Caro produtor rural do meu estado do Piauí,
Gostaria de me dirigir, exclusivamente, aos que fazem desta atividade um sacerdócio, você, produtor rural de fato, e te convidar a uma experiência coletiva, a uma associação de ideias, interesses e práticas, a uma congregação de esforços, sentimentos e vontades. Fomos forjados nas dificuldades, esmerados nas adversidades e polidos pelo tempo. Sempre enfrentamos os desafios de frente, sem retroceder nem sequer titubear. Abdicamos do conforto, das amenidades, na persistência da lida do dia-a-dia, sol a pino, no semear o solo, manejar as lavouras, proteger o meio-ambiente e, sobretudo, produzir de forma sustentável e responsável. Temos peculiaridades como nenhum outro empreendedor, amamos o que fazemos e assim fazemos o que amamos. Nossa atividade é altiva, arriscada, complexa e arrojada. Somos seres do campo, habitamos os diferentes rincões deste estado, do cerrado à caatinga, do sertão ao mar, como parte de um todo, engrenagem que faz a máquina girar, enquanto coletivo e indivíduo, como classe que produz, gera riqueza e renda. Trabalho, dignidade e respeito. O que nos faz produtor é a conjugação do verbo (produzir), não o substantivo.
Caro produtor, somos demasiadamente parecidos e, por assim ser, quase nos confundimos. Temos os mesmos valores e princípios. As mesmas idas e vindas. Somos parecidos, nem tanto pela fisionomia desgastada pelo sol ou as mãos calejadas da enxada, no entanto, pelo sentimento que nos move e nos impulsiona. Esta força motriz inesgotável, centelha divina inexorável, combustível inabalável de sempre produzir, gerar, render, multiplicar e empreender. Tudo em ciclos, em rotinas, na disciplina das madrugadas, auroras e alvoradas. A terra é nossa riqueza, não é uma mera propriedade, é sentimento cativo, amor dedicado, zelo, proteção e trabalho.
Estimado produtor, falamos a mesma língua, o mesmo dialeto com os mesmos jargões. Nosso português do campo encontra poesia na prosa de um café forte e amargo. Somos versados no mesmo vocabulário, por vezes rude, outras necessário. Temos matemática própria que nas suas divisões, as somas multiplicam. Conhecemos as geografias dos rincões inabitados, a natureza das florestas e matas, cerrados e serras, planaltos e chapadas, planícies e várzeas, riachos e lagos. A ciência é nossa destra na tecnologia das máquinas, a beleza da genética das cultivares e o aprimoramento dos manejos e cultivos. A associação do conhecimento empírico ao técnico, a academia ao cotidiano. Uma mistura perfeita da teoria e a prática, da audácia com a coragem, do espírito empreendedor e o trabalho, cujos ensinamentos nos fazem doutores no campo, mecânicos, operadores, peões e chefes. A liderança inata que nos toma no primeiro raio de sol, quando assim fazemos do exemplo nosso principal legado. A família do campo é o sustentáculo de toda esta filosofia de vida. A complexidade de todo um sistema constituído para vencer.
Amigo produtor, atente às nossas necessidades, nossas dificuldades, nossos interesses, a todo tempo ameaçados por uma sociedade que ainda não entendeu que a comida não nasce na prateleira do supermercado nem sequer brotam nas largas avenidas das cidades. Que o meio-ambiente é preservado em nossas propriedades e não nos vasos de plantas das sacadas dos requintados apartamentos. Que nossa lágrima só é derramada quando secam nossos campos. Que nosso medo não é de escuro com seus apagões de energia, pois nossas luminárias de muitas noites são a Lua e as estrelas. A nossa vocação nos impõe responsabilidades extremas, pesos e contrapesos. Olhar atento para lavoura e mente afiada nos negócios.
Somos, assim, portanto, vulneráveis às intempéries climáticas, às oscilações do mercado, do câmbio, à chacota do pseudointelectual, ao arrepio dos boçais, a revelia dos políticos, ao marasmo das ações.
Sábio produtor, é por estes motivos que precisamos dar as mãos e caminharmos em uma direção apenas: para frente. Sem temer. É nesta exata e precisa hora, que chegou nosso momento de união. Devemos juntar e congregar todas as nossas forças para provar que podemos ter nossos interesses defendidos. Conclamo a todos que venham conhecer nossa Associação. Conclamo a todos os verdadeiros produtores rurais que busquem a APROSOJA. Somos um grupo de pessoas com os mesmos interesses, que compartilham as mesmas ideias, que sofrem com as mesmas dificuldades, que vivem a mesma realidade, que respiram o mesmo ar puro.
Somos uma instituição autônoma, sem vínculo, sem subterfúgios, sem distopias. Temos uma missão superior de representar a honrosa classe dos que produzem, ditando os rumos e cumprindo a função social que nos é atribuída pelos nossos deveres, que transcendem os indivíduos e as intenções, mediando e intermediando as relações da parte e do coletivo.
A APROSOJA Piauí nasceu pela pujança da agricultura do Cerrado piauiense e, sobretudo, da necessidade de empunhar a bandeira do homem do campo sem quaisquer distinções.
A entidade é um organismo vivo que se adere ao tecido social na defesa dos interesses da classe. Estrutura consolidada que se perfaz através de um mecanismo social de representatividade, retratando o comportamento de um conjunto de indivíduos dentro do meio rural.
A APROSOJA, de fato, carrega enorme responsabilidade, pois é o coletivo de indivíduos valorosos. A entidade tem, verdadeiramente, gerado divisas, rentabilidade e, porque não dizer, lucro a todos os produtores. Pois encampamos sua luta, defendemos seu interesse, brigamos pelas suas causas, ampliamos seus horizontes. A todo tempo inovando e buscando soluções e alternativas para os problemas enfrentados.
É assim, meu caro produtor, que lhe escrevo esta carta com a pena altiva e humilde para lhe dizer que este é o nosso momento de união e coesão, almejando dias melhores para o Brasil e para o Piauí. Acreditamos na nossa capacidade e queremos que a sociedade passe a entender a árdua e difícil tarefa que nos foi delegada.
Vinde, produtor. A APROSOJA precisa de você e você precisa da APROSOJA.
ALZIR PIMENTEL AGUIAR NETO Um produtor rural piauiense
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