R$ 29. No dia anterior, a alta havia ultrapassado os 2%, a R$ 28,35 por saca. O indicador Esalq/BM&FBovespa já registra valorização de praticamente 14% desde o início de outubro.
Já no mercado físico do Paraná, a saca foi negociada na sexta-feira por R$ 23 a R$ 24 em Maringá e Cascavel e por R$ 24 a R$ 25 em Ponta Grossa. No início do mês, os valores eram mais baixos, oscilando entre R$ 17 e R$ 20 a saca. “Nesse cenário físico, as margens das empresas estão se recompondo para compensar o cenário de pouco tempo atrás de margens apertadas”, frisou Xavier.
Se a situação está mais folgada para as cooperativas e tradings, os produtores continuam a considerar os preços pouco convidativos e resistem a comercializar sua produção. “Esse preço de R$ 18 a saca não é mais a mínima do ano. Mas ainda se fala em estoques de mais de 15 milhões de toneladas nesse ano-safra, o que é absurdamente alto para os padrões brasileiros e influencia o mercado”, disse.
O analista não acredita, entretanto, que essa diferença de quase R$ 10 a saca entre os preços do mercado físico e da BM&FBovespa se sustente por muito tempo, mas não sabe dizer se a tendência é de alta no mercado físico ou de queda da cotação na bolsa.
A valorização do produto no mercado físico nos últimos dias levou a Conab a cancelar, na quarta-feira, o leilão de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) do grão que iria ocorrer no dia seguinte.
Fonte: Valor Econômico